Portugal emite dívida a juros mais baixos

7969994046_fe1394ffed_o
WEY Technology AG, Flickr, Creative Commons

Uma semana depois da última emissão de dívida – essa a curto prazo – o Estado português emitiu Obrigações do Tesouro a 5 e a 14 anos na manhã desta quarta-feira, dia 23 de março. No total, o IGCP emitiu 1.007 milhões de euros, com as duas linhas a atingirem valores muito semelhantes.

Na emissão com prazo de maturidade mais pequeno – Obrigações do Tesouro a 5 anos – foram emitidos 504 milhões de euros a uma taxa de 1,84%, taxa mais reduzida do que a última emissão equivalente, que foi de 2,03%. Já na emissão mais alargada, com maturidade em 2030, foram emitidos 503 milhões de euros a uma taxa de 3,36%.

“Os 1.007 milhões de euros captados situam-se ligeiramente acima do topo do intervalo indicativo entre os 750 milhões e os 1000 milhões de euros, o que é resultado notável, se considerarmos que os juros exigidos baixaram na linha a cinco anos”, referem do BiG. Já Filipe Silva, diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa, afirma que “o mais importante a salientar nesta emissão é que é com dívida de longo prazo que Portugal baixa o custo médio do seu financiamento. Toda a curva da dívida portuguesa tem vindo a descer nas últimas semanas, graças à rede de suporte que o Banco Central Europeu tem sido”.

Do BiG referem ainda que “o montante investido na recompra de Obrigações do Tesouro com juros altos e o alargamento dos custos de financiamento, no início do ano, poderão forçar uma maior regularidade das emissões de dívida em 2016, o que aumenta a necessidade de existir uma envolvente política estável e de melhorar os indicadores económicos”. 

“Com a menor incerteza política sobre o Orçamento de Estado para 2016 e depois de o BCE ter anunciado que irá aumentar a compra mensal de dívida pública em 20 mil milhões de euros, Portugal tem beneficiado de uma queda expressiva dos juros no mercado secundário. Este processo de front loading por parte do Banco Central Europeu contribuiu diretamente para o êxito do leilão do IGCP, na medida em que os investidores estão a descontar compras aceleradas do BCE a partir de Abril e a tentar comprar já títulos com maior rendimento”, referem do BiG.  Filipe Silva, por seu turno, sublinha que “a procura rondou os níveis médios e a propósito disso há outra conclusão a retirar: os investidores continuam interessados em comprar dívida pública, mesmo nas maturidades mais longas, que vão para lá do prazo do plano de estímulos do BCE (Quantitative Easing). Ou seja, acreditam que mesmo quando esse plano acabar, o BCE não deixará cair a dívida soberana europeia.”

“Mais uma vez, o timing desta operação foi oportuno, por ter ocorrido antes das férias da Páscoa, período em que a liquidez tende a ser menor, e por não ter havido concorrência da periferia no mercado primário de dívida. No centro da Europa, a Alemanha vendeu Bunds com uma procura inferior às expectativas iniciais (810 milhões vs. Exp. 1000 milhões)”, complementam do BiG.