Porque é que o petróleo é uma das matérias-primas mais bullish do ano

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O primeiro semestre do ano foi claramente muito rentável para a maioria dos investidores de ações. Mas quando se analisam as categorias de fundos mais rentáveis na primeira metade de 2021 talvez surpreenda o facto de as três que melhor comportamento tiveram estejam relacionadas com o setor energético, tal como se vê neste artigo, com ganhos médios superiores a 30%.

As causas que levaram a energia a passar do fundo da tabela em 2020 para o topo, em 2021, são várias. A principal foi a reabertura da economia, o que normalizou a procura e desbloqueou também a procura reprimida que causou 2020. Mas, além disso, a oferta não cresceu da mesma forma. E a julgar pela recente reunião da OPEP, parece que se manterá assim pelo menos no curto prazo.

“Os Emirados Árabes Unidos recusaram uma proposta de adiamento por oito meses dos limites de produção. O efeito mais imediato da rutura é que a OPEP e os seus aliados não vão aumentar a produção em agosto e isto privará a economia global de fornecimentos adicionais vitais à medida que a procura recupera, situação que elevará temporariamente o preço do barril”, explicam na Portocolom. De facto, esta falta de acordo é o que levou o brent a situar-se acima dos 75 dólares por barril e ao WTI também a rondar esse nível.

A dúvida prende-se com o facto de não se saber se o petróleo, que acumula só este ano uma subida próxima de 50%, pode continuar a subir a curto prazo ou se já atingiu o seu máximo. E a resposta não é clara já que um abrandamento económico, sobretudo se as novas variantes da COVID-19 acabarem por impulsionar novas restrições, poderá impactar novamente a procura e, portanto, o seu preço. “Acreditamos que as perspetivas dos preços do petróleo são, ao mesmo tempo, mais voláteis e mais equilibradas. Qualquer aumento mais pronunciado só vai aumentar a gravidade de um seguinte retrocesso”, avisa Norbert Rücker, responsável de economia e Next Generation Research da Julius Baer.

O papel da transição energética

Além disso, é preciso ter em conta que esta subida do crude acontece no momento em que se estão a assentar as bases para essa transição energética de que falam cada vez mais investidores e isso pode repercutir-se na anulação de alguns projetos de extração de crude por parte das grandes petrolíferas. Na Portocolom citam dois exemplos. O primeiro é a decisão de um tribunal dos Países Baixos que ordena que a Royal Dutch Shell reduza em 45% as suas emissões de gases de efeito estufa durante a próxima década. E, o segundo, é a decisão do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento de deixar de investir em projetos de petróleo e gás. Estamos perante uma indústria sob pressão no processo de transformação e com elevada incidência no cenário económico global”, concluem.