De volta aos mercados para mais uma emissão de dívida a seis e a 12 meses, Portugal arrecadou 1.750 milhões de euros. Na dívida com vencimento a seis meses o montante registado chegou aos 500 milhões de euros, a taxa fixou-se nos -0,532% e a procura ultrapassa a oferta em 2,36 vezes. Quanto à dívida a 12 meses, o montante ascendeu aos 1.250 milhões e a taxa atingiu os -0,507%, tendo a oferta superado a procura em 1,86 vezes. “Face ao último leilão comparável, as taxas desceram, nos 6 meses, dos -0,4467% para os -0,532% e nos 12 meses, dos -0,452% para os -0,507%”, detalha Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.
O profissional comenta que este “volta a ser um leilão com sucesso, com as taxas nestes leilões de curto prazo a atingiram os valores mais baixos do ano”. “Os discursos dos vários banqueiros centrais têm sido claros, as taxas irão manter-se baixas ou negativas por um período longo de tempo. Urge-se em estimular a economia e conseguir que a inflação volte aos targets definidos. Missão que não estava fácil antes da COVID-19 e que ainda veio a piorar com o abrandamento económico que sofremos este ano. As taxas obtidas, acabam por refletir a conjuntura global que vivemos, que vai no sentido de beneficiar os emitentes de dívida em detrimento dos investidores, no entanto sempre com o sentido de que a prazo, a economia irá recuperar”, explica Filipe Silva.
Na mesma linha, Jorge Silveira Botelho, Chief Investment Officer da BBVA AM Portugal, referiu recentemente num artigo de opinião que "o crescimento da dívida e dos défices acelerou o fim da independência dos Bancos Centrais, que se tornaram completamente reféns dos Estados. Nesse sentido, o tradicional ciclo monetário vai ser uma relíquia porque o crescimento da dívida obriga a uma política de taxas de juro baixas, sem fim à vista. A partir de agora tudo se vai resumir ao uso eficaz de uma nova política de fusão, fiscal mais monetária, pelas medidas de inclusão e pela redução das desigualdades".