Segundo Álvaro Sanmartín, economista chefe da empresa, muitos países podem alcançar níveis do PIB pré-COVID no final de 2021, 2022.
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O cenário macro global a curto prazo continua muito determinado pela evolução da pandemia de COVID-19. Ainda assim, ampliamos o horizonte mais além dos próximos três ou seis meses, onde segundo a MCH Investment Strategies há sinais coerentes com um cenário de recuperação económica relativamente rápida que levará a maioria dos países a poder alcançar níveis de PIB pré-COVID no fim de 2021 ou em meados de 2022.
Neste sentido, e após o desastre económico que representou a primeira metade de 2020, o economista chefe da MCH Investment Strategies, Álvaro Sanmartín, aposta num cenário de recuperação económica global relativamente rápido, por quatro razões fundamentais:
- Segundo o especialista, ao contrário do que aconteceu em 2008, a situação da economia global imediatamente antes da crise provocada pelo vírus era relativamente saudável e equilibrada. “Estávamos num equilíbrio sustentável, ao qual a economia terá de voltar quando forem levantadas todas as restrições, ainda hoje vigentes, para conter a expansão do vírus”, aponta.
- A segunda razão é o sistema bancário: “Ainda que seja certo que os bancos têm hoje um sério problema de rentabilidade, a sua situação em termos de solvência é muito melhor do que antes da crise financeira internacional”, explica o especialista. Se a isto acrescentarmos a enorme ajuda que o sistema bancário global está a receber tanto em forma de liquidez barata como de garantias públicas face a falências, continua, “pode dizer-se com pouca probabilidade de erro que os bancos e o sistema financeiro em geral estão atualmente em posição de manter um fluxo de crédito suficiente em direção à economia real”.
- Além do acima referido, não nos podemos esquecer que os estímulos fiscais e monetário que puseram em prática os bancos centrais não têm precedentes e, segundo Sanmartín, “deverão contribuir para um desenvolvimento saudável da procura agregada global durantes os dois próximos anos”.
- A última razão baseia-se em considerações a mais curto prazo. Até num cenário de subidas de casos como o atual, e que poderá complicar-se ainda mais no outono, “é pouco provável que um número significativo de países volte a optar por estratégias gerais de confinamento”, tranquiliza o especialista. Na sua opinião, isto deve-se a duas razões: por um lado, porque são enormemente custosas tanto do ponto de vista económico como social; e por outro, porque o facto de que os maiores se estarem a proteger e de que uma percentagem elevada da população esteja a ter um comportamento responsável deverá ajudar a manter as taxas de mortalidade bastante mais baixas do que durante a primeira vaga e deverá contribuir também para que os sistemas de saúde não cheguem a sofrer uma pressão insuportável. “Países como a Suécia mostram precisamente que, com uma conduta responsável e protegendo a população vulnerável, pode-se conviver com o vírus e manter níveis de atividade económica, se não normais, razoavelmente saudáveis. Ao mesmo tempo, o cada vez mais provável aparecimento de algum tipo de vacina nos próximos meses faz pensar que as restrições de atividade que hoje ainda existem para controlar os contágios poderão chegar a desaparecer antes do que parecia provável no início da pandemia”, remata.
Uma recuperação como a mencionada também terá consequências, ainda que neste caso não sejam imediatas, sobre a evolução futura dos preços. Para Sanmartín, “ainda que pareça evidente que a inflação não vai aumentar a curto prazo, com uma perspetiva de 12-18 meses, há razões sérias, como a própria recuperação económica e os enormes estímulos fiscais e monetários postos em marcha, para duvidar do cenário de inflação reduzida e taxas reais permanentemente negativas que hoje preveem as curvas de taxas nos seus trechos mais longos”.