Passo atrás nos fluxos dos fundos de investimento, em 2015

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Matt Champlin, Flickr, Creative Commons

O quarto relatório anual sobre fluxos globais da Morningstar, que examina os fluxos sobre fundos de investimento e ETFs a nível mundial, demonstra que, com 949.000 milhões de dólares, os fluxos de 2015 foram notavelmente mais baixos do que os 1,4 biliões que recolheram os fundos, a nível global, em 2014. A indústria de fundos dos Estados Unidos conseguiu fluxos líquidos de 263.000 milhões de dólares, abaixo dos 580.000 milhões de dólares de 2014. De todas as regiões analisadas pela Morningstar, a Ásia foi a região que mostrou a taxa de crescimento orgânica mais forte, nos 18,6%.

“O ano de 2015 trouxe uma crescente incerteza para os mercados em todos o mundo, devido às mudanças nas políticas monetárias dos Estados Unidos e da Europa, à desaceleração do crescimento económico a nível global e à queda dos preços das matérias primas, especialmente do petróleo. Em consequência, as entradas líquidas de dinheiro foram menores em 2015 do que em 2014, e o património total diminuiu como consequência das rentabilidades negativas dos mercados mundiais”, explica Alina Lamy, analista de mercados sénior da Morningstar. “Ainda que os fundos domiciliados nos Estados Unidos tenham atraído os maiores fluxos em 2014, em 2015 vimos menos fluxos mas mais uniformemente distribuídos em todas as regiões. Os fundos de ações lideraram as categorias a nível mundial em termos de entradas anuais, ainda que os fluxos líquidos de 305.000 milhões de dólares em 2015 tenham sido menores do que os 476.000 milhões de dólares recolhidos em 2014 neste tipo de fundos”, acrescenta.

Podem extrair-se cinco pontos chave do relatório de fluxos globais da Morningstar. Em primeiro lugar, e em notável contraste com as tendências observadas em 2014, os fundos mistos recolheram 171.000 milhões de dólares, superando as entradas de 132.000 milhões de dólares dos fundos de fixed income e convertendo-se na segunda categoria global com os maiores fluxos a nível mundial.

Em segundo lugar, observa-se que os fundos alternativos tiveram um segundo ano de crescimento orgânico de dois dígitos, a taxa mais elevada entre as categorias globais. Este crescimento foi impulsionado pelos investidores que procuram opções para diversificar e conseguir rentabilidades consistentes numa conjuntura de incerteza tanto em mercados de ações como de obrigações.

Constata-se, em terceiro lugar, que a Vanguard manteve a sua posição de líder indiscutível na indústria dos fundos, sustentada e impulsionada pela crescente popularidade das estratégias de fundos índice. A maiorias dos 251.000 milhões de dólares que conseguiu a entidade, foram parar aos fundos de gestão passiva. No entanto, os fundos de gestão ativa também disfrutaram de entradas de 15.000 milhões de dólares. Entre os provedores de fundos de gestão ativa, a Fidelity International e a J.P.Morgan AM foram as que obtiveram os maiores fluxos em 2015, com 57.000 milhões e 23.000 milhões de dólares, respetivamente.

O quarto ponto centra-se na distribuição geográfica. Em todas as principais regiões, a percentagem de ativos em fundos passivos de ações foi superior à percentagem em fundos passivos de obrigações, e de todas as regiões, os Estados Unidos foram o país que mostrou a maior percentagem de produtos passivos. Em nenhuma outra região, a diferença entre a gestão ativa e gestão passiva foi tão pronunciada como neste país, onde os fundos ativos sofreram saídas em 2015, enquanto os fundos passivos atraíram fluxos no valor de 400.000 milhões de dólares.

A última observação centra-se na evolução dos ativos geridos de forma passiva: o património total em ETFs situou-se em cerca de 3 biliões de dólares no final do ano. Ainda que os ETFs de ações representem a grande maioria dos ativos, os de obrigações e alternativos disfrutaram de um sólido crescimento.

O relatório de fluxos globais da Morningstar baseia-se em ativos comunicados por mais de 3.800 gestoras de 82 países. O relatório analisa mais de 92.000 carteiras de fundos que englobam mais de 22.000 classes e inclui uma visão global e quatro secções específicas para cada região: EUA, Europa, Austrália e América Latina. A Morningstar estima os fluxos líquidos a partir dos dados de património e rentabilidades.