Portugal é um dos países com menor alocação a ações nos planos de pensões

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phantomswife, Flickr, Creative Commons

Como é que cada país europeu está a executar atualmente sua alocação ao nível dos planos de pensões? Quais os que têm maior percentagem a ações ou obrigações? Estas são algumas das perguntas que a Mercer tenta responder através do estudo “European Asset Allocation Survey 2015”, onde o mercado português também foi incluído.

Maior alocação a alternativos é tendência

Num enquadramento com ideias chave sobre o referido documento são descritos alguns dos pontos que mostram as principais tendências no investimento levado a cabo no tempo já decorrido em 2015. Por um lado escrevem que na Europa, como um todo, a exposição a ações nos planos de pensões se reduziu em dois pontos percentuais de 34% para 32%. Assim, a tão falada ‘great rotation’ de obrigações para ações sentiu-se, mas em pequena escala. Da Mercer indicam que os investidores com menos restrições, como é o caso das Fundações, demonstraram, de facto, uma leve mudança para o investimento em ações, por causa do atual contexto de yields baixas. Mas em termos totais, a grande tendência verificada prende-se com o interesse dos investidores pelos alternativos, denotando-se mesmo um aumento de dois pontos percentuais na alocação média a estes ativos, de 12% para 14%, nos planos de pensões em análise.

Outra das ilações que a Mercer retira tem a ver com o investimento passivo. Ao que parece a gestão passiva também está a deixar as suas marcas nos planos de pensões, já que o seu uso “nos portfólios tradicionais de ações e obrigações tem vindo a aumentar”. “Isto sugere que cada vez mais os investidores preferem procurar os retornos através das skills do gestor no universo dos mandatos alternativos (alpha), ao mesmo tempo que colhe o “beta” mais barato nas carteiras de obrigações e ações”, concluem.

Portugal: o segundo país com menor alocação a ações

No inquérito da consultora, e numa análise por país, verifica-se que Portugal representa 2% do total de ativos dos países questionados. Quando na análise se olha para o mercado nacional em termos de alocação de ativos, verifica-se que nos planos de pensões, em termos de exposição a ações, Portugal só fica atrás dos portfólios da Alemanha. Os planos de pensões nacionais têm uma exposição de 24% ao mercado acionista, enquanto que os alemãs investem 15% nesta classe de ativos. Em sentido contrário, a Bélgica e a Suécia, são os países que efetuam um maior investimento nas bolsas.

Uma vez mais o caráter relativamente conservador do mercado português – também nos planos de pensões – salta a vista. Nestes portfólios a alocação que o nosso país efetua em obrigações é de 59%, surgindo apenas um país que invista mais nesta classe de ativos do que Portugal: a Noruega, com 60% de peso das obrigações nas carteiras dos planos de pensões.

Fonte: Mercer, European Asset Allocation Survey 2015

Destrinçando apenas a alocação a obrigações, Portugal é novamente um caso em destaque. O mercado nacional junta-se à lista de países cujos planos de pensões mais investem em obrigações governamentais do próprio país (58%), investindo apenas 6% em dívida pública de não doméstica.

Fonte: Mercer, European Asset Allocation Survey 2015