Para onde está a ir o dinheiro neste arranque de ano?

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Créditos: Marten Bjork (Unsplash)

O ano começou forte nos mercados financeiros. O comportamento dos ativos de risco está a ser positivo, e os investidores estão a comprar. Os dados que temos vindo a conhecer a respeito da evolução dos fluxos na Europa nas primeiras semanas do ano assim o refletem. Mas… para onde está a ir o dinheiro neste arranque de ano?

Apesar da deterioração da situação económica como consequência dos efeitos da COVID-19, janeiro foi um mês muito positivo para a indústria de fundos europeia. Segundo dados da Refinitiv, as captações líquidas alcançaram os 78.400 milhões de euros. Desse montante, dois terços (52.300 milhões) foram para estratégias de gestão ativa, enquanto os 33% restantes (15.200) foram para ETF e fundos indexados.

Assim, a primeira conclusão é que o dinheiro entrou fortemente tanto em produtos de gestão ativa como passiva, numa proporção de dois para um, a favor dos primeiros.

Para onde está a ir o dinheiro em ações

Todavia, a segunda grande conclusão é que o dinheiro está a ir, sobretudo, para estratégias de ações. É, claramente, a classe de ativos mais vendida nas primeiras quatro semanas de 2021. Em janeiro as captações alcançaram os 51.600 milhões de euros. E, dentro dela, a categoria de ações globais continua a ser a que está mais na moda, com entradas líquidas de 21.000 milhões.

Porém, também estão a ser importantes as entradas em fundos vinculados ao setor tecnológico. Dentro das categorias da Refinitiv, é a segunda que mais dinheiro está a atrair neste arranque de ano (5.000 milhões em janeiro). É seguida pelas ações chinesas, que nas primeiras quatro semanas do ano registou captações de 4.700 milhões.

Nos três casos, os fundos de gestão ativa são, claramente, os grandes dominadores. Os investidores europeus estão a preferir estas estratégias para construir as suas posições. Curiosamente, em ações só há uma categoria onde a gestão passiva é um claro dominador em 2021. São as ações globais emergentes. Neste caso, os fluxos para ETF e fundos indexados são superiores que os que registam os produtos de gestão ativa.

Fonte: Refinitiv

Por gestoras, a BlackRock (12.400 milhões de euros), a UBS Asset Management (3.800 milhões), a J.P.Morgan AM (3.600), a Allianz Global Investors (2.500 milhões) e a Amundi (2.400 milhões) são as entidades que mais dinheiro estão a captar em ações.

Para onde vai o dinheiro em obrigações

No que respeita as obrigações, o dinheiro está a ir principalmente para estratégias de obrigações globais de curta duração. É uma categoria que nas primeiras quatro semanas do ano capturou 4.600 milhões de euros na Europa. Contudo, também são significativas as entradas em obrigações europeias, com cerca de 3.000 milhões de captações. Em ambos os casos, os fluxos concentram totalmente em estratégias de gestão ativa.

Não obstante, há uma novidade nas tendências para onde está a ir o dinheiro: obrigações chinesas em renminbis (aproximadamente 3.000 milhões de euros de entradas em janeiro).

Neste caso, estamos perante uma classe de ativos com apenas 20 anos de história. O mercado abriu-se para o investidor estrangeiro em 2017 e, desde então, foi ganhando destaque pelo maior peso que adquiriu nos índices de obrigações globais e também pela proteção que ofereceu em períodos de turbulências nos mercados financeiros.

O que se está a passar nos fundos monetários

Para estimar qual está a ser o sentimento dos investidores, nada como analisar a evolução dos fluxos em fundos monetários. Assim, o que se pode ver é que, tal como aponta Detlef Glow, diretor de Análise da Refinitiv para a EMEA, “os investidores estão a voltar a um modo risk on, vendendo os seus monetários em divisas estrangeiras”.

No total, dos monetários saíram pouco mais de 10.000 milhões de euros em janeiro. Dos produtos em libras saíram 11.000 milhões e das estratégias em dólares 4.000 milhões. Os monetários em dólares que, dentro desta categoria, são os que estão a concentrar o interesse (5.000 milhões de euros de entradas em janeiro).

No mundo das obrigações, e fazendo a análise por gestoras, a Amundi (4.400 milhões de euros), a BlackRock (3.600 milhões), ZwitserLevenn (2.600 milhões), UBS AM (2.500 milhões) e AXA Investment Managers (1.700 milhões) são as que mais fluxos estão a receber neste início de ano.

Mistos e produtos de gestão alternativa

Não obstante, no âmbito dos fundos mistos, o panorama foi morno. As entradas de dinheiro estão a ser relativamente escassas face às que registam as categorias de ações e obrigações. Nas primeiras quatro semanas de 2021 estes produtos receberam 2.800 milhões de euros. A Tikehau Investments foi a entidade que mais dinheiro atraiu neste período (1.000 milhões). Seguem-se a Aviva e a Vanguard (com entradas de 600 milhões cada); e a PIMCO a AXA IM (com 500 milhões, respetivamente).

Para que gestoras está a ir ao dinheiro

Fazendo a análise de fluxos ao nível da entidade, pode-se observar para que gestoras está a ir o dinheiro na Europa neste arranque de ano. E, aqui, uma das grandes beneficiadas está a ser a UBS AM. A empresa suíça é a entidade que mais dinheiro conseguiu atrair em janeiro: 7.500 milhões de euros.

Segue-se a BlackRock, a segunda entidade que mais entradas líquidas de dinheiro está a receber neste início de 2021. Atraiu 5.700 milhões. Foi um crescimento que se viu travado pelas saídas de 2.000 milhões registadas nos seus fundos de gestão ativa, fundamentalmente os mistos. O braço de gestão passiva fez de contrapeso e, com captações de 7.700 milhões em janeiro, situou a BlackRock no segundo posto do ranking.

Todavia, como terceira entidade com mais captações líquidas neste 2021 está a posicionar-se a AXA IM, com entradas que rondam os 5.000 milhões.

Fonte: Refinitiv