Rui Coimbra (Millennium bcp): “A gestão ativa das carteiras permitiu que adaptássemos o investimento à evolução da pandemia”

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Rui Coimbra. Créditos: Vítor Duarte

Em 2020, ano de início da pandemia, a gestão ativa foi um dos trunfos nas carteiras da banca privada do Millennium bcp. Rui Coimbra, responsável pelo segmento, conta agora em entrevista à FundsPeople que esta gestão lhes permitiu “gerir o peso da dívida governamental (como ativo de refúgio)”. Se inicialmente aumentaram a exposição a dívida US Aggregate, num ambiente de volatilidade elevada, posteriormente foram reduzindo essa exposição, “à medida que a incerteza diminuiu”.

Igualmente, a utilização de fundos de investimento nas carteiras foi outra mais valia. Os produtos com um “elevado grau de diversificação”, refere, “reduzem riscos específicos resultantes da exposição a empresas individuais que pudessem ser mais afetadas neste contexto”.

A importância da manutenção dos investimentos foi um dos pontos fundamentais. Sendo que era esperada uma recuperação, mantiveram “uma preferência por ativos de risco, favorecendo o investimento em ações, em dívida empresarial e também em commodities”. Paralelamente, reforçaram “a exposição a setores e regiões mais resilientes ao contexto pandémico, designadamente ao setor tecnológico e à Ásia”. “A gestão ativa das carteiras permitiu que adaptássemos o investimento à evolução da pandemia”, resume o profissional.

Queda limitada

Em contexto de pandemia, a queda das carteiras foi, portanto, limitada. “A recuperação foi muito rápida, e como resultado no último ano e meio (período de pandemia) os retornos obtidos foram expressivos, entre 8% e 20% respetivamente nas carteiras mais conservadora e mais agressiva”, adianta o responsável. 

Assim, a fórmula da entidade passou pelo “elevado nível de diversificação das carteiras (classe de ativos, regional e sectorial), a gestão ativa em termos de alocação bem como a seleção de fundos de investimento internacionais best in class”, detalha Rui Coimbra. Esta filosofia tem “permitido a obtenção de retornos muito positivos, que evidenciam uma evolução resiliente e consistente das carteiras ao longo de vários ciclos de mercado”. Desta forma, nos últimos 10 anos registaram retornos acumulados de 38% (3% ao ano) e 126% (9% ao ano) respetivamente nas carteiras mais conservadora e mais agressiva.

Novas formas de trabalhar

Para além do trabalho nas carteiras de investimento, das equipas foram exigidas outras valências. “2020 provocou disrupções significativas, e obrigou-nos a adotar novas formas de trabalho para assegurar a produtividade e a proximidade e o serviço aos clientes”, recorda o responsável.

A cultura de proximidade entre clientes e private bankers foi sendo fomentada, e plataformas como o Skype ou Teams encurtaram distâncias. E, ao mesmo tempo, foram adaptando a forma e os canais de trabalho.  “Em 2020 promovemos com particular incidência a colocação de canais digitais juntos dos clientes que ainda não haviam aderido às soluções digitais”, conta. O resultado foi melhor do que o esperado. “A reação dos clientes ultrapassou as nossas expectativas, na adesão e na utilização”, confessa.

Muita da clientela que parecia procurar um relacionamento mais tradicional, surpreendeu pela positiva. “Valorizaram as vantagens que uma app como a nossa acrescenta à sua vida, não só para consultas ou pagamentos de serviços, mas também para transações de valor acrescentado como a subscrição de fundos ou transações através do MTrader”, afirma.

A fatia de clientes mais digital por natureza foi abordada de outra forma. Foi criado um novo espaço denominado Private Direct, “a pensar nos millennials e generation X”. Um segmento que “valoriza uma abordagem e uma gestão do dia a dia baseadas num relacionamento digital”.