O CIO da abrdn descreve o seu foco na criação de valor, a importância da transformação tecnológica na indústria e os ETF ativos e personalizados.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
O atual diretor de Investimentos da abrdn, Peter Branner, conta com mais de 40 anos de experiência no setor financeiro global, e a sua integração em 2023 representou uma renovação estratégica na empresa. Com foco na inovação tecnológica e na sustentabilidade, Peter Branner procura potenciar a vantagem competitiva da abrdn num ambiente de investimento cada vez mais dinâmico. Nesta entrevista com a FundsPeople, o diretor descreve a sua estratégia integral, que cobre desde uma house macro view robusta, até ao maior otimismo com os mercados e à crescente adoção de ETF ativos à medida.
Criar uma perspetiva coletiva de mercado
Na sua chegada à abrdn, Peter Branner implementou uma house view, uma visão de mercado consolidada que orienta as decisões das equipas de investimento. “Temos cerca de 600 profissionais em todas as classes de ativos e outra equipa de 250 pessoas em negociação, tecnologia, gestão de riscos e outros temas importantes para os nossos gestores de carteiras”, comenta. A consolidação de uma visão partilhada permite que cada equipa, desde mercados emergentes até às obrigações e bens imóveis, beneficie de um quadro macro comum e claro para a tomada de decisões.
E essa house view é atualmente de uma aterragem suave com riscos de recessão nos EUA como cenário central, com uma probabilidade de 40% de uma aterragem suave, embora contemple 25% de probabilidade de recessão. “A inflação já não é o principal problema; o risco de recessão é agora o foco”, comenta Peter Branner. Além disso, perante o regresso de Donald Trump e políticas mais expansíveis, a abrdn mantém uma posição favorável sobre o dólar como cobertura.
Por outro lado, quanto às taxas de juro, o CIO prognostica que, para 2025, estas atingirão níveis abaixo de 4% e, para 2026, baixaram para 3%, o que apoia uma postura otimista sobre duração e crédito.
Estratégias em mercados emergentes
A aposta da abrdn nas ações dos mercados emergentes é clara: uma abordagem seletiva que se centra na China e, em particular, na Índia como motores regionais de crescimento, enquanto observa as possibilidades noutros mercados emergentes. Peter Branner destacou que o estímulo chinês atual é um fator-chave na decisão da abrdn de elevar a sua exposição a estes mercados: “Passámos de uma postura neutra para uma positiva em mercados emergentes graças às políticas de estímulo chinesas que estão a gerar sinais animadores, embora gostássemos de ver mais.
Apesar dos desafios, a abrdn continua otimista em relação às obrigações de mercados emergentes, dada a possibilidade de cortes de taxas de juro por parte da Reserva Federal e outros bancos centrais.
A tecnologia e a automatização são essenciais para a abrdn na sua procura por melhorias e eficiência geral nos processos de investimento. Peter Branner destaca que a empresa implementou modelos de linguagem próprios e outras ferramentas de IA para agilizar a investigação, desde o screening até à construção de carteiras. “Temos o nosso próprio modelo de linguagem para análise de documentos, por razões de compliance não utilizamos o ChatGPT público”, assinala, salientando que esta tecnologia permite aos analistas dedicar mais tempo a tarefas fundamentais e reduzir a carga manual.
Em paralelo, a sustentabilidade é um componente-chave na estratégia da abrdn, com uma forte procura por estratégias ESG entre os clientes institucionais, especialmente nos Países Baixos e nos países nórdicos. Embora a agenda de sustentabilidade tenha menos prioridade em determinadas regiões, a abrdn mantém o seu compromisso com os fatores ESG, que continuam a ser essenciais para os seus numerosos investidores.
O futuro da indústria
Peter Branner prevê que “a tendência para a indexação continuará, mas os ETF vão ser cada vez mais personalizados”, abrindo novas oportunidades de diferenciação para a abrdn. Com a crescente popularidade dos ETF, a abrdn tem explorado formas de oferecer fundos cotados ativos na Europa que possam satisfazer as necessidades dos clientes em termos de sustentabilidade, diversificação e personalização.
A empresa está a expandir a sua presença no mercado de ETF, especialmente nos EUA, e a começar o seu desenvolvimento noutros lugares. “Embora o crescimento ativo de ETF na Europa seja mais lento do que nos EUA, a sua adoção no mercado europeu é apenas uma questão de tempo”, conclui Peter Branner.