Qual é o modelo para dirigir o Brasil?

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Beach Travellers Inc, Flicrk, Creative Commons

As manifestações que aconteceram no Brasil reacenderam a questão do crescimento económico do país nos últimos trimestres, com o aumento da inflação, e colocaram em cima da mesa a necessidade do país realizar mais investimentos, sobretudo em infraestruturas e políticas sociais.

Mark Mobius, especialista em mercados emergentes da Franklin Templeton Investments, dedicou no seu blog um artigo para discutir a situação país: “Se o mau estar continuar, é provável que o impacto dos protestos possam afetar a economia brasileira no curto prazo”, diz, lembrando que o Banco Central do Brasil reduziu a sua previsão de crescimento de 3,1% para 2,7%. "Obviamente, nós preferimos ver um crescimento mais sólido, mas o que realmente nos preocupa seria haver uma mudança mais permanente que se afasta-se do modelo de economia de mercado, ou seja, uma maior privatização", disse Mobius.

Na BNY Mellon Investment Management acreditam que, dentro do modelo económico a ser adotado pelo país para retomar o crescimento, “a tendência estrutural para o aumento da procura interna é um presságio” e acrescentam que “apesar dos seus problemas económicos recentes, o Brasil continua a ser uma superpotência emergente com uma grande abundância de reservas de recursos naturais e uma plataforma sólida para o crescimento da procura interna”.

Os especialistas da gestora fixam em 2,3% o crescimento do PIB brasileiro para 2013 e de 3% para 2014, apesar de salientarem que “se a recuperação continua a decepcionar, existe a probabilidade razoável  de que este valor represente um teto para as expectativas de crescimento”. Também se mostram claros em direção ao rumo que o país deve tomar, afirmando que “a única maneira de voltar a um caminho de crescimento sólido é alterando a economia baseada no consumo para uma de investimento”.

Mobius é mais optimistas sobre a capacidade de regeneração do Brasil: “Para permitir que as pessoas e as empresas trabalhem, os serviços públicos devem trabalhar corretamente. Então, nesse sentido, acreditamos que os protestos são animadores porque acreditamos que o Brasil pode melhorar e pode ter um aumento as taxas de crescimento mais rápido do que aquelas que teve no ano passado. "

Por onde deve passar o renascimento?

A BNY Mellon encontra alguns obstáculos na gestão do governo brasileiro que ajudam a diminuir o potencial de crescimento do país, entre os quais a baixa disciplina fiscal do governo, a falta de transparência na política e ainda um enorme tolerância para a inflação alta, que ultrapassou o objetivo oficial de 4,5%. Esta situação tem-se repetido nos últimos três anos, e ainda estimam que vai demorar pelo menos mais dois para voltar a haver uma convergência  entre a taxa de inflação e a meta estabelecida pelo Banco Central do Brasil. Além disso, as expectativas gerais de inflação no mercado para os próximos cinco anos continuam altas”, afirmam.

"Achamos que o banco central deve prosseguir a sua política de aperto para garantir que a inflação volte a convergir com objetivo oficial. No entanto, duvidamos que os atuais esforços da entidade sejam suficientes para alcançar este objectivo. A desvalorização do real brasileiro e a realização de um forte estímulo fiscal exigem uma resposta mais forte do banco central, mas a recuperação moderada da atividade doméstica limita a sua capacidade de responder de forma adequada ", constata a gestora.

Apesar de todos esses obstáculos contra, Mark Mobius mostra no seu blog uma mensagem positiva: "Estamos otimistas e acreditamos que o Brasil pode resolver os seus problemas para o benefício de seus mercados, a sua economia e do seu povo." "Nós não perdemos a esperança no potencial do Brasil e continuamos a procurar potenciais oportunidades de investimento no Brasil", conclui o gestor da Franklin Templeton.