Quanto custa uma tonelada de dióxido de carbono? Começa a COP25 em Madrid

green; verde; ambiente; ambiental; obrigações; bonds
FundsPeople Espanha

Após a jornada inaugural, as fotos de grupo, as receções reais, o menu vegan, a Terra esgota-se e enquanto esperam por Greta chega o momento de se sentarem e negociar.

Na famosa COP21 de Paris, 187 países comprometeram-se a travar a subida da temperatura média do planeta para apenas mais dois graus comparativamente com a temperatura da era pre-industrial. E qual era a temperatura média? Estudos académicos de Harnisch et al. (2015), seguindo Stocker et al. (2013), estimam que a temperatura pre-industrial média do planeta era de 13.5-14.5°C, e que já podemos estar um grau acima.

Quanto CO2 mais se pode emitir?

Cumprir o objetivo de 2°C requer que a quantidade de CO2 e outros gases de efeito estufa na atmosfera, permaneça abaixo de um limite específico. O Painel Internacional sobre as Mudanças Climáticas (IPCC, 2014) estima que o orçamento total de carbono ascende aos 2.900 Gt de CO2 (giga toneladas de CO2) para limitar o aquecimento global em 2°C com uma probabilidade de 66%. O problema é que no fim de 2014 já se tinham emitido 2.050 Gt de CO2, pelo que que o orçamento de carbono restante a partir de 2015 ascende a 900 Gt de CO2.

Manter as intensidades de emissão necessárias para a sustentar a atividade económica ao ritmo das últimas quatro décadas, conduzirá provavelmente a um aumento da temperatura de aproximadamente 4°C em relação a 1861-1880 segundo Harnisch et al. (2014). O número contrasta com o estimado pelo relatório especial do IPCC (2018) sobre como manter o aquecimento global limitado a 1.5°C, que conclui que as emissões globais deveriam cair 45% desde os níveis de 1990 com vista a 2030.

Quanto custa o CO2?

No artigo 6 do acordo de Paris (2015), contempla-se que deverá exisitir um mecanismo para que os países troquem créditos de emissões de gases de efeito estufa. Assim, os países que reduzirem as suas emissões substancialmente poderão vender o excesso aos grandes emissores. Esse esquema poderá ser a base de um mercado internacional de carbono e representará a fixação de um preço global do carbono. Não obstante, os governos ainda não estão de acordo e, para muitos, a COP25 representa a esperança de avançar substancialmente neste terreno.

Mas a quanto está a tonelada de dióxido de carbono? Segundo o The Economist, o preço oscila muito. Atualmente há 50 países com um imposto sobre o CO2 em vigor ou com algum sistema de cap & trade. Se se acrescentarem algumas regulações regionais ou municipais, estas medidas cobrem atualmente 15% das emissões globais, face aos 4% de 2010, ainda que o número possa chegar aos 20%, quando no ano que vem a China der a conhecer o seu projeto sobre as emissões.

O preço mais caro por tonelada de dióxido de carbono emitida é pago na Suécia, 127 dólares, mas o preço médio ronda os 25 dólares, ainda que, segundo os especialistas, deva subir para um intervalo de entre 40 e 80 dólares para ser eficaz a travar o aquecimento.

A criação de mecanismos que permitam uma fixação do preço das emissões, é um dos pontos mais importantes na agenda dos governos em Madrid. Oxalá não o deixem para Glasgow 2020.