Quiz 4 aos gestores de fundos de ações nacionais: alguns factores cruciais para a evolução das cotações das empresas portuguesas

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Nuno Coimbra

- De que forma prepararam a carteira do vosso fundo para este novo ano?

Assumindo uma manutenção das tendências económicas/financeiras recentes em 2016 o posicionamento dos Fundos de ações portugueses geridos pela Caixagest tem, nos últimos meses, continuado a privilegiar o investimento em empresas com potencial de valorização, nomeadamente, em empresas eminentemente exportadoras, beneficiárias líquidas da recente desvalorização do Euro face às principais moedas internacionais, e em empresas ligadas ao consumo,  em função do previsível aumento do rendimento disponível da população portuguesa durante 2016, sempre numa lógica de investimento com bases fundamentais a médio-longo prazo.

- Quais os principais receios que têm em relação ao PSI 20 neste momento? Quais as principais esperanças/ oportunidades que veem no PSI-20?

A dinâmica do mercado nacional em 2016 estará naturalmente relacionada com a evolução dos mercados acionistas europeus, refletindo  especialmente  as condições monetárias europeias e a redução do prémio de risco dos mercados periféricos. Adicionalmente, a capacidade das empresas nacionais reforçarem os seus resultados operacionais, diminuírem o seu nível de alavancagem financeira, e a evolução dos diversos enquadramentos regulatórios/fiscais setoriais e eventuais alterações da perceção do risco político/soberano nacional, serão também fatores cruciais para a evolução das cotações das empresas nacionais.

- Como se reage a quedas para mínimos como as que aconteceram nos últimos dias?

O início de 2016 está a ser caracterizado, simultaneamente, por níveis de volatilidade elevados à escala global e pela fraqueza dos preços dos ativos com risco, situações que dadas as características e estrutura do mercado português estão,  naturalmente, a condicionar o desempenho das empresas do PSI-20. Atendendo a este contexto, o esforço da Caixagest está centrado na deteção de eventuais oportunidades que poderão surgir em função de desvalorização dos preços dos títulos e que eventualmente sejam consideradas excessivas, numa lógica de valor fundamental a médio longo-prazo.

- George Soros comparou o quadro atual à crise de 2008, o Royal Bank of Scotland aconselha os investidores a venderem todas as posições, a SocGen diz que o S&P 500 pode afundar 75%... Como se gere fazendo "ouvidos moucos" a este tipo de noticias?

Apesar das últimas semanas terem sido caraterizadas pela divulgação de algumas visões francamente negativas, para a evolução futura dos mercados acionistas, às quais a Caixagest está naturalmente atenta, o foco da sociedade está centrado na lógica de investimento a médio-longo prazo, e como tal considera mais relevante a monitorização do desempenho da envolvente económica e financeira Global, sempre com a noção que a evolução relativa do mercado acionista português em 2016 refletirá não só a dinâmica económica nacional e dos principais parceiros comerciais, como também a evolução dos diversos enquadramentos regulatórios/fiscais sectoriais e o risco político e soberano de Portugal.