Apesar de um ano complicado, onde assistiu a uma redução significativa dos seus ativos sob gestão, a Santander AM mantém a ambição de alcançar o terceiro lugar na gestão de fundos mobiliários em território nacional.
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Depois do Banco Santander em Portugal apresentar os resultados relativos a 2022, foi a vez da Santander Asset Management divulgar o seu relatório anual. Ao contrário do banco, a gestora de ativos do grupo em Portugal passou por um ano mais complicado do que antecipado no início do ano de 2022.
Apresentação de resultados
Como se pode ler no Relatório de Gestão de 2022, publicado recentemente, “a sociedade tinha desenhado um orçamento extremamente ambicioso, em termos comerciais e também em resultados esperados”. Os resultados ficaram aquém do esperado por via de efeitos de mercado - desvalorização dos ativos geridos - mas também por vendas líquidas negativas não previstas. Posto isto, a redução do volume sob gestão “impactou negativamente o volume das comissões cobradas, face ao orçamentado”.

A queda foi transversal aos vários segmentos de atividade da entidade gestora. No que concerne os fundos mobiliários, assistimos a uma queda de 20%, cerca de 600 milhões de euros. A quota de mercado atual cifra-se agora nos 15,41%.
Para 2023, ainda no espectro dos fundos mobiliários, a Santander AM prevê o “lançamento de novos produtos buy and hold, em formato da fundo de investimento e unit-linked, com o objetivo de manter os títulos até ao vencimento, para garantir o rendimento do investimento”.
Na gestão de património destaca-se que, apesar da queda de 12%, o grupo conseguiu aumentar a sua quota de mercado de 20,8% para 21,19%. Este aumento pode ser parcialmente justificado pela "adição dos ativos do Fundo de Pensões BANIF, tendo incorporado o mesmo, através de aditamento, no contrato de gestão existente entre as sociedades".
Contas feitas, os ativos sobre gestão caíram aproximadamente 15%, totalizando agora 8.109 milhões de euros. A queda fez-se sentir nas comissões líquidas cobradas. Estas passaram de 10,64 milhões de euros para 9,4 milhões de euros em 2022. Apesar da redução de custos no negócio, o resultado líquido do período ficou nos 3,77 milhões de euros, uma queda de cerca de 30% face ao período homólogo.

Entrando no detalhe, podemos constatar os movimentos por trás da redução das comissões líquidas cobradas pela entidade. Os rendimentos de serviços e comissões apenas reduziram 329 mil euros, uma queda de aproximadamente 2%.
O resultado líquido da rubrica foi significativamente mais impactado pelo aumento dos encargos. A comissão de gestão paga à parte espanhola do grupo Santander - gestora dos fundos nacionais - aumentou 1,66 milhões de euros, cerca de 38%. A entidade justifica o aumento com “a revisão do Investment Management Agreement, que originou o aumento das comissões a pagar pelos fundos da categoria Select”.
Entidade manteve foco na sustentabilidade
Apesar das dificuldades sentidas durante o ano, a Santander AM manteve o esforço feito no que concerne investimentos sustentáveis. “Foram implementadas alterações no processo de decisão de investimento, assentes na abordagem sustentável e responsável do investimento, decidida a nível corporativo do Grupo Santander, tendo em consideração aspetos ambientais, sociais e de governance nas decisões de investimento, sem descurar os objetivos financeiros definidos”, pode ler-se no relatório.
Podem ler-se, também, que foram aprovadas versões atualizadas das políticas internas de investimento sustentável, bem como adaptadas as políticas de voto e engagement que se relacionam com as estratégias ambientais, sociais e de melhores práticas de governo. Do ponto de vista operacional, foi “desenvolvida e implementada a metodologia de análise própria para obter uma avaliação sobre o desempenho ASG (ambiental, social e governance) dos ativos que integram ou podem integrar as carteiras dos organismos de investimento coletivo e as carteiras sob mandato de gestão da sociedade”.
Todas as alterações mencionadas culminaram na alteração da classificação SFDR de vários fundos da entidade, bem como, no aumento da distribuição de material informativo e de compliance com os requisitos de disclosure necessários.
As perspetivas para 2023
Os objetivos para 2023 mantêm-se ambiciosos. O foco da entidade não se alterou. Pretendem recuperar a quota de mercado e tornar-se a terceira maior entidade gestora de fundos mobiliários.
Para tal, visa “encontrar soluções de investimento que procuram adaptar-se às condições do mercado, e que sejam simultaneamente inovadoras, como produtos que invistam em empresas tecnológicas, que serão o futuro da economia, ou soluções de investimento que cumpram os critérios de investimento ASG”. Garante ainda que as transformações continuarão a ter por base um projeto global, elaborado com a missão de transformar a entidade numa empresa global, mais ágil, mais organizada e ainda mais eficiente.