Susanne Linhardt, da Brown Advisory, explicou, numa breve apresentação, como a estratégia de investimentos por detrás do Brown Global Leaders Fund produz resultados consistentes.
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Numa recente apresentação do Brown Global Leaders Fund, Susanne Linhardt, diretora de investimentos na Brown Advisory, detalhou a estratégia e o funcionamento da equipa por detrás do fundo com Rating FundsPeople 2024 com base no seu desempenho consistente. Explicou as barreiras mais soft, e as mais duras de bater para uma empresa entrar na carteira do fundo.
Seleção das posições
A estratégia procura posicionar-se em 30 a 40 empresas globais e, tem como principal objetivo, o investimento a longo prazo. Susanne Linhardt, diretora de investimentos na Brown Advisory, explica que esta estratégia procura “empresas que combinam excelentes resultados para os seus consumidores, com uma forte liderança”. A equipa que gere o fundo acredita serem estas duas características que permitem à empresa gerar “retornos de capital investido elevados e sustentáveis a longo prazo”, chave de sucesso para o bom desempenho do fundo.
Desta forma, a equipa liderada por Mick Dillon e Bertie Thomson, desenvolveu, segundo Susanne Linhardt, um conjunto de regras a seguir para adicionar uma posição à carteira. A primeira regra, que abre as portas para todo o processo de pesquisa, é a qualidade da empresa. Como já referido, o negócio deve ter a capacidade de gerar excelentes resultados para os seus consumidores, “seja por serem mais eficientes ou pela sua capacidade de aquisição de novos clientes, possibilitando assim que estas empresas persistam a longo prazo no mercado”, explica a profissional. Num segundo momento, a equipa olha para os números, colocando valores mínimos em certos indicadores de resultados dos negócios, “como Mick Dillon sempre disse, é fácil criar uma narrativa sobre qualquer empresa de qualidade, daí o teste aos números ser muito importante para nós. Temos uma barreira de 20% de ROIC (Return On Invested Capital), colocando-nos logo no 90º percentil das empresas de qualidade, e adicionamos uma barreira mais leve de 10% de crescimento de fluxos de caixa livre”, refere a diretora de investimentos.
Finalmente, a equipa da Brown Advisory avalia o padrão de trabalho da administração da empresa, fazendo uma análise crítica aos incentivos da direção. “As políticas de gestão são reflexo dos incentivos da administração, e estes devem estar alinhados com os acionistas. Olhamos para as nossas posições como donos parciais que somos, e acabamos por falar com a administração muitas vezes. A alocação de capital, como a empresa cresce e recompras de ações no passado são fatores relevantes também”, explica Susanne Linhardt.
Depois de todo um controlo estrutural do negócio no qual a equipa poderá querer fazer parte, através de uma posição acionista, há um novo olhar sobre os números, que visa garantir a sustentabilidade dos retornos do portefólio aos investidores por detrás do fundo. “Seguimos guidelines internas de avaliação baseadas num clássico DCF a 10 anos e num IRR a 5 anos de duplos dígitos, em que assumimos uma taxa de desconto de 10%, e uma taxa de crescimento terminal de 3%, valores punitivos às empresas, mas que servem o propósito de proteger o capital dos investidores”, refere a profissional.
Oportunidades
Todo este trabalho reflete-se, obviamente, na tese que sustenta cada posição da carteira de investimentos do fundo. Susanne Linhardt dá como primeiro exemplo a Roche, empresa suíça da indústria da saúde, que o historial de desempenho recente demonstra ser uma das apostas do Brown Global Leaders Fund que tem tido mais dificuldades. “É uma das empresas mais inovadoras e que mais cresce na indústria da saúde. Focam-se num produto necessário e de longo prazo, os medicamentos para o cancro. Acreditamos que a empresa tem sido castigada por fatores alheios à sua situação, por fatores não fundamentais. É um risco, tem um custo de oportunidade, mas acreditamos que a situação melhorará”, explica a profissional.
Do outro lado da moeda, está a ASML e a Sherwin-Williams, sendo que a primeira entrou pela primeira vez no portefólio no seguimento da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Este foi um fator que permitiu ao negócio ultrapassar a barreira do IRR de 10%, após sete anos na lista de compra do fundo, enquanto a segunda já faz parte do portefólio desde 2015. “Dado o desempenho das empresas tecnológicas no Q3 2023, tivemos de reduzir a nossa posição na ASML, também porque acreditámos ter uma avaliação que não fazia sentido. Entretanto, a empresa teve uma redução de avaliação de mercado, e estamos a aumentar a nossa posição aos poucos”, explica, “já a Sherwin-Williams, é uma empresa com uma grande presença de marca. Nos Estados Unidos, um edifício pintado com tintas da Sherwin é vendido como um ponto positivo. São os fornecedores de tinta exclusivos de 13 dos maiores 14 construtores americanos”, conclui Susanne Linhardt.
Como regras de posição, a diretora de investimentos explica que cada posição deverá estar entre 2-10%, “os 2% para evitar o risco de regret aversion, e 10% para configurar as regras UCITS. No geral, as posições de alta convicção poderão chegar a 5%. O nosso turnover estará nos 20%, enquanto o name turnover estará nos 10%”, conclui.