Paulo Monteiro (Invest AR PPR): “Temos vindo progressivamente a aumentar o peso dos investimentos alternativos”

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Nuno Coimbra

Se no período entre 2012 e 2015 as boas rentabilidades do Invest AR PPR tiveram como principal contribuidor a dívida pública europeia, em particular portuguesa, em 2019 os drivers de performance do produto com melhor relação rentabilidade e risco dentro dos fundos multiativos foram outros. Mas independentemente das fontes de retorno, a relação retorno/risco e o sucesso comercial do fundo no último ano valeram-lhe as classificações Blockbuster e Consistente do selo Funds People em 2020.  

A melhor forma que Paulo Monteiro, responsável pelo produto, encontra para descrever o Invest AR PPR é referindo que este “assenta na diversificação e no investimento com convicção, em ativos considerados subavaliados e com potencial de remunerar o respetivo risco”. Mais sucintamente, acaba por se apelidar de value investor com “um foco muito grande na gestão do risco”.

A filosofia de investimento do fundo assenta na diversificação e no investimento com convicção, em ativos considerados subavaliados e com potencial de remunerar o respetivo risco. Esta mesma convicção acaba por estar refletida na forma como olham para a componente acionista das empresas: procuram companhias “subavaliadas e com potencial de valorização”.

Na componente obrigacionista, e sendo aquela que tem maior expressão na globalidade da carteira do fundo,  “a gestão tem sempre em consideração os riscos envolvidos – risco de crédito, risco de taxa de juro (inflação) e risco de reinvestimento –, e a procura de ativos com binómios risco/retorno interessantes, mantendo a liquidez do fundo e a flexibilidade de reinvestimento em oportunidades que vão surgindo”. Nesta componente, “o investimento é realizado maioritariamente em títulos individuais, onde acreditamos ter uma equipa com muita experiência e um know-how acumulado bastante importante”.

De forma diferente acontece o investimento em ações,  em que o investimento direto é combinado com o investimento indireto. Combinam por isso o investimento “em ações subavaliadas e que paguem dividendos interessantes e sustentáveis”, com o investimento indireto através de ETF. Esta última abordagem, refere, “acaba por ser a mais expressiva de forma a diversificar ao máximo a carteira do fundo e, dessa forma, reduzir o risco específico da carteira, tendo em conta o peso da componente obrigacionista, nomeadamente o investimento direto em obrigações individuais”.

Como explica Paulo Monteiro, no ano passado “a perspetiva de desanuviamento das tensões comerciais entre os Estados -Unidos e a China, a diminuição dos receios quanto a um Brexit desordenado e, sobretudo, a manutenção de taxas de juro reais muito baixas (e mesmo negativas) catapultaram os ativos com mais risco”. Desta forma, “o fundo beneficiou da boa performance das ações e das obrigações high yield e híbridas, três classes de ativos com um peso importante na carteira do fundo”.

Alternativos aumentam

No entanto, a alocação a ações não foi estanque. Paulo Monteiro explica que a alocação a este ativo foi aumentando em 2019, mais concretamente o das ações europeias. Situação contrária aconteceu em relação às obrigações, cujo valor “foi diminuindo ao longo do ano, à medida que as yields e spreads de crédito foram caindo, não remunerando adequadamente o risco envolvido”, comenta o profissional. Nesse sentido, e num contexto de taxas de juro baixas e prémios de risco baixos na classe de ativos referida, o peso dos investimentos alternativos tem vindo a aumentar “progressivamente”.