Poderá ter mais duration em carteira do que pensa

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Créditos: Skye Studios (Unsplash)

Se a última reunião da Reserva Federal for um bom indicador, a curva de yields não vai travar a sua inclinação. Os bancos centrais estão a conseguir acalmar as dúvidas das taxas a curto prazo, mas isso, por sua vez, despertou mais dúvidas em relação ao papel nos prazos mais longos. Os mercados temem que a complacência atual das entidades monetárias os obrigue a ser mais agressivos no futuro. Assim, as obrigações com maturidades mais longas estão a sofrer. Por exemplo, as obrigações a 20 anos já caíram 15% este ano.

Quem temer a chegada da inflação e uma subida brusca das taxas poderá proteger-se ao reduzir a duração das suas carteiras de obrigações. Mas não é a única ponta solta que deve atar.

Como recorda Jeroen Blokland, responsável de Multi Asset e gestor da Robeco, as ações também vêm com duration. E devido à evolução do mercado nos últimos anos, é provável que tenha mais duration em carteira do que pensa.

Graças ao gráfico que partilha Jeroen Blokland, podemos ver como a duration média das ações aumentou. De facto, é muito mais alta do que a das obrigações. Isto calcula-se através do inverso da dividend yield.

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A duration das ações aumentou tanto na última década devido ao maior peso do setor tecnológico. São valores com alta duração pela sua sensibilidade às taxas de juro. E estão em máximos históricos. “A duration das carteiras aumentou significativamente, porque a duration das obrigações e das ações cresceu”, afirma Blokland.

O gráfico mostra a duration estimada de uma carteira clássica 60-40 baseada na dividend yield do S&P 500. Mas se utilizarmos a dividend yield do Nasdaq como comparação, essa duration ainda dispararia mais. “Isto explica as quedas das empresas tecnológicas em dias de aumento das yields das obrigações”, explica o especialista.