Perspetivas macro para a segunda metade de 2020

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Que forma terá a recuperação económica? Vemos alguns rebentos verdes ou pesam mais as nuvens negras no horizonte? Quais são os indicadores chave para o crescimento? As principais gestoras internacionais levantam a ponta do véu das suas previsões macroeconómicas para a segunda metade do ano.

Abeerden SI

Alvaro Anton Luna, responsável pelo mercado português:

Alvaro_Anton_LunaEsperamos que nos próximos meses continuaremos a ver os efeitos da COVID-19 nas economias de todo o mundo. Contudo, acreditamos que estamos perante o fim do princípio e não o princípio do fim. Definiríamos o efeito da pandemia como “Fast & Furious”, devido ao forte impacto que vai ter em todo o mundo. Neste momento, as perdas ocasionais como resultado dos encerramentos das economias de muitos países já são irreparáveis. Esperamos que o PIB global se contraia 8,5% em 2020, com as quedas lideradas pelos países desenvolvidos, sobretudo a Europa. A recuperação será igualmente rápida e prevemos uma expansão mundial de 8,8% em 2021, liderada pelos mercados emergentes.

Allianz Global Investors

Romualdo Trancho, diretor, Business Development:

Os mercados financeiros reagiram ao coronavírus com uma queda sem precedentes no primeiro trimestre e, Romualdo_Trancho__2_depois, deram a volta rapidamente. Este apetite pelo risco diante da recessão mais profunda desde a década de 1930 é bastante incomum, mas os mercados estão a mover-se por um otimismo quanto a possíveis melhorias económicas no futuro – portanto, não podemos excluir um aumento adicional nos preços das ações.

Dito isto, acreditamos que os investidores devem ser cautelosos e manter uma alocação neutra no médio prazo – ainda que devam estar prontos a aproveitar oportunidades selecionadas. A questão agora é: vai manter-se a recuperação atual do mercado? Embora a recuperação nos preços das ações seja frágil, acreditamos que pode continuar enquanto os investidores adotarem uma melhor perspetiva de crescimento assente num estímulo monetário e fiscal massivo e continuarem a ver evidências de que as taxas de infeção já ultrapassaram o pico. Mas a recuperação das ações seria muito mais sólida se conseguíssemos ver melhorias em pelo menos algumas das quatro áreas seguintes: (i) o mundo precisa progredir mais no combate ao vírus, (ii) os dados económicos precisam dar a volta – o que requer um setor privado robusto, (iii) o risco de contágio financeiro deve ser contido e (iv) avaliações mais atrativas em alguns mercados.

Axa Investment Managers

Gilles Moëc, economista chefe do grupo:

Gilles Moëc_AXAO destino da economia mundial na segunda metade do ano 2020 depende da dinâmica da pandemia. No nosso cenário base, as condições do lado da oferta serão normalizadas este verão, já que os confinamentos começam a abrandar, provocando uma subida espetacular, ainda que mecânica, do PIB do terceiro trimestre. Não obstante, a procura continuará baixa, já que o aforro preventivo, consequência das perspetivas de emprego se terem deteriorado, compensará parte da libertação do aforro forçado acumulado no segundo trimestre.

O investimento ver-se-á limitado pela incertaza, com a preocupação com uma segunda vaga, e as exportações dos países desenvolvidos ver-se-ão travadas por essa escassa tração dos mercados emergentes. Esperamos que o crescimento se modere no quarto trimestre. Contudo, são necessários estímulos passivos. No aspeto fiscal, a Europa está a fazer muito, mas menos que os Estados Unidos, apesar da forte cobertura do BCE. Não obstante, pelo menos a Europa parece ter controlado melhor a primeira onda da pandemia do que os Estados Unidos.

Amundi Asset Management

Víctor de la Morena, diretor de Investimentos da Amundi Iberia:

Na nossa opinião, estamos longe de estar fora de perigo e os investidores deverão permanecer alerta já que os Vitor_de_la_Morenaníveis atuais do mercado ainda estão a prever um final do jogo demasiado otimista e demasiado cedo.

O caminho entre os três ciclos continuará. A respeito do ciclo da pandemia, os mercados estão a confiar num aplanamento da curva de contágios. Se não for assim, as tensões dos mercados vão ressurgir. No económico, as enormes medidas fiscais e monetárias são um apoio a seis meses, mas se a recessão for pior do que o esperado, os mercados vão necessitar de mais e qualquer deceção desencadeará numa correção dos mercados. Quanto ao ciclo de default de crédito, ponto-chave num mundo mais endividado, os mercados só preveram uma primeira onda de incumprimentos, mas podemos ver uma segunda.

Esta desconexão entre as esperanças do mercado e a realidade económica reforça a nossa convicção de que agora é o momento de continuar a ser cautelosos: não perseguir os valores de subida, mas jogar de forma gradual e seletiva com os temas melhor posicionados para o lento caminho da recuperação.

BNY Mellon IM

Sasha Evers, diretor-geral para a Península Ibérica:

Sasha EversNos próximos meses estaremos muito atentos aos dados de desemprego a nível global. Em países como os Estados Unidos, disparam para níveis não vistos desde a grande depressão de 29. A sua evolução dar-nos-á uma pista de como medir a recuperação, e da velocidade com que pode salvar a economia, que é o mesmo que dizer se a recuperação é nesse formato V bem desejado ou se num em que a cauda é bastante mais extensa.

Mas também devemos fixar-nos nos indicadores a mais longo prazo, como o comércio global. Até antes da pandemia dava sinais de estar a resistir devido às taxas e políticas mais protecionistas. Mas isto era num contexto de crescimento aceitável. Agora que estamos numa recessão houve uma queda precipitada do comércio global. O que é relevante é: como vamos recuperar? Terá a COVID-19 um impacto a longo prazo nas cadeias de fornecimento e na tendência de reshoring? As políticas mais nacionalistas vão prosperar no mundo pós COVID-19? Todos estes temas vão influenciar a evolução do comércio global nos próximos anos.

A nível empresarial, a temporada de resultados do terceiro trimestre será importante. Do segundo já se previa os números nefastos, que se cumpriram, mas a melhora inevitável no terceiro trimestre (pelo menos em termos relativos com respeito ao segundo trimestre) pode ter um efeito psicológico positivo nos mercados.

BlackRock

Manuel Gutiérrez-Mellado, responsável do Negócio Institucional em Portugal, Espanha e Andorra:

A contração inicial devido à COVID-19 é maior do que a grande crise financeira, mas acreditamos que o seu medium_Manuel_Gutierrez_Melladoimpacto acumulativo na economia provavelmente será menor, sempre que a resposta política continue a ser suficientemente forte para amortecer o golpe.

A dinâmica do ciclo económico normal não se aplica, pelo que estamos a seguir três indicadores: quanto sucesso estão a ter as economias a reiniciar a atividades enquanto se controla propagação do vírus; se o estímulo continua a ser suficiente e chega às famílias e às empresas; se surgem sinais de vulnerabilidades financeiras ou cicatrizes permanentes na capacidade de produção. Os mercados estão centrados nas mudanças em qualquer destas três incógnitas conhecidas, e uma possível segunda onda de infeções e fadiga política são riscos importantes que estão a começar a desenvolver-se. Os políticos estão a canalizar dinheiro diretamente para o setor privado (não financeiro), com a monetização da dívida como possibilidade no futuro. A pandemia está a reforçar tendências estruturais como o comércio eletrónico e a sustentabilidade; amplificação da desglobalização e fragmentação geopolítica; e pode dar-se um choque geracional ao mundo emergente.

Columbia Threadneedle

Rubén García Páez, diretor-geral para a Península Ibérica e América Latina:

Garcia_Ruben_HRAntecipamos uma lenta recuperação à escala mundial, e prevemos que tanto as empresas como as economias sairão da crise com maiores níveis de endividamento. Assim, a ênfase no risco de elevada qualidade representou um tema predominante nas carteiras de multiativos.

No universo de ações, as empresas com balanços saudáveis, elevados cash flows e sólidas rentabilidades sobre o capital deverão ser capazes de alcançar um crescimento dos lucros entre as empresas sobrecarregadas pela alavancagem financeira. Como referimos acima, muitas dessas empresas podem encontrar-se tanto nos Estados Unidos como nos mercados emergentes da Ásia, e baseamo-nos na experiência coletiva da nossa equipa de analistas de ações para as identificar. Continuamos a inclinar-nos para o risco geral, como é o caso desde o fim de março, ao considerar que os mercados de ações e crédito corporativo oferecem oportunidades para aproveitar atrativas rentabilidades ajustadas ao risco.

DWS

Mariano Arenillas, responsável para Portugal e Espanha:

A crise do coronavírus está longe de ter terminado. Quando começarem a ser publicados os dados macro mariano_arenillas_dwscorrespondentes ao segundo trimestre de 2020, na DWS esperamos retrocessos notórios, tanto no crescimento económico como no emprego global, até níveis sem precedentes em alguns países. A DWS espera que o ano de 2020 se caracterize por uma grave recessão, com uma contração da economia mundial de 3%.

Não obstante, os mercados foram bastante otimistas em maio, um mês tradicionalmente difícil para as ações. Porquê? Existem também boas razões para prever uma tendência de subida do crescimento económico a partir do terceiro trimestre de 2020. Esta hipótese, não obstante, pressupõe uma mais que provável segunda onda de contágios por COVID-19 que não conduzirá a outros fechos totais das economias. A melhoria dos testes, um melhor conhecimento científico da doença, mais capacidade de tratamento e a tendência para trabalhar a partir de casa apoiará esta análise.

O que preocupa o mundo e os mercados financeiros em tempos de coronavírus é: o contexto de taxas de juro baixas, a sustentabilidade e o uso de programas de estímulo, a escalada de tensão em Hong Kong e o conflito comercial, assim como Brexit e a inflação a médio prazo.

Fidelity International

Wen-Wen Lindroth, estratega chefe de Investimentos:

fde9774ba8f38307Até que superemos a pandemia não podemos fazer previsões minimamente ajustadas. Nesta altura, se se cumprir a nossa hipótese de referência – à qual damos uma probabilidade de 60% -, teremos uma recuperação em forma de U, caracterizada pelo distanciamento social durante o resto do ano e certas restrições pelo ressurgimento de surtos em diferentes momentos. Deste modo, praticamente todo o mundo mergulhará numa recessão este ano.

A inflação sofrerá pressões com a queda do consumo e baixos preços da energia, ainda que possa começar a estabilizar dentro de 10 meses se os surtos forem controlados. A outra variável que nos preocupa é o desemprego, que está a aumentar rapidamente de forma generalizada, sobretudo nos EUA. Lá, a magnitude do problema poderá suscitar riscos sistémicos que reduzam a poupança das famílias, aumentem o endividamento e desgastem a procura de consumo.

Invesco

Íñigo Escudero, diretor para a Penísula Ibérica, América Latina, EUA Offshore e Israel:

A duas principais referências macro para os investidores serão a velocidade da recuperação económica após a Inigo Escudero Invescoqueda no segundo trimestre e a atuação dos bancos centrais. No terreno económico, as previsões de recuperação foram piorando com o passar do tempo e a preocupação com possíveis novos surtos de COVID-19 agravam ainda mais a incerteza. É evidente que vamos ver uma recuperação das economias no segundo semestre, mas não o suficiente para evitar uma possível queda do PIB global de 7% no nosso cenário intermédio e mais provável.

Para animar a reativação os governos e os bancos centrais puseram todo o seu arsenal sobre a mesa, tanto desde o ponto de vista fiscal como de política monetária. As medidas somam biliões de euros, ainda que o carácter extraordinário da crise (com um choque de oferta e procura) compliquem a recuperação. Qualquer notícia positiva pode animar o sentimento, mas se os dados não acompanham, isto pode provocar um agravamento situação.

J.P. Morgan Asset Management

Lucía Gutiérrez-Mellado, diretora de Estratégia para Espanha e Portugal:

Lucía Gutiérrez-Mellado_J.P.MorganÀ medida que as medidas de confinamento são aliviadas em todo o mundo, os analistas estão a debater qual a forma da recuperação. Os dados macro mais recentes mostram que a recuperação começou mais cedo do que esperávamos. Claramente o desempenho dos bancos centrais e governos foi essencial para proporcionar estabilidade.

Dito isto, continuamos a ver riscos, o vírus ainda não foi erradicado e continuaremos com medidas de distanciamento social. Além disso, a alta taxa de desemprego e um aumento drástico da dívida pública e privada podem favorecer a moderação dos gastos na recuperação. Portanto, qual é a letra mais apropriada para descrever o caminho da recuperação económica? Essa letra pode não ser encontrada no nosso alfabeto, mas, na nossa opinião, esperar um V simétrico é uma visão otimista demais. A recuperação provavelmente será mais gradual, com algumas pausas ao longo do caminho.

Janus Henderson

Andrew Mulliner, gestor de obrigações:

As perspetivas para o restante de 2020 estão entre dois extremos. Por um lado, estamos a testemunhar a Andrew_Mullineraplicação de políticas monetárias excecionalmente acomodatícias e uma expansão sem precedentes da política orçamental que deve sustentar e acelerar a recuperação económica, ajudando assim a colmatar as lacunas de produção que surgiram em todo o mundo. Isto é suportado pelos dados económicos mais recentes, como os índices do PMI, que indicam que atingimos o ponto mínimo de recessão. Consequentemente, temos uma visão positiva dos ativos de maior risco e um posicionamento subponderado nos ativos de refúgio.

No entanto, a natureza sem precedentes do choque para a economia mundial e a sua causa raiz, o coronavírus, leva-nos a adotar uma postura mais prudente do que o habitual. Descobrir a nossa própria ignorância sobre a epidemiologia do vírus e os riscos significativos e crescentes apresentados por um segundo surto de vírus e mais confinamentos, convida-nos a diminuir o entusiasmo pelas classes de ativos de maior risco. Portanto, focamos na dívida de empresas investment grade que possuem bons balanços, apoio à política monetária e recursos de gestão necessários para enfrentar estes tempos difíceis.

Jupiter

Ariel Bezalel, responsável de fixed income:

ARIEL_BEZALELPreocupamo-nos com uma segunda onda de infeções por COVID-19 e os riscos geopolíticos permanecem, dadas as crescentes tensões entre os EUA e a China, as eleições presidenciais dos EUA em novembro e, claro, o Brexit.

Algum desses riscos vai refletir-se no preço dos mercados de ações na segunda metade deste ano, apesar do desemprego jovem dos EUA e das previsões severamente negativas para o crescimento do PIB  no segundo trimestre. Muitas empresas vão ser incapazes de gerar cash flow suficiente se continuarem a operar muito abaixo da sua capacidade máxima, resultando numa onda de falências que vão manter os níveis de desemprego elevados. Por isso, enquanto as medidas até agora resolveram as crises de liquidez, ainda têm de resolver a futura crise de insolvência. Com o gasto das empresas e dos consumidores em mínimos, consideramos que as possibilidades de uma recuperação em forma de V serão baixas.  Vai haver uma recuperação, mas deve desvanecer-se no fim deste ano.

M&G

Richard Woolnough, gestor do M&G (Lux) Optimal Income Fund:

Estamos atolados no maior e mais acentuado declínio que a economia global moderna já viu e, dada a rápida Richard Woolnoughqueda e recuperação que caracterizarão essa desaceleração económica, acredito que o colapso e a recuperação serão em forma de T. É evidente que a produção económica total será menor no final de agosto do que no início do ano, o que terá enormes consequências. E, do meu ponto de vista, as duas perguntas para o restante de 2020 serão até que ponto a recuperação vai traçar a barra horizontal do T e até que ponto as medidas de estímulo corrigem a economia.

Governos e autoridades em todo o mundo implementaram um volume sem precedentes de medidas fiscais e monetárias em tempo recorde. As autoridades estão a tentar compensar novas práticas de negócios e o colapso da confiança com fortes medidas de estímulo fiscal e monetário. Sabemos que essas práticas não serão capazes de resolver todo o problema e ainda é muito cedo para saber que parte poderão corrigir.

Nordea AM

Sebastien Galy, responsável de estratégia macroeconómica:

Sebastien_GalyO COVID-19 foi um verdadeiro golpe para a economia mundial. De facto, a oferta e a procura sofreram perturbações que raramente vimos em mais de um século. As medidas adotadas pelas autoridades em termos de saúde, apoio a trabalhadores e empresas e o acentuado relaxamento da política monetária contribuíram para mitigar esta crise e iniciar a recuperação. Hoje, estamos no meio do que muitos esperam ser uma recuperação em forma de U que, segundo dados divulgados recentemente, poderia ser um pouco mais rápido nos Estados Unidos. A questão que surge dessa situação é se as autoridades conseguiram estabilizar as expectativas de crescimento a longo prazo que governam o comportamento de muitos investidores, tanto a curto quanto a longo prazo. Com exceção da Itália, as iniciativas do governo parecem estar a dar resultados bastante satisfatórios, o que representa uma perspetiva encorajadora de futuro. Como resultado, a dívida corporativa e as ações valorizaram, e o índice S&P 500 está próximo dos seus recordes. No entanto, a situação futura será mais complexa.

Prevemos que a recuperação meteórica das ações continue, alimentada pelo alívio monetário altamente vigoroso implementado pelos bancos centrais, expansões orçamentais (incluindo um segundo pacote nos Estados Unidos) e a contínua reabertura da economia mundial com alguns contratempos temporários. Uma maneira de se posicionar diante desta situação é recorrer a fundos climáticos, que geralmente se concentram em títulos de crescimento de segundo nível. Na fase final da recuperação, é provável que as ações de crescimento e qualidade registem uma rentabilidade superior ao value e às ações cíclicas, cujo valor é determinado com maior fiabilidade por parâmetros de avaliação de curto prazo, como o PER avançado. Isso sugere a existência de um viés em direção ao crescimento e à qualidade e, diante do aumento da concentração de risco, sugerimos aumentar o uso de estratégias que possam ser facilmente adaptadas a diferentes situações do mercado através de programas automatizados ou de gestores especializados.

Robeco

Jeroen Blokland, responsável de Multi Asset e gestor:

Esperamos uma segunda onda em combinação com novas e renovadas medidas de contenção. Quando aJeroen Blokland segunda onda chegar, a resposta política será crucial para o sentimento do mercado. As novas medidas terão um impacto profundo, principalmente porque a saúde das empresas se deteriorou devido à recessão do COVID-19. Além disso, apesar de os bancos centrais e os governos fazerem todo o possível para evitar um novo golpe na economia, a margem de estímulo já é menor que durante a primeira onda.

Schroders

Carla Bergareche, diretora-geral para Portugal e Espanha:

CarlaAlguns dados sugerem que o pior já passou: por exemplo, os preços dos metais industriais estabilizaram e os dados de mobilidade do Google sugerem que a atividade no local de trabalho está a aumentar. A partir daqui, devemos ver a atividade económica melhorar, à medida que os confinamentos vão sendo levantados. Como resultado, no terceiro trimestre, devemos ter alguma recuperação. No entanto, acreditamos que a economia não recuperará todo o terreno perdido na primeira metade do ano. Como resultado, reduzimos a nossa previsão de crescimento mundial para -5,4% este ano. Isto leva-nos a pensar que a recuperação terá mais forma de U. No entanto, teremos que estar muito atentos à existência de uma nova onda de infeções no final do ano, o que levaria a um novo estabelecimento de confinamentos, criando uma dupla recessão e dando a forma de um W à recuperação.

UBS AM

Álvaro Cabeza, responsável para a Península Ibérica:

Embora a recuperação da atividade económica esteja em andamento, é provável que o degelo pós-Alvaro Cabeza_UBSconfinamento seja desigual entre regiões e mercados.

Sem dúvida, a recuperação económica dependerá, em grande parte, do vírus. Enquanto não houver vacina ou tratamento eficaz, retornar totalmente aos padrões e níveis de atividade pré-COVID-19 não estará no horizonte.

Além disso, é provável que as relações entre as duas maiores economias do mundo piorem. No entanto, acreditamos que é improvável que essa deterioração perturbe a primeira fase do acordo comercial em andamento. Mas as preocupações com segurança, tecnologia, obstrução dos fluxos de capital e a gestão da pandemia na China servem como pontos de choque para os dois lados. Há que não esquecer que, nos Estados Unidos, os protestos que ocorreram recentemente e que refletem as desigualdades sociais correm o risco de contribuir para o aumento de novos casos. Essa agitação social aumenta a probabilidade de resultados inesperados nas eleições de novembro.

Finalmente, estaremos pendentes do impacto deflacionário da crise COVID-19 e da persistente fraqueza económica associada à perda de empregos que não serão recuperados imediatamente, e sugerem que não está iminente uma mudança estrutural na tendência de queda do 40 anos da inflação subjacente.