Peter Scharl (iShares): "A transição para ETF ESG está a contecer a um ritmo mais rápido do que tínhamos previsto"

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Peter Scharl. Créditos: FundsPeople

A transição da indústria de gestão indexada para o mundo da sustentabilidade “está apenas a começar”. Mas, ao nível de fluxos, “está a produzir-se a um ritmo muito mais rápido do que tínhamos previsto”, reconhece Peter Scharl, responsável pelo Canal de Wealth Management na Europa Continental da iShares. “Este ano, 33% dos fluxos que os ETF estão receber na região EMEA estão a ser captados por produtos que seguem os critérios Ambientais, Sociais e Governance (ESG). É uma tendência explicada por uma conjunção de dois fatores: um top-down, que é a regulação, e outro bottom-up, a própria procura por parte dos clientes, que está a avançar nessa direção”.

Assim o revelava Scharl numa mesa redonda organizada pela FundsPeople como parte do evento Tendências e oportunidades de investimento na indústria ETF, que reuniu os responsáveis de algumas das gestoras mais relevantes dentro da indústria dos ETF. Além do especialista da iShares, neste evento participaram Christopher Mellor, responsável de Produtos de Ações e Commodities para a EMEA na Invesco; Antoine Lesné, responsável de Estratégia na State Street Global Advisors; Lukas Ahnert, especialista sénior de Gestão Passiva na DWS; Olivier Paquier, responsável de Distribuição de ETF da J.P. Morgan AM para a EMEA, e Stefan Kuhn, responsável de Distribuição de ETF para a Europa na Fidelity International.

Fluxos cada vez maiores para ETF sustentáveis

É evidente que a regulação está a encaminhar-se para a sustentabilidade. Mas as exigências dos clientes estão também a concentrar-se na construção de carteiras mais sustentáveis, com uma clara filosofia ESG. Para isso, basta ver o que está a acontecer com os bancos online, onde as suas operações se limitam à pura execução. “Antes da pandemia, apenas entre 3% a 5% dos fluxos iam para os ETF sustentáveis. Agora estamos a falar de percentagens de mais de 25%”.

A transição para um mundo de zero emissões na indústria está a acontecer. E isto está claramente a ser notado na indústria indexada onde, “apesar da guerra na Ucrânia e da subida das taxas de juro, os fluxos para estes produtos estão a mostrar uma grande estabilidade e resiliência este ano”. Não apenas no que diz respeito a índices sustentáveis, mas também relativamente à réplica dos índices padrão.

O interesse por ETF de obrigações regressou

Em obrigações, a procura por ETF também regressou. “São produtos que encaixam perfeitamente no seu objetivo de oferecer exposição ao mercado de uma maneira muito eficiente. Através de uma única operação, o investidor pode aceder a centenas de milhares de obrigações a um custo muito baixo e negociar a um ponto base de spread. Essa diversificação que o produto oferece e mesmo a granularidade que se pode obter através dele são fatores especialmente importantes, que ajudam a sua proposta de valor”, sublinha o especialista.

Como explica, cada vez mais gestores de carteiras discricionárias estão a utilizar os ETF de obrigações. Agora, devido à conjuntura do mercado, o interesse está em estratégias de curta duração. “Utilizam estes veículos para gerir a sua asset allocation. Não esquecer que mais de 90% da performance attribution provém de uma correta alocação de ativos”, recorda.

Dentro do mundo dos ETF, o responsável para o Canal de Wealth Management na Europa Continental da iShares continua a ver espaço para mais inovação, tanto através de propostas mais cativantes, como no que diz respeito à ESG.