Reposicionamento da carteira do Carmignac Patrimoine depois da vitória de Trump

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Antoine Antoniol-Bloomberg

“A vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos reflete a rejeição do regime neo-liberal e da globalização que se acelerou desde a crise de 2008”. Assim acreditam do Comité de Investimentos da Carmignac, que consideram que um sinal importante da transição em curso dos estímulos monetários para os orçamentais, são os valores industriais e cíclicos que, ajudados pela estabilização da economia mundial, dispararam dos mínimos e bateram outros sectores. “A eleição de Donald Trump reforçou esta tendência. No entanto, o discurso populista do presidente eleito está acompanhado, na realidade, de um programa que não o é tanto assim. Ainda que comtemple fortes estímulos orçamentais, inicialmente será posto em prática com descidas de impostos, sobretudo para as empresas, além de um incremento do investimento em infraestruturas e, portanto, do défice orçamental”.

Segundo explicam da empresa francesa, independentemente do ceticismo com o qual se possam abordar todos estes objetivos, estes deverão resultar numa subida das yields nas maturidades mais longas. “Desde o passado verão, temos reduzido o risco em todas as nossas carteiras de fixed income e abrimos uma posição curta em dívida pública norte-americana, posicionamento que temos reforçado em datas mais recentes. Relativamente às ações, este novo regime também representará mais apoio para os títulos do sector das matérias primas e para os títulos orientados para o crescimento interno. Temos começado a reorientar a carteira de ações nesta direção, ainda que tenhamos sido pouco rápidos devido à considerável aceleração da tendência desde as eleições norte-americanas”, explicam.

Estratégia em ações do Carmignac Patrimoine, produto com a classificação Blockbuster Funds People

Em ações, a empresa continua a gerir o risco através de uma carteira equilibrada. “Continuamos a investir em ações com boa visibilidade dos lucros e que possam gerar rentabilidades crescentes em qualquer contexto macroeconómico. Na nossa carteira, este grupo inclui desde empresas de internet e tecnológicas, até empresas de healthcare. Além disso, parte das mais valias que realizámos desde o início do ano, afetaram os títulos de sectores que foram impulsionados pelo contexto de baixas rentabilidades e baixo crescimento dos últimos anos. No sector das saúde, os investidores respiraram de alívio depois da derrota da Hillary Clinton, já que a candidata democrata tinha ameaçado aplicar drásticas medidas sobre os preços dos medicamentos. Por outro lado, o discurso protecionista de Trump provou ser negativo para os títulos de internet e tecnológico e o bom comportamento do sector desde o início do ano deu lugar a pronunciadas tomadas de mais valias. No entanto, esta volatilidade a curto prazo não terá consequências para o perfil de crescimento a longo prazo das nossas posições em tecnologia”.

Continuarão também a investir em ações de mercados emergentes. “Desde que Trump foi eleito, os ativos emergentes sofreram uma volatilidade elevada como resposta a uma maior incerteza e à ameaça de políticas protecionistas nos EUA. No entanto, a notória melhoria dos fundamentais de muitos países emergentes durante os últimos anos fez com que estes mercados fossem menos vulneráveis às subidas das taxas de juro e à apreciação do dólar do que o mercado temia. Além disso, o incremento previsto no investimento do sector privado nos EUA deverá favorecer o conjunto dos produtores de matérias primas. Por fim, o mundo emergente é muito mais influenciado pelo que se passa na China do que pelo estado da economia norte-americana. Um claro sinal disso é que as economias emergentes têm beneficiado da estabilidade proporcionada recentemente pelos programas de estímulos do governo chinês. Com isto em mente, continuaremos a ser otimistas, mesmo que muito seletivos, num contexto em que, provavelmente, continuaremos a ver volatilidade”.

Estratégias em obrigações

Mesmo que o mercado de obrigações tenha sofrido com a vitória de Trump e com as consequentes expectativas de inflação nos EUA, a componente de obrigações do Carmignac Patrimoine mostrou resistência, graças, em parte, à marcada redução de risco que efetuaram desde o início do verão. “As rentabilidades em mínimos históricos nos principais países desenvolvidos eram um sintoma tangível da complacência entre os investidores de fixed income, o que fez com que os investimentos neste segmento de mercado ficassem vulneráveis a três riscos: 1) a possibilidade de os bancos centrais poderem orquestrar uma mudança sem precedentes para políticas monetárias menos acomodatícias; 2) a agenda política poderá correr o risco de confundir-se com o auge dos movimentos de contestação; e 3) o provável aumento da inflação nos EUA”.

Em resposta a isso, a partir de julho atuaram para reduzir gradualmente a duração modificada do fundo, tomando posições curtas em obrigações do Tesouro dos EUA e Bunds alemãs, realizando mais valias em dívida pública da periferia europeia, dívida de empresas de matérias primas e do sector financeiro e ajustando a sua exposição a dívida dos mercados emergentes. “Manteremos a nossa sensibilidade negativa às taxas de juro. Ao mesmo tempo, continuaremos a gerir ativamente a exposição aos nossos três motores de rentabilidade em obrigações: a dívida subordinada emitida por bancos europeus, as obrigações europeias garantidas por empréstimos e a dívida emergente, principalmente de países exportadores de matérias primas, onde reduzimos consideravelmente o nosso risco de divisa”.

Divisas

No plano das moedas, ainda que tenham reduzido a exposição à moeda norte-americana perante as eleições nos EUA, desde então reorganizaram as suas posições em dólares e euros em detrimento do yen e das moedas emergentes para ter em conta o efeito do programa de Trump no dólar (entradas de capitais nos EUA que darão apoio ao dólar).