Reduz-se a importância dos fatores regulatórios como elemento motivador para considerar os riscos ESG em planos de pensões

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O estudo European Asset Allocation 2021 da Mercer valida uma tendência que se tem vindo a verificar intensamente nos últimos anos. As questões ambientais, sociais e de governance (ESG) têm cada vez mais a atenção dos investidores.

Entre os destaques: 

  • “Um grande aumento de investidores a utilizarem indexação low-carbon ou climática, em comparação com o ano transato (26% vs 6%)”. 
  • “A grande maioria dos investidores europeus integra os fatores ESG em todos os aspetos dos seus processos operativos, incluindo: seleção de gestores (83%), monitorização de investimentos (88%), reporte (79%) e alocação de ativos (64%)”. 
  • “Os investidores estão a mudar de uma posição mais reativa para uma posição proativa.” 
  • Os fatores regulatórios estão a diminuir de importância como um elemento motivador para considerar os riscos ESG (67% mencionaram-no como um fator-chave, face a 85% no ano anterior).

Segundo Rui Guerra, partner e business leader de Wealth da Mercer Portugal,  “embora estejamos num momento extremamente desafiador para muitos investidores, o período de pandemia viu surgir um aumento de ativos em fundos de investimento sustentáveis em toda a Europa, inclusivamente em Portugal”. 

Os dados divulgados, mostram que 40% dos planos de pensões em Portugal consideram os riscos ESG, um valor bastante acima dos 29% que a entidade consultora divulgava em 2019

No entanto, Rui Guerra alerta também para uma nova tendência. “Apesar das questões ambientais continuarem a ser o foco principal, é interessante assistir ao facto de muitos investidores começarem a considerar o impacto social dos seus investimentos. Com a responsabilidade corporativa no topo das agendas, mais empresas querem ter um papel decisivo, apoiando questões como os direitos humanos, a igualdade de remuneração e a igualdade social,” destaca. 

Em Portugal, como em vários outros países, são as questões ambientais que têm maior ênfase nos planos de pensões, como visível no gráfico abaixo, muito embora as questões sociais e de governance acabem por mostrar maior relevância do que em países como a Suíça, por exemplo.

O estudo revela também que, apesar das considerações ambientais terem algum peso no panorama nacional, os planos de pensões em Portugal, não consideram, de todo, os riscos que as mudanças climáticas podem representar nas carteiras de investimentos. Os 0% de Portugal contrastam com os 88% da Alemanha, no extremo oposto nas respostas a esta questão.