Quais foram as preferências dos investidores de ETF no fecho de 2020?

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O mês de dezembro traduziu-se num aumento do número de novos casos de COVID-19 por toda a Europa. As medidas mais restritivas voltaram a ser impostas e – como é conhecido – o impacto negativo que essas medidas têm na atividade económica é significativo. Para João Queiroz, head of online banking do Banco Carregosa, apesar dessas medidas restritivas, os investidores assumiram o impacto negativo como algo "transitório e que poderá ser recuperável no curto-prazo, perante o elevado número de vacinas que entraram em phase III e que estão prestes a sair dessa fase no primeiro trimestre de 2021”. Apesar do abrandamento da atividade económica em dezembro, “as cotações das ações voltaram a registar robustez nas valorizações com avaliações acima do contexto atual”, continua João Queiroz. 

A tendência de novembro continua

Os temas tecnologia e energia continuaram a estar entre as preferências dos investidores de ETF no último mês de 2020. “Nas ações os investidores voltaram à rotação de tecnológicas para as empresas de valor, embora com menor intensidade sentida anteriormente e, com mais critério privilegiando-se alocações como biotecnologia”, comenta o profissional do Banco Carregosa. Já na energia, o crude e o gás natural, bem como “metais de base industrial e preciosos e as agrícolas voltam a recuperar, ressurgindo em temas como a produção vertical por trazer maior proximidade das comunidades de elevada densidade populacional que observam mais restrições às deslocações e podem comportar uma logística mais racional”, explica João Queiroz.

Rui Castro Pacheco, diretor-adjunto do Banco Best, conta que em dezembro os destaques vão, à semelhança do Banco Carregosa, para as tecnologias e energias – o que demonstra a continuação das preferências verificadas em novembro por parte dos investidores. “Nas tecnologias, temos o investimento mais genérico no Nasdaq com o Invesco QQQ Trust, ao mesmo tempo que temos o investimento short no mesmo índice, com o ProShares Short QQQ”, explica o profissional. 

Ainda no tema tecnologia, é possível observar mais especificamente o que os investidores procuram. Por exemplo, no Banco Best a procura incidiu sobre os ETF ARK Innovation, ARK Genomic Revolution ETF e First Trust NASDAQ® Clean Edge® Green Energy Index Fund – este último produto já combina com o tema energia. 

Já no tema energético, Rui Castro Pacheco enuncia que registaram procura pelos "United States Natural Gas Fund, LP e United States Oil Fund, LP, que seguem respetivamente os preços do gás e do petróleo, e ainda o SPDR® S&P Oil & Gas Exploration & Production ETF que segue as empresas do setor de exploração e produção destas commodities energéticas”.

De notar ainda que, nesta entidade, se registou procura pelo índice bolsista alemão com o iShares Core DAX® UCITS ETF (DE) e pelo índice de ações globais, com o iShares Core MSCI World UCITS ETF USD (Acc) EUR.

Pontualidades e perspetivas

Em relação a eventuais posições por parte dos investidores, João Queiroz comenta que “ainda se observam pontuais posições táticas em short ou inverse tracket ETF (índices de ações), em metais preciosos e obrigações soberanas, destinadas a aumentar alfa e a mitigar o eventual acréscimo de volatilidade dos preços de ativos de risco que impactassem as carteiras longas passivas em transição de ano”. 

As perspetivas de João Queiroz para a classe acionista são positivas, mas há que ter em atenção o calendário de apresentação de resultados do quarto trimestre e a tomada de posse do novo presidente dos EUA que “poderá reduzir os benefícios de alguns setores tecnológicos, modificar a tributação dos particulares com maiores patrimónios e rendimentos (redução de assimetrias), estimular o processo de descarbonização e a maior geração de energia elétrica por fontes renováveis”. 

Geograficamente, “a Europa deve começar a convergir para o desempenho das ações dos EUA de forma progressiva acompanhando o processo de inoculação das suas populações, quando o USD se mostra muito depreciado e aumenta a preocupação com as bonds de longo-prazo que possa resultar em reflação”, conclui o profissional.