O gestor de carteiras de Ações falou da vantagem de investir em small caps europeias, do fundo Sextante PME e das características dos dois grupos de empresas presentes na carteira.
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O gestor de carteiras de Ações da Amiral Gestion, Sébastien Ribeiro, fala da vantagem de investir em small caps europeias, do fundo Sextante PME e das características dos dois grupos de empresas presentes na carteira.
Qual é a grande vantagem de investir em small caps europeias vs. empresas maiores?
O desconto das small caps vs. large caps está a níveis históricos. Sem dúvida, uma boa razão para explicar o porquê das empresas europeias small cap serem um ativo a considerar nas carteiras.
Em primeiro lugar, na Europa passámos de um prémio de valorização de cerca de 15-20% relativamente às large caps em 2017 para um desconto de valorização de mais de 30% atualmente. Durante esse período, as small caps tiveram um bom desempenho: o crescimento do EBITDA e dos lucros por ação foi significativamente maior. Assim, os fundamentais ainda estão vivos, e a única razão para estas baixas valorizações em geral é uma enorme e histórica desvalorização da classe de ativos.
Além disso, este desconto não é apenas em comparação com as large caps, mas também acontece em relação à sua valorização média histórica. Os níveis atuais estão em linha com os mínimos de 2008, durante a Grande Crise Financeira, mas acreditamos que o ambiente é completamente diferente porque temos hoje empresas mais bem capitalizadas e níveis de dívida mais baixos em termos gerais. As valorizações também são semelhantes aos mínimos de 2003 (pós-bolha da internet, Enron, etc.).
Outro fator importante é que em 2017 e 2018, as small caps estavam avaliadas a duas vezes o seu valor contabilístico, e agora, cinco anos depois, estão apenas avaliadas a 1,15 vezes. Para além destes fatores, entendemos que a falta de cobertura de análise deste tipo de ativos gera discrepâncias em tempos de incerteza e de abrandamento da economia. Não esqueçamos que o número médio de analistas que acompanham as empresas EURO STOXX 50 é de 28 por empresa, enquanto no caso do Sextante PME, o fundo de small caps europeias da Amiral Gestion, 80% das ideias são cobertas por cinco analistas ou menos.
Partilhando a visão da equipa de gestão, nestes 20 anos de existência da Amiral Gestion, acreditamos que não é uma decisão sensata esperar por um catalisador para investir na classe de ativos. São tantos os possíveis catalisadores, todos eles relacionados com o que vai melhorar na frente económica ou geopolítica, que é muito difícil de adivinhar corretamente o timing do mercado. Não sabemos qual será o catalisador que dará início ao movimento, mas acreditamos que quando começar, será rapidamente, porque, após cinco anos de saídas contínuas, o segmento está gravemente desinvestido.
Em 2017, quando fechamos o Sextant PME a novas subscrições (soft close), não havia um catalisador claro para o fazer, mas as valorizações eram elevadas e parecia ser o momento certo. A decisão inteligente foi não esperar por um catalisador, mas antecipar o movimento (o catalisador chegou em setembro de 2018, mas nessa altura já era demasiado tarde). O mercado entrou rapidamente em colapso porque o segmento estava a investir demasiado. Agora, está a acontecer o contrário.
Em que é que o Sextant PME difere de outras estratégias de small caps europeias?
Devido à consistência da nossa filosofia de investimento, apoiada por um sólido track record, o elevado rácio Sharpe demonstra a capacidade do fundo de gerar retornos mais elevados com menor volatilidade em comparação com a média dos fundos de small e mid caps europeias. Isto deve-se principalmente à profundidade da nossa equipa: temos 11 pessoas que se relacionam com empresas europeias durante todo o ano, realizando cerca de 200 reuniões por analista por ano. Isto dá-nos um perfeito conhecimento do seu modelo de negócio, a qualidade da gestão e da sua capacidade de executar a sua estratégia.
Nesta fase do ciclo económico (abrandamento, inflação e elevadas taxas de juro), acreditamos que a melhor forma de nos protegermos contra a incerteza é investir em empresas que têm uma posição de liderança num nicho de mercado e uma dívida líquida baixa ou mesmo positiva. Por um lado, a posição de liderança num nicho de mercado proporciona às nossas empresas um maior poder de fixação de preços, permitindo-lhes fazer repercutir os aumentos de custos resultantes da inflação no cliente final através da fixação de preços.
Por outro lado, o facto de terem pouca dívida ou mesmo uma posição de fluxos de caixa líquidos positivos permite-lhes evitar o aumento dos custos financeiros e utilizar a sua liquidez para o crescimento inorgânico através de aquisições. 60% das empresas na carteira têm uma posição de fluxos de caixa líquidos positivos, o que contrasta significativamente com o nosso benchmark (cerca de 20%).
Por último, gostaríamos de destacar o foco ESG do fundo, que está classificado como artigo 8º do SFDR e tem o rótulo SRI (Investimento Socialmente Responsável). O fundo tem uma pontuação mais elevada em termos de qualidade ESG do que o resto do seu universo de investimento.
Quais são as características dos dois grupos de empresas que representam os dois blocos de construção da carteira?
A carteira é composta por dois tipos de empresas: empresas GARP (Growth at a Reasonable Price), empresas com um bom potencial de crescimento de lucros, mas que são consideradas razoavelmente valorizadas em termos de preço relativamente aos seus fundamentais financeiros, representando 47% do total da carteira. Trata-se de empresas bem geridas em mercados prósperos, mas relativamente desconhecidas para os investidores, como a Prevas, a Sto, ou a Gerard Perrier Industrie. Também podemos encontrar empresas em transição, onde se espera que o crescimento dos lucros acelere, como a SES Imagotag, a Lectra e a Kontron, e, finalmente, as compounders, empresas com capacidade para gerar um crescimento constante e estável das receitas, como a Nordisk Bergteknik e a Fasadgruppen, entre outras.
O segundo tipo de empresas que compõem a carteira são as empresas value, que representam 53% da carteira. São empresas cujas ações são consideradas subvalorizadas no mercado e que apresentam uma atrativa oportunidade de investimento a longo prazo. Incluem empresas cíclicas como a Jacquet Metals e a Crit, empresas que consideramos injustamente subvalorizadas pelo mercado, como a Groupe Guillin ou a Econocom e, finalmente, empresas que podem ter sofrido escassez de componentes como a Akwel e a Knowit.
Ter uma carteira tão equilibrada permite ter uma performance resiliente no atual ambiente, mas também ter uma vantagem em caso de volatilidade do mercado.
Quais são algumas das empresas individuais que melhor refletem o vosso processo e filosofia do fundo? Porquê?
Já respondemos a essa pergunta em cima, mas podemos acrescentar uma empresa como a Greenvolt aos nossos exemplos. A empresa tem um bom balanço, está bem financiada, o que lhe permite crescer e aproveitar algumas oportunidades num setor com difíceis condições financeiras. Além disso, a empresa é bem gerida por uma equipa proveniente da EDPR com uma forte reputação. Fizemos um profundo due diligence da empresa em relação a outras empresas europeias e a nossa convicção no nome é forte.