Poderá 2013 ser o primeiro ano, pós crise, para os mercados?

Alguns indícios são muito animadores. As taxas de juro da dívida dos mercados periféricos caíram bruscamente após o anúncio, em Setembro, do programa de “transacções monetárias directas” (OMT) pelo presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. O índice de volatilidade S&P 500 situou-se, em 2012, abaixo da média, após ter tido inúmeras fortes subidas nos últimos anos, consequência das turbulências políticas e económicas sentidas. Os 'credit default swaps' sobre os bancos europeus reduziram para níveis de Julho de 2011. A tranche de ajuda mais recente (apesar de não ser a última) para a Grécia será desembolsada em breve.

O risco de uma ruptura desordenada da Zona Euro foi, claramente, dissuadido devido a uma intervenção mais energética (embora tardia) dos seus líderes. Os desequílibrios económicos que precipitaram a crise também se estão a corrigir. A Itália e a Espanha registam saldos positivos da balança comercial em relação à Zona Euro. A Grécia registava superávit do orçamento primário (antes de pagar os juros pendendes da dívida) no final do ano passado.

Um cenário mais positivo na Europa contará com o apoio da liquidez permanente da Reserva Federal ds Estados Unidos (Fed). Relativamente ao 'quantative easing', a Fed comprará 85.000 milhões de dólares em títulos 'mortgage-backed' e títuilos do tesouro ao longo de 2013 e provavelmente até 2014.

Esta liquidez impulsionará os activos de risco, particularmente o mercado accionista (tantos nos EUA como noutros mercados emergentes) e obrigações 'high yield', já que os investidores procurão rendibilidade em activos alternativos a dívida 'investment grade'.

A recuperação que se iniciou na China, no primeiro trimestre de 2012, deverá continuar, apesar das taxas de crescimento não atingirem níveis como os registados no passado. Este crescimento beneficiará os mercados que dependem da China, como o das matérias-primas ou o sector do consumo, na medida em que o Governo aumente os esforços para reorientar a economia desde o investimento até ao consumo por parte das famílias. Outros grandes mercados emergentes deverão seguir um padrão de crescimento do PIB semelhante, ou seja, impulsionado pelo sector do consumo.

Contudo, o mundo não está isento de riscos. Os juros das obrigações alemãs encontram-se, ainda, em níveis muito baixos, o que reflecte que as preocupações relativamente à união monetária persistem entre alguns investidores. As próximas eleições em Itália deixam a dúvida da capacidade e compromisso do governo vencedor para implementar os cortes orçamentais e as reformas económicas necessárias. Por outro lado, se Espanha decidir não solicitar o resgate, os juros poderão disparar novamente. O “precípicio fiscal” nos Estados Unidos continua a constituir uma ameaça, embora seja pouco provável que os cortes nas despesas e os aumentos de impostos se mantenham muito além do mês de Janeiro, já que é quase inevitável que se chegue a um determinado tipo de compromisso.

Apesar destas preocupações, consideramos que os investidores devem deixar de ter os seus activos em liquidez e em outros activos de baixa rendibilidade para passar a alocar os mesmos em títulos que ofereçam rendibilidades superiores à inflação. As valorizações do mercado accionista continuam atractivas, as receitas das empresas continuam a crescer e muitas classes de activos de rendimento fixo oferecem rendibilidades generosas como é o exemplo da dívida soberana de países centrais.