A análise da abordagem dos investidores portugueses perante um novo cenário político e económico, de acordo com o Estudo de Investidores Globais 2023 lançado pela Schroders.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
Segundo o Estudo de Investidores Globais 2023 da Schroders, a inflação e as incertezas geopolíticas obrigaram os investidores a reavaliar as suas estratégias de investimento no contexto da nova realidade económica.
Este estudo inquiriu mais de 23 mil investidores em 33 locais do mundo e identificou que “quase 80% dos investidores atualmente acreditam que entrámos numa nova Era de política e de comportamento do mercado, em resultado do aumento da inflação e das taxas de juro”. Em Portugal, a percentagem é ainda mais elevada: 86%.
Os resultados deste estudo contrastam profundamente com os do ano passado, em que vários investidores acreditavam no regresso rápido a um contexto mais favorável acompanhado de uma inflação mais baixa e a descida das taxas.
Johanna Kyrklund, CIO e corresponsável de Investimento da Schroders refere que “num cenário de investimento cada vez mais moldado pelos 3Ds da desglobalização, descarbonização e demografia, os investidores ainda estão a habituar-se ao facto de que uma inflação e taxas de juro mais elevadas vieram para ficar”.
O estudo diz ainda que “as pessoas que classificaram os seus conhecimentos de investimento como peritos foram as mais rápidas a reagir, com 77% a nível mundial e 76% em Portugal”. Por outro lado, mais de um terço (37% a nível mundial e 45% em Portugal) que classificaram os seus conhecimentos de investimento como principiantes, admitem que "ainda não o fizeram".
As pessoas estão a adaptar a estratégia de investimento a esta nova Era?
No que diz respeito à adaptação da estratégia de investimento a novos tempos, como revelam os números acima, em Portugal, 55% dos portugueses já efetuaram “ajustes estratégicos" e 30% "tenciona fazê-lo".
As obrigações do Tesouro foram o investimento mais atrativo para os portugueses em 49%, o valor mais elevado em todo mundo, revela o estudo, seguidas dos ativos digitais e cryptocurrency nos níveis de 44% e 42%, respetivamente.
Os investimentos mais atrativos em Portugal nos últimos seis meses
No entanto, a nível global, os resultados do estudo revelam que, apesar de estarem conscientes das grandes mudanças do cenário político e económico, os investidores mantêm-se otimistas relativamente aos seus retornos relativamente ao ano passado. Em Portugal não é diferente. “Entre os portugueses, cerca de metade espera obter retornos superiores ou significativamente superiores nos próximos 12 meses, 9 p.p. abaixo da marca global”, que corresponde a 82%.
O estudo indica que os investidores portugueses esperam 11,2% de rentabilidade para os próximos cinco anos, em semelhança aos 11,5% que, anualmente, espera a maioria dos investidores a nível global. “Estes valores são superiores ao retorno anual de 9,46% do índice MSCI World de ações mundiais entre 1987 e setembro de 2023”, revela o estudo.
Barreiras sentidas no investimento em ativos privados
Como sugerem os dados acima, os investidores portugueses (65%) identificaram como obstáculo ao investimento o prolongado período de detenção exigido e a natureza ilíquida dos ativos privados. Ainda assim, em média, estes assumiram considerar alocar 12% nesta classe de ativos (18,2% no caso dos investidores mais experientes).
O ativo privado que as pessoas mais escolheriam se pudessem investir
Como se pode observar na tabela, “o setor imobiliário foi a segunda classe de ativos mais popular, enquanto as infraestruturas e as energias renováveis ocuparam o terceiro lugar. De um modo geral, os ativos privados são vistos como um importante instrumento de diversificação e uma forma de melhorar o desempenho da carteira por metade dos inquiridos (respetivamente 49% e 57% dos inquiridos portugueses)”, afirmam os autores.
Nils Rode, CIO da Schroders, sublinha que “os ativos privados representam um conjunto incrivelmente variado de oportunidades e um grande número de fatores de retorno”.
Momento de transição para o investimento sustentável
O estudo revela que o potencial de gerar um impacto positivo ambiental leva os investidores a investir de forma sustentável. “Estas foram as duas principais razões apontadas pelos investidores a nível global e em Portugal. O impacto ambiental é o principal foco para os investidores globais (55%) e para os portugueses (57%)".
As pessoas são atraídas por fundos sustentáveis? Porquê?
Como sugerem os resultados do inquérito abaixo, depois de questionados sobre o porquê de consideram os fundos sustentáveis atrativos, um terço dos investidores portugueses acreditam que os fundos sustentáveis têm grande probabilidade de oferecer retorno. Os autores do estudo salientam que “um elemento-chave do investimento sustentável é a propriedade ativa, ou seja, o envolvimento direto com as empresas para melhorar os resultados comerciais”.
Áreas mais importantes de colaboração entre gestores de ativos e empresas
Os inquiridos consideram que as áreas mais importantes de colaboração entre as entidades gestoras de ativos e as empresas são o clima, o capital natural e a biodiversidade e a gestão de capital humano. Não obstante, o tema do clima encontra-se destacado dos demais, especialmente entre os inquiridos portugueses.