Portugal vs PSPP

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morberg, Flickr, Creative Commons

Nas semanas mais recentes o mercado de obrigações soberanas nacional evidenciou uma redução significativa do spread exigido pelos investidores em dívida portuguesa em relação a outras emissões de referência das principais economias europeias. No entanto, este spread continua elevado, especialmente quando se compara com outras economias da periferia, como espanhola ou a italiana. Da Amundi, no seu último “Amundi Cross Asset”, apontam três razões para tal fenómeno. Primeiro, a entidade francesa realça o facto de o país “depender ainda de um único rating investment grade” de entre as quatro principais instituições de rating. Seguem-se questões relacionadas com a liquidez do mercado e, por fim, o impacto de “reduzidas compras por parte do Eurosistema desde o início de 2016”.

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De facto, e em teoria, as obrigações portuguesas deveriam representar cerca de 2,6% do PSPP, segundo a entidade gestora, mas este valor tem recuado gradualmente para cerca de 1,1%. “Como esta redução foi interpretada como o fim do envolvimento português no PSPP, o spread português a 10 anos subiu de 190 pontos base no final de 2015 para cerca de 380 pontos base no início do presente ano. O nosso modelo atribui um fair value de 200 pontos base para o spread a 10 anos face à Alemanha, o que fazia com que as obrigações portuguesas estivessem bastante baratas no início do ano”, dizem da entidade.

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Desde então, os especialistas da entidade destacam duas razões para a contração significativa verificada no spread. Falam da “remoção da possibilidade de vitória de um partido eurocético na França” e dos “dados macroeconómicos sólidos”.

O BCE vai continuar a comprar dívida portuguesa?

Segundo dados da entidade, os montantes em título nacionais adquiridos e mantidos pelos programas PSPP e SMP aproximam-se dos 40 mil milhões de euros, enquanto “o montante máximo de ativos elegíveis para aquisição ronda os 46 mil milhões de euros. Assumindo que o peso dos ativos de Portugal no total de aquisições se mantém em cerca de 1,10%, e que o programa QE do BCE é reduzido para cerca de 30 mil milhões de euros, e considerando que o atual ritmo de aquisições (cerca de 0,5 mil milhões por mês) é o equivalente a pouco menos de um terço de novas emissões brutas, o PSPP pode, certamente, continuar a comprar obrigações portuguesas em 2018”, asseguram da Amundi.

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