Quantificando a desigualdade de riqueza entre géneros existente em todo o mundo

igualdade salarial
Créditos: Markus Winkler

Um recente estudo realizado pela WTW (antes Willis Towers Watson) à escala mundial revela uma surpreendente diferença entre a acumulação de riqueza entre homens e mulheres no momento da reforma. A análise WTW Global Gender Wealth Equity Report mostra que, em média, as mulheres vão chegar à reforma com apenas 74% da riqueza acumulada pelos homens, com uma diferença negativa em todos os países incluídos na análise que oscila entre os 60% no pior dos casos e 90% no melhor.

Além disso, o estudo destaca que as mulheres que desempenham funções de especialidade, altos cargos dirigentes ou de liderança de alto nível alcançam menos de dois terços (62%) da riqueza acumulada pelos seus homólogos masculinos no momento da reforma. No caso das funções profissionais e técnicas de nível médio, a desigualdade permanece considerável (69%), mas reduz-se consideravelmente no caso das funções de base; nestes postos menos qualificados, as mulheres atingem um nível de riqueza de 89% do que é alcançado pelos seus companheiros masculinos que desempenham a mesma função.

Manjit Basi, diretor sénior de Soluções Globais & Integradas na WTW, explica que “os resultados da análise global são surpreendentes. Mostram que existe uma desigualdade de riqueza entre géneros nos 39 países que estudamos. Os principais fatores que contribuem para a disparidade de riqueza entre géneros são as diferenças salariais entre homens e mulheres e o atraso nas trajetórias profissionais. Além disso, as desigualdades na educação financeira e nas responsabilidades de cuidado da família fora do local de trabalho tem influência na participação das mulheres no emprego remunerado e, por conseguinte, na sua capacidade de criar riqueza”. 

Europa com uma desigualdade menos grave

A Europa apresenta a diferença de riqueza de género menos grave de todas as regiões analisadas, uma vez que se espera que as mulheres acumulem mais de três quartas partes (77%) dos níveis de riqueza dos homens na reforma. Espanha é, dentro dos países europeus estudados, o que apresenta melhores números, que mostram que as mulheres conseguem alcançar 86% da riqueza dos homólogos masculinos ao atingir a reforma. No outro extremo, o Reino Unido tem uma das maiores diferenças de riqueza entre homens e mulheres da Europa, com 71%, três pontos abaixo da média mundial a apenas acima dos Países Baixos (70%), que ocupa o último lugar na Europa.

Falta de apoio familiar para o cuidado dos filhos

A análise revela que a falta de apoio familiar para o cuidado dos filhos, que reduz a participação na força de trabalho, tem um grande impacto na capacidade das mulheres para criar um património para a reforma. Centrando a atenção na Europa, a falta de apoio familiar para o cuidado dos filhos é especialmente significativa no Reino Unido, Alemanha e Itália. Estas responsabilidades de cuidado afetam as mulheres de forma desproporcional em comparação com os homens, reduzindo a sua taxa de participação na força de trabalho e no tempo de emprego. As diferenças estruturais nas disposições sobre permissões legais relacionadas com o cuidado dos filhos agravam as desigualdades de género.

A análise mostra que a desigualdade de riqueza entre homens e mulheres nos Estados Unidos situa-se acima da média mundial, com 75%. O Canadá obteve resultados ligeiramente melhores, com 78%. A Nigéria é o país com maior desigualdade de riqueza de género do estudo, com 60%, seguida de perto pela Argentina, com 61%, e pelo México e Turquia, com 63%.