A ASF publicou recentemente um relatório no qual expõe são os principais riscos de natureza estrutural e conjuntural a impactar os setores segurador e dos fundos de pensões.
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A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) publicou recentemente o Relatório de Estabilidade Financeira do Setor Segurador e dos Fundos de Pensões. Neste documento, a entidade elenca e explica os principais riscos de natureza estrutural e conjuntural que podem impactar os setores segurador e dos fundos de pensões, dos quais destacamos alguns.
Cotações dos ativos
O primeiro risco apontado pela ASF é a correção descendente das cotações dos ativos devido ao agravamento do contexto geopolítico. “Os preços dos instrumentos financeiros mantêm potencial de recoupling adicional”, explica a ASF.
No relatório, pode ainda ler-se que “esta possibilidade de ajustes adicionais nas cotações de mercado dos instrumentos financeiros impacta diretamente o setor segurador e o setor dos fundos de pensões através da desvalorização das suas carteiras de investimentos, amenizando, por outro lado, o risco de reinvestimento”.
Pressões inflacionistas
O conflito entre a Rússia e a Ucrânia, considera a ASF, contribuiu para o reforço das pressões inflacionistas, que já se faziam sentir. Além do efeito que se poderá repercutir nos ramos Não Vida, a redução do poder de compra e da capacidade de poupança das famílias "poderá impactar a procura por seguros do ramo Vida ou a contribuição para planos de pensões individuais, e até potenciar um incremento dos resgates de produtos de cariz financeiro”, comenta a ASF.
Sustentabilidade da dívida
Outro dos riscos apontados pela ASF é a sustentabilidade da dívida. "O aumento simultâneo dos referenciais de taxas de juro sem risco conexo com as pressões inflacionistas e a evolução ascendente dos prémios de risco pode conduzir ao reforço das preocupações relativas à sustentabilidade da dívida dos soberanos e dos agentes económicos, incluindo as famílias”, referem no relatório.
A ASF considera, portanto, que assistimos ao reacendimento do risco de fragmentação dos mercados financeiros da área do euro, o qual é suscetível de penalizar um leque material de exposições detidas pelo setor segurador, e em menor escala, pelo setor dos fundos de pensões.
Saída do ambiente de taxas de juro muito baixas
O supervisor considera que a descolagem do ambiente prolongado de taxas de juro muito baixas se afigura benéfica para os dois setores. Isto, dizem no relatório, pode permitir desmobilizar o contexto de double hit scenario que os afetava, em que o potencial de correções descendentes sobre os preços dos ativos coexistia com pressões adicionais sobre os passivos.
Redução do ritmo de crescimento económico
Face à envolvente macroeconómica, a ASF explica que “perspetiva-se uma redução do ritmo de crescimento económico, o que terá impactos na geração de novo negócio pelas empresas de seguros e que poderá reduzir a capacidade dos associados de financiar os correspondentes planos de pensões”.
Covid-19
Com a elevada taxa de vacinação contra a Covid-19 a maioria das medidas restritivas foi levantada. “Apesar da evolução positiva, mantém-se algum nível de alerta relativamente ao surgimento de novas variantes e/ou evoluções desfavoráveis da situação pandémica que motivem a eventual retoma de medidas restritivas mais severas”, advertem.
Alterações climáticas e as finanças sustentáveis
Por fim, segundo explica a entidade,“as alterações climáticas e as finanças sustentáveis acarretam riscos relevantes para os setores segurador e dos fundos de pensões, nomeadamente de investimento, subscrição (setor segurador), governação, reputacionais e legais, de momento particularmente visíveis nas necessidades de divulgação de informação”.