Os analistas da Fidelity fizeram um estudo setor por setor e determinaram que os serviços públicos desfrutam atualmente das melhores oportunidades de negócio.
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Voltar atrás depois de mais de um século de dependência de combustíveis fósseis é uma tarefa formidável. Não obstante, as políticas públicas, os avanços tecnológicos e as atuações dos investidores estão a forçar mudanças na nossa forma de vida. Esta transição para um mundo com baixas emissões de carbono suscita riscos de perdas, mas um recente inquérito a analistas da Fidelity International revela que o caminho para as emissões líquidas oferece agora mais oportunidades para que alguns setores beneficiem.
Serviços públicos
Os analistas da entidade fizeram uma análise do setor por setor. E determinaram que os serviços públicos desfrutam atualmente das melhores oportunidades de negócio. Esta visão justifica-se pelo investimento que destinam a energias verdes. A transição também poderá reduzir os riscos empresariais deste setor.
Segundo um analista de obrigações da gestora, as empresas de serviços públicos farão a transição para aumentar o peso das energias renováveis, protegendo-as com contratos de longo prazo. “Da perspetiva da dívida corporativa, isto reforça o seu perfil creditício e permite-lhes reduzir o custo da sua dívida, já que as empresas líderes passarão por investimentos mais seguros.”
Setor energético
Porém, o que talvez não surpreenda é que as empresas energéticas enfrentam os maiores riscos à medida que forem eliminados gradualmente os combustíveis fósseis, o que os deixará com ativos obsoletos. Num passo sem precedentes, a Agência Internacional da Energia apelou às empresas energéticas para que travem os novos projetos de exploração de petróleo e gás a partir deste ano.
Os analistas da Fidelity consideram que estas diferenças entre os setores sejam reduzidas com o passar do tempo, à medida que as empresas de serviços públicos e energéticas esbatam as linhas que as separam pela via das fusões e aquisições para se tornarem nas locomotivas limpas do futuro.
Setor industrial
Depois dos serviços públicos, o setor industrial apresenta-se aos olhos dos analistas da entidade como a área com as perspetivas mais animadoras derivadas da transição energética, mas com o segundo nível mais alto de risco. Segundo o analista de bens da equipa da Fidelity, esta área deverá beneficiar de uma maior procura de produtos, desde equipas para energias renováveis e pontos de recarga de veículos elétricos até à maquinaria para eletrificação ferroviária e eletrolisadores de hidrogénio.
“A adoção de veículos elétricos já está a acelerar, impulsionada pela regulação, as ajudas devido ao COVID-19 e o interesse dos consumidores. Outras áreas como a silvicultura e a construção estão a aproveitar o crescente interesse pelos substitutos do plástico à base de Madeira. Não obstante, uma grande quantidade de empresas industriais enfrentam os riscos que apresenta a regulação, as alterações das cadeias de fornecimento e os negócios tradicionais. O mesmo ocorre com os materiais como o aço e o cimento. São pontos-chave para a transição, mas devem descarbonizar-se pelo caminho, o que representa um enorme custo”, afirma.
Consumo discricionário
Para os analistas da Fidelity, as empresas de consumo discricionário oferecem menos oportunidades. E, em geral, pontuam baixo nos objetivos e ações ao longo do inquérito. O setor continua em modo de sobrevivência devido à pandemia e muitas vezes têm menos razões para pensar na descarbonização. Os cruzeiros e as linhas aéreas são exceções óbvias. Também estão centradas em manter-se à tona perante as restrições das viagens pelo COVID-19. Mas não podem esquecer-se da transição, já que são grandes emissores.
“As linhas aéreas ainda não podem fazer promessas de neutralidade em emissões de carbono. Necessitam de um avanço tecnológico na área dos combustíveis alternativos para chegar aí. O hidrogénio e as baterias poderão tornar possíveis os voos domésticos. Não obstante, os voos de longo curso poderão ter de recorrer a compensações” destaca o analista do setor das linhas aéreas.