Portugal é o oitavo país da OCDE que maior percentagem aloca a ativos estrangeiros em produtos de pensões

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konceptsketcher, Flickr, Creative Commons

Depois de lhe termos mostrado o cenário relativo aos esquemas dos fundos de pensões em Portugal traçados pela OCDE no seu relatório “Mercado de pensões em foco”, hoje mostramos -lhe como é que o Organismo posiciona os fundos de pensões em termos da alocação de ativos.

Pouco surpreendente é o facto de na maioria dos países analisados, as obrigações e as ações estarem em grande peso. A instituição escreve que no final de 2019 estes eram os dois ativos com maior preponderância nos planos de poupança, “contabilizando mais de metade dos investimentos de 34 dos 37 países da OCDE, e 39 das 47 outras jurisdições reportadas”.

Allocation of assets in retirement savings plans in selected asset classes and investment vehicles, 2019 or latest year available

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Segundo o explicitado no relatório, a importância das ações e das obrigações variou “consideravelmente” entre os países em 2019. Embora haja o que apelidam de uma “grande preferência por obrigações” – como de resto é visível no gráfico – o contrário também se verifica em 8 países da OCDE, e 11 outras jurisdições onde o peso das ações ultrapassa o peso das obrigações. No caso de Portugal, como fica evidente na gravura, a rubrica ‘bills and bonds’ é aquela que domina, seguida das ações.

Portugal em 8º lugar em investimento estrangeiro

Quando se analisa a proporção dos ativos de pensões investidos no estrangeiro, Portugal ganha uma dimensão mais relevante, e a própria justificação genérica da OCDE deixa perceber o porquê. “Os países com uma proporção mais elevada de ativos nos produtos de pensões investidos no estrangeiro são os membros da zona euro com mercados de capitais mais pequenos”, enunciam. Prosseguem, referindo que “os dez países com as maiores proporções de ativos investidos fora são todos da zona euro ou então usavam o euro como a sua moeda principal em 2019”. É neste último conjunto que Portugal aparece destacado, com 77% dos ativos investidos fora, fatia que aumentou ligeiramente face a 2009, como visível na imagem abaixo. Dos países analisados, Portugal encontra-se no oitavo lugar ao nível dos países que apresentam maior percentagem de ativos investidos fora, no que toca aos planos de pensões. 

Share of pension assets invested abroad and in foreign currencies, in 2009 (or first year available) and 2019 (or latest year available)

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“Os mercados de capitais domésticos destes países talvez sejam demasiado pequenos para absorver as poupanças dos planos de pensões”, pontualiza a OCDE no documento, justificando a descrição apresentada atrás. Contudo, não se trata de uma regra. “Outros países com mercados de capitais domésticos pequenos optam por opções de investimento domésticas, em vez de investimentos fora”, mostram, dando o exemplo da Albânia ou das Maldivas.

Recorde-se que a OCDE já referia este fator recentemente num relatório onde o ponto de análise era a mobilização do mercado de capitais nacional para o investimento e para o crescimento. Nesse documento, o organismo económico referia que no âmbito dos planos de pensões, deveria ser incentivado o investimento no mercado de ações nacional, mais concretamente através de um incentivo fiscal.