Santander adquire o Banco Popular por um euro e irá realizar uma ampliação de capital de 7.000 milhões

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Miguel Cunha Duarte, Flickr Creative Commons

A solução para o futuro e viabilidade do Banco Popular já tem uma cor: o vermelho do Santander. O banco presidido por Ana Botín acabou de comunicar à Comissão Nacional do Mercado de Valores (CMVM espanhola) a compra de 100% do capital social do Popular pelo preço de um euro. A operação surge “como resultado de um processo competitivo de venda organizado ao abrigo de um esquema de resolução adotado pela Junta Única de Resolución  e executado pelo FROB”. No leilão, o Santander foi selecionado como entidade vencedora. Desta forma, a resolução do Popular será efetuada sem ajudas públicas.

Para levar a cabo esta operação, o Santander tem previsto realizar uma ampliação de capital na ordem dos 7.000 milhões de euros que cobrirá o capital e as provisões necessárias para reforçar o balanço do Popular. As atuais ações do Santander terão direito preferencial de subscrição no aumento de capital e, além disso, “o Santander compromete-se a assegurar o valor total do destinatário”, confirma o comunicado. Espera-se que a operação gere um retorno sobre o investimento de 13%-14% em 2020 e um crescimento no lucro por ação em 2019. Segundo a entidade, serão geradas sinergias de custos perto de 500 milhões anuais a partir de 2020.

Como parte da execução do mencionado dispositivo de resolução, foi realizada a amortização integral da totalidade das ações do Banco Popular em circulação até ao fecho do dia de ontem e das ações resultantes da conversão dos instrumentos de capital regulatórios Additional Tier 1 emitidos pelo Popular e, ainda, a conversão da totalidade dos instrumento de capital regulatórios Tier 2 emitidos pelo Popular em novas ações emitidas do banco, as quais foram na totalidade adquiridas pelo Santander pelo preço de um euro”, explica a entidade, que, depois destas operações, espera que o impacto no capital CET1 do grupo seja neutro. No futuro, a transação aumentará a capacidade do banco de gerar capital de forma orgânica. Neste sentido, o Santander mantém o seu compromisso de aumentar o seu rácio de capital CET1 acima dos 11% em 2018.

Para situar o nível de provisões e de capital do Banco Popular em linha com o resto do grupo, o Santander fará uma injeção de 7.900 milhões de euros em provisões adicionais para ativos não-produtivos, incluindo 7.200 milhões para ativos imobiliários. Isso elevará o nível de cobertura de risco vinculado à atividade imobiliária de 45% para 69%, “significativamente superior à média do sector”, que é de 52%. “O grupo Santander espera reduzir os ativos imobiliários do Banco Popular de forma significativa, tal como foi feito no Santander durante os últimos anos”, assegura.

Uma operação ibérica

Em Portugal, o Santander Totta terá mais de quatro milhões de clientes, tornando-se no maior banco privado em ativos e de crédito, passando a deter uma quota de mercado de 17%. “Como resultado desta operação, o Santander Totta incorporará o Banco Popular Portugal”, pode ler-se no comunicado. Esta aquisição irá beneficiar mais de 21 milhões de clientes em Portugal e Espanha, que passam a beneficiar de uma rede de balcões muito mais ampla. Em Espanha, o Santander passa a ser a maior entidade em termos de quota de mercado em créditos e depósitos, com 17 milhões de clientes.

Panorama de ambas as entidades gestoras, em Portugal

No que diz respeito aos Fundos de Investimento Mobiliário, a Santander Asset Management detinha, no final de março de 2017, 1.606,16 milhões de euros em volume de ativos sob gestão, detendo 13,94% de quota de mercado. A Popular Gestão de Activos, por sua vez, no final de março apresentava um volume sob gestão de 146,49 milhões de euros, e uma quota de mercado de 1,27%. 

Relativamente aos Fundos de Investimento Imobiliários, a Santander Asset Management e a Popular Gestão de Activos apresentavam, no mesmo período, uma quota de mercado de 4,05% e de 0,27%, respetivamente. Quanto ao volume sob gestão, a primeira apresentava um volume sob gestão de 431,98 milhões de euros, sendo que a segunda entidade apresentava mais de 28 milhões de euros em ativos sob gestão.