Portugal e o seu fulgor

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No último artigo de perspetivas do Bankinter, falámos do contexto económico entre os EUA e a Europa. Desta feita, analisemos o que a equipa de Research do Bankinter prevê para o caso de Portugal no terceiro trimestre do ano.

"Portugal encontra-se num estado virtuoso, mas a perder o brilho". Assim começa o relatório da equipa, listando algumas razões para essa mesma perda de fulgor: queda de crescimento do PIB em 2018, verificando sinais de desaceleração, “sobretudo provenientes da procura externa” e o aumento do preço das casas para 2019, devido à incapacidade de satisfazer tanta procura para tão poucas casas, uma vez que o setor da construção civil atravessou um “período de desalavancagem”. No entanto, preveem que esse aumento acabe por abrandar em 2020, passando de +6% para +1,5%.

Relativamente ao consumo privado, a equipa espera que “continue a registar níveis de crescimento bastante robustos e acima da média histórica, embora abrandando desde níveis extraordinariamente elevados para níveis mais sustentáveis”. Já a taxa de desemprego que registou uma forte queda e que esperam que alcance os 6,8% daqui a dois anos, “continuará a desempenhar um papel preponderante na dinâmica do consumo”.

A equipa da casa de research do Bankinter acrescenta ainda que esta maior atividade económica tem permitido “consolidar alguns equilíbrios macroeconómicos”, nomeadamente, a posição externa do país. É de realçar também que o endividamento público se mantém longe do limite de Bruxelas, algo “inalcançável a curto prazo, mas que deverá servir de referência a longo prazo. É, desta forma, fulcral manter políticas orçamentais restritivas e permanentes, mas que não comprometam a atividade económica”.

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Fonte: Bankinter Research

“Processo de normalização compatível com um ciclo expansivo longo”

A equipa considera normal esta perda de fulgor mais na Zona Euro do que do outro lado do Atlântico, “uma vez que os principais indicadores vêm de ritmos expansivos típicos de “clímax””. Podendo ser algo normal ou não, apenas os indicadores do terceiro trimestre poderão dar mais certezas, para avaliar a situação.

Falando num contexto mais amplo, a análise revela que veem um ciclo longo caracterizado por uma “inflação reduzida, uma situação espetacular do mercado de trabalho, crescimento suficiente ou generoso e bancos centrais a aplicar estratégias de saída: a Fed já está a subir as taxas e a retirar o QE, o BCE vai deixar de injetar o seu APP a partir de dezembro de 2018 e deverá subir ligeiramente as taxas em 2019, o BoE já começou a subir as taxas”. Neste sentido, corresponde à normalização definitiva, após a crise que começou em 2007. A equipa alerta, em tom de conclusão, para a vigilância especial que os riscos em aberto obrigam.