Matteo Cassina, global head of sales do Saxo Bank, falou à Funds People Portugal sobre as principais vantagens do robo-advisory, e como atuam a esse nível.
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Lisboa foi o palco perfeito para conversar, no dia 8 de novembro, com Matteo Cassina, global head of sales do Saxo Bank. Porquê? A atmosfera criada pelo Web Summit - que reuniu mais de 1.500 de investidores e 2.000 empresas - não poderia ser contexto mais apropriado para discutir temas tão em voga, como as Fintech ou o robo-advisory.
Um otimista sobre todo este contexto disruptivo, Matteo Cassina, em entrevista à Funds People, começou por sublinhar a antiguidade que o Saxo Bank apresenta no ambiente mais tecnológico. “Gostamos de nos apelidar como uma entidade ‘Fintech before Fintech’” começou por referir, contando um pouco da história subjacente à entidade. “Ao nível do trading, numa componente mais inovadora, começámos no final dos anos 90 e, curiosamente, de forma muito próxima com um banco português - o Banco Carregosa. Essa solução permite-nos ser broker, prime broker e custodiante para um determinado negócio, mas também, numa base de arquitetura aberta, sermos responsáveis por uma solução técnica para uma determinada entidade”, disse, acrescentando que disponibilizam essa plataforma num modelo de white label.
Neste tipo de plataformas digitais, o especialista explica quais as grandes oportunidades que se observam atualmente. Diz, por um lado, que uma das grandes tendências está nas “pessoas que querem delegar a gestão do seu dinheiro a uma terceira pessoa, e o podem fazer através de uma plataforma”. Por outro lado, importa olhar para a “franja de clientes que necessita de alguma ajuda” ao nível de conteúdos que justifiquem as suas escolhas de investimento. Mostra uma questão específica, na perspetiva do cliente: “Se eu tiver uma posição na Cisco que espero manter durante os próximos 10 anos, e com o pagamento de um dividendo interessante, qual a visão existente em relação às empresas do mesmo sector e do mesmo país, que pagam um dividendo melhor?”. Este tipo de questão pode ser solucionada, explica Matteo, através da apresentação de factos disponibilizados pela plataforma. Outra das funcionalidades da plataforma, referiu, passa por responder a uma questão simples sobre o cliente: “Quem é, e o que quer fazer?”. Deste modo, analisam nuances como a idade, situação profissional, património, etc. Depois dessa análise elaborada são sugeridos, por exemplo, quais os produtos ou alocação de ativos que se adequa ao tipo de perfil da pessoa e e às suas necessidades presentes e futuras.
Num âmbito do robo-advisory, o Saxo Bank disponibiliza esta solução B2C, que, contudo, ainda não está disponível no espaço ibérico. “Em Portugal e Espanha decidimos apenas trabalhar com parceiros institucionais (em B2B2C) enquanto que noutros 20 países a solução B2C já está implementada”.
A consciência em tempo real
No benefício trazido para o cliente, Matteo destaca por exemplo o imediatismo com que este lida com a informação, mas também a própria capacidade de intervir no seu investimento. “Através do telemóvel o cliente pode monitorizar o seu fundo de investimento em tempo real e ao mesmo tempo carregar no botão ‘Exit’ caso queira sair dele”, exemplifica, esclarecendo que “apesar da gestão estar delegada a alguém, na realidade o cliente tem poder de decisão e o controlo total do portefólio, pelo facto deste ser disponibilizado em tempo real”.
Numa perspetiva de evolução do negócio, o profissional assegura que com este tipo de plataforma "o private banker digital no futuro será muito mais eficiente”. Do lado do cliente, perspetiva que muito embora nem todos estejam preparados para lidar com tal tecnologia, sentir-se-ão, no final do dia, “muito mais confiantes em falar com um profissional que usa a tecnologia” para responder a determinadas questões de forma rápida e imediata, sem ter de consultar o analista X ou Y.
Visão sobre geral
Nalgumas palavras gerais sobre o momento disruptivo que o mundo financeiro vive, Matteo foi muito conciso ao referir que por exemplo “as Fintech ainda estão a ser subvalorizadas pelos bancos”. Lembra, também, “que existem muitos jovens a desenvolver aplicações relacionadas com o sistema bancário, mas que não têm conhecimentos sobre reputação, balanços, relações com os Bancos Centrais, etc”, justifica.
Quanto à atuação dos próprios reguladores relativamente a esta evolução da indústria, o especialista acredita num caminho que andará a par e passo. “Acredito que a indústria irá inovar primeiro, e os reguladores ‘vão aparecer’ definindo certas barreiras, principalmente à medida que coisas menos boas vão acontecendo”.