Primeiras opiniões das gestoras aos resultados das eleições em Espanha

Rajoy
Partido Popular de Castilla y León, Flickr Creative Commons

As eleições espanholas desenharam um novo arco parlamentar. Para muitos gestores, os resultados representaram um alívio, ao se dissipar uma das maiores incertezas que estava a pesar na evolução dos mercados de ações e obrigações espanhóis nos últimos meses. Segundo Tanguy Le Saout, diretor de fixed income europeia da Pioneer Investments: “O resultado da contagem das urnas resultou no pior cenário, uma maioria da coligação do Unidos Podemos e do PSOE, com a capacidade para adotar políticas pouco favoráveis aos mercados. No entanto, a ausência de uma clara maioria limitará os ganhos que poderão registar os mercados espanhóis de obrigações. Não há mudanças significativas nas expectativas das obrigações espanholas ou europeias”, afirma. A rentabilidade da obrigação soberana espanhola a dez anos subiu para 1,95% e o spread para com o bund alemão – com uma yield negativa, atualmente – situa o prémio de risco espanhol acima dos 200 pontos base. O Brexit parece estar a pesar mais no ânimo dos investidores que o resultado eleitoral.

De facto, o referendo britânico também terá influído no ânimo dos votantes. Segundo a Generali Investments, parece que o terramoto que se gerou no Reino Unido depois do Brexit favoreceu os partidos tradicionais, como evidencia o facto de que tanto o PP como o PSOE conseguiram resultados melhores do que o esperado. Obtêm, em conjunto, nove assentos a mais no Parlamento do que o que conseguiram há apenas seis meses. O partido que lidera Mariano Rajoy conseguiu 33% dos votos (4,3 pontos mais do que em dezembro), que lhe atribuem 137 assentos, resultado muito superior ao que previam todas as sondagens. Por seu lado, os socialistas conseguiram 22,7% dos votos, 0,7 pontos mais que nas eleições passadas e equivalente a 85 assentos na Câmara Baixa. “Se bem que o PP é o claro ganhador das eleições, o PSOE mantém-se como o partido número dois, perante umas negociações para formar governo. A aritmética parlamentar faz com que as possíveis alianças sejam limitadas e politicamente difíceis”, asseguram.

Do próprio país, a situação vê-se de uma forma muito semelhante. O que é importante averiguar agora, é qual será a aritmética parlamentar que facilitará a investidura de um presidente do governo que nomeie um novo Executivo. Ignacio Méndez, diretor de análise da Mirabaud Securities em Espanha, reconhece que a situação política continua incerta, mesmo que se tenham reduzido muito as incertezas. “Os resultados das eleições do passado fim de semana reduziram para um mínimo a probabilidade de um governo populista em Espanha e, mesmo que continuem a existir muitos problemas para formar governo, o cenário mais provável será pensar que o PSOE se absterá e deixará governar o PP em minoria. Mas, como vimos nas eleições de dezembro, fazer previsões sobre pactos para a formação de governo na política espanhola é um exercício de alto risco”. Porém, o verdadeiramente importante para as entidades é que Espanha não mudará de rumo. “O mau resultado obtido pelo Unidos Podemos significa que as reformas feitas até agora pelo país não serão revogadas e que a economia espanhola continuará no caminho da recuperação”, indica Jon Day, gestor da Newton (filial da BNY Mellon IM).