Embora o mercado europeu de high yield enfrente desafios inerentes, como spreads mais ajustados e uma maior complexidade de avaliação, as condições atuais oferecem uma forte proposta de valor para a gestão ativa.
Os spreads do crédito europeu de high yield ficaram significativamente mais reduzidos, levando-os para o limite mais estreito dos seus intervalos históricos. Embora este facto possa ser interpretado como uma sobrevalorização, as condições fundamentais do mercado sugerem o contrário. Um fator crucial a ter em conta é o risco moderado de incumprimento, que atua como um estabilizador face a potenciais contratempos económicos.
Além disso, o mercado europeu de high yield apresenta uma caraterística técnica fundamental: uma elevada convexidade a baixos níveis de spread. Isto significa que muitas obrigações têm spot prices abaixo do par, o que as torna instrumentos interessantes para captar retornos atrativos em cenários de baixa duração. De acordo com o Bond Bulletin da J.P. Morgan AM, esta situação constitui uma oportunidade valiosa para os investidores ativos que, através de uma gestão estratégica, podem gerar alfa num ambiente de avaliação mais completo.
De acordo com os especialistas, o high yield europeu oferece uma almofada de proteção contra quedas atrativa, dados os atuais pontos de equilíbrio de mais de 200 pontos base, devido a retornos totais mais elevados e à duração historicamente baixa de aproximadamente 2,6 anos, bem como ao desconto em relação ao high yield dos EUA.
Obrigações com a classificação CCC lideraram a rentabilidade total de high yield europeu em 2024
Fatores técnicos
Em complemento a esta análise, Ian Horn, da Muzinich, oferece uma perspetiva fundamental sobre os aspetos técnicos do mercado europeu de high yield. Num relatório recente, salienta que os spreads de crédito mostraram uma resiliência notável em 2024, devido a um ambiente técnico favorável caracterizado por uma procura crescente e uma oferta decrescente.
Um ponto relevante é a contração do mercado europeu de high yield em quase 20% desde o início de 2022, passando de 470 mil milhões de euros para cerca de 380 mil milhões de euros. Este fenómeno deve-se ao desequilíbrio entre as rising stars (emitentes que melhoraram a sua classificação para investment grade) e os fallen angels (emitentes despromovidos à categoria de high yield). Para a Muzinich: “2024 preparou-se para ser o quarto ano consecutivo em que as rising stars superam os anjos caídos, resultando numa contração líquida do mercado desde 2021”.
Além disso, a procura aumentou substancialmente em 2023 e 2024. Por exemplo, os ativos de um dos maiores ETF de high yield da Europa cresceram quase 60% desde o início de 2022. Este aumento da procura, combinado com a redução da oferta, sustentou os spreads em níveis ajusados, reforçando a atratividade do mercado.
Retornos totais e risco controlado: pontos-chave para a atratividade
Apesar dos spreads reduzidos, os retornos totais continuam a ser notáveis. Este facto deve-se, em grande medida, à combinação de preços ajustados e durações muito reduzidas. Os retornos estáveis tornaram-se um ponto de apoio fundamental para os investidores que procuram atenuar os riscos num ambiente global difícil.
O risco de incumprimento, embora sempre presente, está a níveis controláveis. A gestão ativa da carteira permite a identificação de oportunidades de crédito específicas e a atenuação de potenciais impactos negativos. A estabilidade destes fatores fundamentais torna o high yield europeu uma opção viável, mesmo para os investidores com menor tolerância ao risco.
O papel da gestão ativa num mercado consolidado
Num mercado europeu de high yield que parece estar totalmente valorizado, a diferenciação reside na seleção ativa de ativos. Os gestores experientes têm a capacidade de identificar os créditos mais atrativos e de capitalizar os movimentos do mercado. Isto não só oferece o potencial para retornos superiores, como também reduz a exposição a riscos desnecessários. De acordo com a J.P. Morgan, num ambiente como este, a geração de alfa é mais crucial do que nunca.