Risco de liquidez e riscos específicos de seguros de Vida mantêm as respetivas avaliações em médio-baixo e médio-alto

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Créditos: Loic Leray (Unsplash)

A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) lançou recentemente o relatório intitulado Painel de Riscos do Setor Segurador. Neste relatório são abordados os riscos de crédito e de mercado, nomeadamente os riscos associados à liquidez e aos seguros de Vida.

No final de 2022, os principais riscos do setor segurador nacional continuavam sob a influência do prolongamento do conflito geopolítico e os seus efeitos sobre a conjuntura macroeconómica. “Estes fazem-se repercutir particularmente ao nível das pressões inflacionistas, que adquiriram um carácter de maior durabilidade”, afirma a ASF.

Esta incerteza em torno do contexto macroeconómico levou a períodos de maior volatilidade nos mercados, assistindo-se, segundo a ASF, “a um acentuar do risco de reavaliação dos prémios de risco dos emitentes soberanos e privados, dado o aumento das respetivas yields”. Desta forma, os riscos de crédito e de mercado mantêm as suas avaliações em médio-alto e alto, respetivamente.

Quanto aos riscos de liquidez, a sua classificação permanece como médio-baixo, mas com uma tendência ascendente devido ao decréscimo do rácio de liquidez de ativos desde o início de 2022. Como podemos ver no gráfico 1, o rácio de liquidez dos ativos diminuiu de forma transversal à maioria das empresas, cifrando-se em 67,3% para o total do mercado.

Gráfico 1: Rácio de liquidez dos ativos

Fonte: QRS

A categoria de rendibilidade e solvabilidade também mantém o nível de risco médio-baixo, mas com uma tendência constante. Apesar de uma ligeira descida, “o rácio de cobertura do Requisito de Capital de Solvência (SCR) fixou-se em 200,8%, mantendo-se em níveis materialmente acima dos registados no período pré-pandemia”, afirma a ASF. 

Eventual quebra na procura por produtos Vida Ligados 

No que diz respeito aos riscos específicos de seguros de Vida foi possível verificar, no terceiro trimestre de 2022, um decréscimo do valor anualizado da produção, com uma quebra de 9,7% face ao trimestre anterior. De acordo com a ASF, “esta evolução retrata a quebra experienciada ao nível dos produtos Vida Ligados”, que deverá estar relacionada com o contexto de elevada incerteza e volatilidade nos mercados financeiros. Este contexto pode ter levado à redução da procura por este tipo de produtos e, simultaneamente, ao reforço da necessidade de realinhamento das estratégias de negócio das empresas. 

Por fim, os riscos associados ao ramo Vida acentuam-se e podem materializar-se através de um aumento de resgates, “num contexto de aumento geral dos custos de vida – decorrente da elevada inflação – e de menor capacidade de poupança dos particulares”, afirma a ASF. O risco dos específicos de Seguros de Vida mantém-se, desta forma, médio-alto, com tendência constante.