Porque é que os investidores preferem a gestão ativa para investir em ESG?

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Créditos: Dekorasyon (Unsplash)

A tendência para o investimento centrado em critérios ambientais, sociais e de governance (ESG) também é visível no setor dos ETF europeus. 152 dos 353 fundos cotados que foram lançados ao longo de 2020 tinha um objetivo de investimento relacionado com o ESG. “Trata-se do maior número de produtos relacionados com estes critérios lançados recentemente desde a criação do setor de ETF europeus”, sublinha Detlef Glow, diretor de Análise da Refinitiv para EMEA.

Apesar de a tendência para os investimentos relacionados com ESG já ter vários anos, os provedores até fecharam alguns dos seus produtos relacionados com ESG no ano passado. Isto deveu-se ao facto de não terem alcançado os seus objetivos de captação de ativos. Segundo o especialista, isto é algo natural. “Nem todos os novos fundos lançados satisfazem a procura dos investidores, já que podem não ter cumprido alguns dos objetivos dos clientes”, afirma.

Criação de ETF por filosofia de investimento

Fonte: Refinitiv Lipper.

Distribuição da quota de mercado

Apesar de termos sido testemunhas da afluência para os ativos relacionados com critérios ESG ao longo de 2020, os investidores europeus preferem os fundos de gestão ativa para investir com esta filosofia. Os fundos ativos representam 83,67% do total de ativos geridos em produtos ESG. E uma quota de mercado de 74,11% no que concerne os fluxos para fundos globais captados por veículos ESG na Europa em 2020. Ou seja, três em cada quatro euros investidos em ESG vão para um produto gerido ativamente.

Quota de mercado e fluxos para produtos ESG

Fonte: Refinitiv Lipper.

Quanto à quota de mercado entre os ETF e os fundos indexados, os fundos cotados só possuem 30,2% dos ativos sob gestão em produtos passivos vinculados à ESG. Ou seja: são a minoria. Não obstante, no que concerne os fluxos, a sua quota de mercado é de 61,23%. Isto é: atraem seis de cada 10 euros que entram num veículo passivo, o que significa que estão a crescer mais rapidamente.

Razões para o sucesso da gestão ativa em matéria ESG

Para Glow, há várias razões pelas quais os investidores europeus preferem os fundos de gestão ativa quando se trata de aplicar estratégias relacionadas com o ESG. Uma delas é o facto de que os investidores acreditarem que os gestores ativos têm a oportunidade de superar em rentabilidade os produtos passivos, já que podem reagir mais rapidamente às más notícias que podem afetar tanto as empresas individuais como setores inteiros. “Isto deve-se ao facto de não terem de esperar pelas datas de reequilíbrio para comprar ou vender componentes da sua carteira”.

Além disso, os investidores acreditam que os gestores ativos atuam mais quando se trata de exercer direitos de voto ou de se comprometerem diretamente com a direção de uma empresa.

Escassez de oferta passiva

Outra razão pela qual os investidores na Europa podem não utilizar produtos passivos poderá ser a falta de estratégias. “Desde que a tendência para estratégias relacionadas com ESG tiveram um impulso significativo, há poucas estratégias diferentes utilizadas como metodologia subjacente para criar um índice investível disponível neste momento. Esta falta de opções de investimento poderá ser um obstáculo para alguns investidores, já que os investimentos relacionados com ESG costumam ser impulsionados por crenças e valores éticos que os investidores querem que estejam representadas nas estratégias de investimento dos seus fundos”, revela Glow.

Dito isto, o diretor de Análise da Refinitiv para a região EMEA mostra-se seguro de que isto mudará com o tempo. “Fomos testemunhas do mesmo comportamento dos investidores quando o setor dos ETF começou na Europa no ano 2000. Em geral, é de esperar que a indústria crie um número cada vez maior de índices e de produtos para satisfazer as necessidades dos investidores. Neste sentido, também é previsível que a tendência para produtos relacionados com o ESG impulsione o crescimento futuro da indústria europeia de ETF”, conclui.