Segundo o gestor do fundo CT (Lux) Global Technology Marketing, a agricultura e a saúde estão prontas para beneficiar desta nova tecnologia. A curto e médio prazo, a atenção centra-se nos fornecedores da nuvem, nos centros de dados e nos semicondutores.
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A idade do ouro da tecnologia continua. O setor está a beneficiar do auge da IA, com os principais títulos tecnológicos em máximos históricos. O exemplo mais chamativo é a Nvidia, que continua a superar as expetativas em termos de receitas da empresa e retorno do mercado de ações. As elevadas valorizações do setor causam o receio de um boom, visto que o entusiasmo à volta do tema pode tornar-se excessivo. No entanto, segundo Paul Wick, gestor na Columbia Threadneedle Investments, os máximos históricos registados nos mercados de ações no ano passado apoiam-se nos resultados económicos das empresas. E ampliando o horizonte temporal, o bom momentum das tecnológicas não é um fenómeno passageiro, mas sim um que já dura há uma década. “Observamos um contexto especialmente favorável para o setor tecnológico”, afirma o especialista. “Atualmente, este tipo de indústria beneficia de tudo o que está relacionado com a IA. Em comparação com há um ano, as intenções de despesa no setor tecnológico melhoraram muito, a IA está a criar uma onda de procura por infraestruturas tecnológicas e o mercado de OPI do setor está a voltar a crescer”, afirma.
Paul Wick admite que não faltam riscos na frente macroeconómica, com uma inflação persistente nos EUA que poderá atrasar o corte de taxas previsto pela Fed. Além disso, está consciente de que o entusiasmo propagado pela IA está a levar algumas empresas a exagerar o seu potencial, algo semelhante ao que aconteceu no final dos anos noventa. Por isso, em momentos como o atual, o especialista considera essencial “uma due diligence exaustiva das empresas em relação ao seu potencial tecnológico, aos modelos de negócio, mercados finais e à competência para proteger os investidores”.
Empresas preparadas para beneficiarem da IA
“O recente auge causado pela IA pode ser atribuído a uma maior combinação de avanços tecnológicos, maior disponibilidade de dados e a um maior conhecimento das suas possíveis aplicações”, afirma Paul. “No entanto, é importante destacar que, do ponto de vista tecnológico, não houve nenhuma inovação nem descoberta radicalmente nova em relação à IA; os verdadeiros impulsionadoras deste repentino crescimento foram a maior facilidade de utilização e a acessibilidade para o público em geral”, prossegue. “Há muitas empresas que estão da beneficiar da IA, e estou seguro de que haverá muitas outras que ainda não surgiram”, acrescenta. “De facto, além das aplicações de hardware, software e semicondutores, creio que, em breve, a oportunidade de beneficiar da IA generativa estender-se-á a outras áreas, como o marketing, a agricultura e a saúde”.
Segundo Paul Wick, as grandes empresas tecnológicas começaram a destinar significativos recursos para adotar os modelos de IA mais avançados nos seus sistemas. Os investimentos em centros de dados e sistemas de computação na nuvem estão destinados a suportar a enorme quantidade de potência de processamento necessária para executar aplicações de IA. “Uma prova tangível deste aumento da despesa é a própria Nvidia, que viu as suas receitas duplicar e, logo de seguida, triplicar nos dois últimos semestres em comparação com há um ano”, afirma o diretor. “Isto contribuiu para o desencadear de um aumento do investimento em IA, com empresas que utilizam as convocatórias trimestrais de resultados para promover os seus planos sobre como monetizar a IA nas suas empresas”, continua. “Falta ver se se justificam todas as valorizações do universo de títulos que atualmente estão a beneficiar do entusiasmo com a IA”, afirma.
Onde encontrar oportunidades
Segundo o gestor da Columbia Threadneedle Investments, a curto e médio prazo, as maiores oportunidades residem em todas as empresas envolvidas na construção da infraestrutura necessária para a IA alcançar todo o seu potencial. “Exemplos destas empresas são os fornecedores da nuvem, os centros de dados, os semicondutores e as empresas de comunicação em rede”, afirma. “Por isso, investimos em empresas que não são reconhecidas como beneficiárias diretas da IA, mas que acreditamos terem produtos e serviços únicos que lhes darão uma vantagem competitiva à medida que a infraestrutura da IA se continuar a desenvolver”, continua. Para Wick, outra forma de encontrar oportunidades de investimento atrativas é fixar-se na enorme infraestrutura necessária para a IA funcionar. “Por exemplo, a quantidade de energia necessária para o funcionamento dos centros de dados é muito maior do que a necessária para os centros de dados convencionais, e a atual escassez mundial de transformadores de energia tornará cada vez mais difícil conectar os novos centros de dados às redes elétricas”, assinala.
A estratégia
Paul Wick gere a estratégia CT (Lux) Global Technology. O fundo é caraterizado pelos muitos anos de experiência da equipa de investimento, pela investigação em profundidade e pela análise bottom-up das empresas. “Ao longo dos anos, conseguimos identificar empresas de dimensão média que desenvolvem atividades muito especializadas, mas funcionais para as operações das gigantes e grandes capitalizações, tornando-as líderes do mercado”, explica o gestor. “Quando temos de escolher em que empresas investir, primeiro avaliamos o seu potencial de crescimento futuro e a revalorização do capital e comparamo-los com a sua valorização atual, tendo em conta também a capacidade de gerar fluxo de caixa livre e a vantagem competitiva de cada uma”, prossegue. “Além disso, a nossa abordagem contrária e a nossa consolidada experiência no setor tecnológico levam-nos frequentemente a expormo-nos a tendências tecnológicas relevantes, mas ainda não descontadas pelo mercado, explorando assim também o potencial das empresas ignoradas pelos analistas ou simplesmente mal interpretadas pelo mercado”, assinala.
Por último, o gestor acredita firmemente que, para uma seleção ótima de títulos, é necessário conhecer em primeira mão as empresas e poder confiar numa investigação própria consolidada. “Por isso, a nossa equipa de gestão do fundo está sediada em Silicon Valley, uma das zonas tecnologicamente mais avançadas do mundo, o que nos permite visitar pessoalmente e em pouco tempo um grande número de empresas que operam neste setor”, afirma.
Novos nomes em carteira
Entre as empresas que a equipa de gestão considera mais atrativas atualmente encontram-se, sem dúvida, muitas das que operam na indústria dos semicondutores, como a Lam Research, Broadcom ou Nvidia. “Depois estão os fornecedores de chips ASIC, como a Marvell e Broadcom, que irão desempenhar um papel estratégico no apoio a empresas como a Meta, Amazon, Microsoft e Alphabet, que estão a desenvolver os seus próprios semicondutores personalizados”, assinala. Outra empresa que lhes parece ser interessante é a Synopsys, que acaba de lançar um conjunto de soluções baseadas em IA para o desenvolvimento, a verificação, prova e produção dos chips mais avançados. “Por último, outro aspeto fundamental para a infraestrutura de IA tem a ver com a eletricidade necessária para o funcionamento dos centros de dados”, afirma. “A Bloom Energy é um grande exemplo de empresa que está a tirar proveito disto, com a produção de células de combustível com base em gás natural que funcionam com hidrogénio”, conclui.