Os últimos três anos dos fundos nacionais de ações europeias

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Thijs ter Haar, Flickr, Creative Commons

Não existem dúvidas de que muito se alterou na Europa nestes últimos três anos. Sendo, talvez, o Brexit o acontecimento com mais impacto, existiram outros tantos com consequências para o rumo do Velho Continente. O ano de 2014 fica marcado pelo crescimento de um sentimento de desencanto para com a União Europeia, refletido não só nos movimentos independentistas que se fizeram ouvir em vários pontos da Europa, mas também nas Eleições Europeias, com a ascensão dos partidos eurocéticos, Frente Nacional em França, e UKIP no Reino Unido. No final de 2014 inicia-se a queda do preço do petróleo e de outras commodities, altura em que a Reserva Federal Norte-Americana subiu as taxas de juro pela primeira vez em quase uma década.

Já em 2015, os Estados-Unidos iniciam um período de afastamento das medidas acomodatícias, marcado também pela primeira subida de taxas de juro em quase uma década. O ano ficou, ainda, marcado pela queda dos mercados emergentes, em especial o início da crise chinesa, com um grande impacto nos mercados mundiais, bem como pelo acentuar da correção dos preços do barril de crude. 

Em 2016, a vitória do Brexit a 23 de junho, e a eleição de Donald Trump enquanto presidente dos Estados Unidos foram os principais acontecimentos, refletidos de formas diferentes nos mercados. Contudo, o ano ficou, ainda, marcado pela desaceleração significativa que se verificou na China, e pelo resurgir do preço do petróleo depois de, em novembro, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo ter concordado em reduzir a sua produção.

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Fonte: Stoxx - Cotação do Stoxx Europe 600 nos últimos três anos, com referência a 20 de março de 2017

Apesar do período conturbado que se viveu nos últimos três anos, com a incerteza a predominar nos mercados, combinado com um otimismo crescente e expetativa em torno das reformas anunciadas por Trump, de que forma se portaram os Fundos de Ações da União Europeia, Suíça e Noruega, entre 2014 e 2017?

A Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) divulgou um relatório no qual constam as medidas de rentabilidade e risco dos fundos de ações da região, até ao final do mês de fevereiro. Esta categoria engloba fundos de ações cujo investimento em “ações emitidas por empresas da União Europeia, Suíça e Noruega” é superior a 80% do total da carteira.

O conjunto de 12 fundos que compõem esta categoria obteve, no último ano, uma rentabilidade anualizada média de 13,28%. Apesar disso, nos últimos três anos, a rentabilidade anualizada média desta categoria é de apenas 1,40%.

 

Fundo

Categoria

Gestora

Rentabilidade anualizada a três anos (%)

Nível de risco a três anos

Montepio Acções Europa

F. Ações da União Europeia, Suíça e Noruega

Montepio Gestão de Activos

4,95

6

Popular Acções

F. Ações da União Europeia, Suíça e Noruega

Popular Gestão de Activos

4,7

6

Santander Acções Europa

F. Ações da União Europeia, Suíça e Noruega

Santander Asset Management

4,58

6

BPI Europa

F. Ações da União Europeia, Suíça e Noruega

BPI Gestão de Activos

3,61

5

BPI Euro Grandes Capitalizações

F. Ações da União Europeia, Suíça e Noruega

BPI Gestão de Activos

2,76

6

Caixagest Acções Europa

F. Ações da União Europeia, Suíça e Noruega

Caixagest

2,57

6

IMGA EuroCarteira

F. Ações da União Europeia, Suíça e Noruega

IM Gestão de Activos

2,27

5

CA Acções Europa

F. Ações da União Europeia, Suíça e Noruega

Crédito Agrícola Gest

0,3

6

Montepio Acções

F. Ações da União Europeia, Suíça e Noruega

Montepio Gestão de Activos

-0,33

6

NB Ações Europa

F. Ações da União Europeia, Suíça e Noruega

GNB Gestão de Ativos

-2,14

6

BPI Ibéria

F. Ações da União Europeia, Suíça e Noruega

BPI Gestão de Activos

-2,76

6

Montepio Capital

F. Ações da União Europeia, Suíça e Noruega

Montepio Gestão de Activos

-3,76

6

 
Nota: Fonte APFIPP, dados referentes a 28 de fevereiro de 2017

O fundo que apresenta a melhor performance nos últimos três anos, com uma rentabilidade anualizada de 4,95%, a mais elevada dos fundos que englobam a categoria, é o Montepio Acções Europa, da responsabilidade da Montepio Gestão de Activos.

São, ainda, mais dois fundos que apresentam uma rentabilidade anualizada a três anos superior a 4%. Falamos do Popular Acções, da responsabilidade da Popular Gestão de Activos, e do Santander Acções Europa, cuja responsabilidade recai sobre a Santander Asset Management. Ambos os fundos apresentam um nível 6 de risco, registando uma rentabilidade anualizada no período descrito de 4,7% e de 4,58%, respetivamente.

Destaque, também, para um dos dois fundos que apresentam um nível 5 de risco, e o único que conseguiu registar uma rentabilidade anualizada superior a 3% nos últimos três anos. Referimo-nos ao fundo BPI Europa, que é da responsabilidade da BPI Gestão de Activos, com uma rentabilidade de 3,61%.