Com grande experiência em estratégias de dívida privada, a Horizon Capital AG tem ADN suíço, e, desde 2017, ano da sua criação, oferece uma gama de soluções de investimento para financiar a economia real através do financiamento do comércio de matérias-primas ou da dívida do mercado imobiliário. Segundo Sebastién Max, CEO e sócio fundador da Horizon Capital, as estratégias da entidade centram-se em transações a curto prazo sustentadas por ativos físicos. Uma fiscalidade que se destaca quando o especialista começa a dar as primeiras pistas sobre as estratégias. “Controlamos todas as transações que ocorrem em cada região, acompanhando cada barco até ao seu porto de descarga”, explica. “Os empréstimos habituais realizados têm um prazo de 30 a 90 dias, e o intervalo das operações oscila entre 0,5 milhões e 20 milhões de dólares, sendo o montante médio do empréstimo de aproximadamente três milhões”.
Sebastién Max sublinha que este tipo de ativos gerou resultados interessantes. “O financiamento do comércio tem taxas historicamente baixas de incumprimento, inferiores a 1%, segundo os dados do ICC Trade. A rentabilidade procurada nas suas estratégias baseia-se numa taxa de referência e num spread, pelo que, quando as taxas de juro, como o SOFR, sobem, a rentabilidade da estratégia também aumenta”, explica.
O fundo Horizon Capital Fund - European Trade Finance, bem como o resto de estratégias, tem uma abordagem market neutral. “As nossas estratégias estão feitas para oferecer bons resultados tanto em mercados em alta, como em baixa. Não dependem da evolução do mercado e funcionam em contextos de taxas de juro elevadas ou baixas, bem como com preços de matérias-primas flutuantes, mas com baixa volatilidade”, assinala Sebastién Max.
Quanto à divisa de investimento, o CEO afirma que a maioria dos empréstimos são cedidos em dólares, com uma carteira segregada denominada em euros (em referência ao fundo mencionado anteriormente). Não se pode investir noutras divisas. “A diversificação das carteiras”, afirma o especialista, “é um dos mitigadores do risco, mas varia em função dos ativos sob gestão das estratégias”. Como norma, não obstante, fixam um objetivo por operador de 10%. Por outro lado, “não têm limites fixados para matérias-primas”, embora apostem na diversificação, algo que também aplicam quanto a setores.
A principal diferença entre as estratégias da Horizon Capital e as dos outros concorrentes é que “não se baseiam nas típicas matérias-primas”. Sebastién max salienta que “não investimos diretamente e/ou apenas nas próprias commodities, mas também nas que representam o financiamento subjacente”. “Os empréstimos que financiamos estão colateralizados e garantidos”, sublinha.
Riscos: dos atrasos normais nas transações até às fraudes
Tal como noutras classes de ativos, o financiamento do comércio de matérias-primas tem determinados riscos. Além do mais óbvio, o risco de crédito devido a incumprimentos de empresas, Sebastién Max menciona o risco de liquidez, fraude e qualidade. Quanto ao risco de liquidez, destaca os atrasos nos planos de reembolso, que costumam estar relacionados com atrasos nas transações normais, como envios ou vendas, ou com procedimentos de cobrança, como execuções hipotecárias ou o recurso a seguros de crédito.
Em relação ao risco de fraude ou qualidade, Sebastién Max assinala a possibilidade de “perda de garantias devido à má-fé de alguma das partes envolvidas”. Segundo a natureza da garantia, como o armazenamento ou o crédito, a Horizon Capital aplica distintos métodos de mitigação, inclusive inspeções independentes.
Perspetivas num contexto de descida de taxas de juro
Num contexto em que as taxas de juro começam a baixar, quais são os argumentos a favor deste tipo de investimento? O gestor faz um exercício de memória. “A evolução da regulamentação, em particular as normas do Acordo de Basileia, teve um grande impacto no setor do financiamento do comércio de matérias-primas. Nos últimos anos, os bancos que operavam neste âmbito não aumentaram as suas capacidades, apesar da subida dos preços. Também se retiraram de alguns mercados, e as PME viram-se claramente afetadas. Por fim, existe uma maior procura por parte das PME pelo acesso a alternativas aos bancos, como o mercado de obrigações, a dívida privada, etc.”, afirma.
Neste contexto, Sebastién Max vê espaço para os fundos de investimento alternativos, visto que a lacuna no financiamento do comércio continua a crescer. “Se se der uma recessão, é importante recordar que este é um mercado enorme. Há biliões de transações por ano em todo o mundo”, destaca. Portanto, conclui, “uma recessão que reduza os volumes não afetará a nossa estratégia, visto que não dependemos dos grandes volumes das principais comercializadoras de matérias-primas, mas sim de médias empresas com capacidades limitadas de financiamento”.