Principais conclusões que se podem tirar do XX Congresso do Partido Comunista Chinês

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Créditos: Markus Winkler (Unsplash)

O XX Congresso do Partido Comunista Chinês não foi apenas mais uma assembleia. Foi o momento em que a China quebrou algumas regras pré-estabelecidas. As mais importantes: a de reformar o seu presidente se este tivesse cumprido 68 anos e a de limitar o número de mandatos a apenas dois. Mas com Xi Jing Ping estas regras não foram aplicadas. Aos 69 anos, foi reeleito para um terceiro mandato, sem que um sucessor tivesse sido oficialmente nomeado. Também se quebraram algumas regras de cortesia. Esta Assembleia ficará marcada na história como o Congresso onde o ex-presidente Hu Jintao, antecessor de Xi Jing Ping, foi obrigado a abandonar à força o Grande Salão do Povo. 

No entanto, para além de tudo isto, podem ser tiradas algumas conclusões das principais notícias deste evento sobre em que eixos a elite chinesa se vai apoiar nos próximos anos. Alec Jin, diretor de Investimentos em Ações Asiáticas na abrdn, analisa-as.

Continuidade geral na combinação de políticas económicas

Durante o discurso foram feitas várias propostas ao setor privado e foi estabelecido o status quo da economia, o equilíbrio entre as empresas públicas e as privadas, juntamente com o papel dos mercados, reconhecidos como desempenhando um papel determinante na alocação de recursos. “Em geral, as mensagens foram favoráveis a uma redução geral da pressão reguladora imediata a curto prazo”, explica Jin.

Mais apoio em matéria de política industrial

No seu discurso, Xi Jing Ping também defendeu “uma maior autossuficiência e força em ciência e tecnologia”, destacando uma combinação de políticas económicas em que a economia e o crescimento continuam em primeiro lugar, mas em que a segurança, a igualdade e a autossuficiência têm sido elevadas. “Neste contexto, o impulso para a autossuficiência e para a localização ganha maior importância. É provável que isto acelere os investimentos em áreas como as energias renováveis e os semicondutores nacionais”, assinala o especialista.

Política verde

Este tema está de acordo com política governamental de descarbonização e emissões líquidas zero para 2060. “A China domina a capacidade mundial de produção de energia renovável e armazenamento, com 90% da energia solar e 75% da capacidade das baterias. A descarbonização das economias exige um enorme investimento em energias renováveis e armazenamento, pelo que a China está preparada para ser beneficiada”, indica. Outras indústrias também terão de fazer a sua parte na descarbonização, pelo que Jin espera um maior investimento na melhoria da maquinaria e no aumento da eficiência energética.

Setor imobiliário

O setor imobiliário é um dos grandes riscos que a China enfrenta. Juntamente com a sua política de COVID zero, é também uma das grandes questões que os investidores estrangeiros estão a analisar na hora de avaliar os riscos inerentes ao investimento no seu mercado. Na opinião do especialista da empresa escocesa, o governo chinês continua a estabilizar e a apoiar o setor. “No entanto, as medidas são mais localizadas e orientadas e ainda não vimos um apoio integral ou alargado a todo o setor”, avisa.

Política de COVID zero e reabertura económica

Embora a política de zero COVID continue em vigor, a possibilidade de encurtar o tempo de quarentena para os visitantes ainda é, por enquanto, um debate no mercado. Ji espera um relaxamento gradual das restrições, mas isto depende também do progresso da vacinação. “Neste momento, o número de casos parece estar sob controlo com menos bloqueios. As perspetivas da China para 2023 vão depender, em grande medida, da abertura da economia e do consequente aumento das despesas dos consumidores e da procura interna”, conclui.