A diretora geral da gestora francesa para Portugal e Espanha revela os pontos chave da sua filosofia comercial. Uma estratégia que os levou a duplicar os ativos sob gestão em apenas três anos.
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Em momentos de volatilidade, um conselho: manter a calma e horizonte de investimento. Foi uma máxima muito útil a manter durante a correção provocada pelo COVID-19 e continua a ser vigente para períodos como o atual. "O ruído a curto prazo pode fazer tomar decisões emocionais, mas o verdadeiramente importante é ter uma carteira muito bem diversificada", reconhece Sol Hurtado Mendoza. A diretora geral da BNP Paribas AM para Portugal e Espanha, lançaria antes uma mensagem tranquilizadora aos investidores: "Perante a volatilidade, construa bem a sua carteira e mantenha-se fiel ao horizonte de investimento".
E estar próximo do cliente foi uma das prioridades da equipa da BNP Paribas AM. Especialmente nestes últimos dois anos. Um ponto que tem claro é que a maneira de vender fundos mudou. E existiram adaptações. Sem dúvida que estamos num mundo mais digital e, por isso, mais conectado. É algo paradoxal, mas o confinamento reforçou de certo modo a comunicação com o cliente. Mas claro, também igualou as condições do jogo. "A digitalização permite mais eficiência. E não faz falta ter equipas enormes", reconhece a especialista.
O papel de uma gestora evoluiu; já não se trata apenas de apresentar produtos. Sol Hurtado Mendoza conta como outro dos focos da entidade francesa foi estabelecer uma estratégia de comunicação e marketing mais além do meramente comercial. "O trabalho do assessor é fundamental durante picos de volatilidade. O facto de lhe podermos dar ferramentas, mensagens claras a enviar para os seus investidores, etc., converteu-se em parte do nosso trabalho", afirma.
O segredo para dulicar os ativos em três anos
E esta é uma estratégia que tem dado os seus frutos. Na Península Ibérica, o BNP Paribas AM conseguiu duplicar os seus ativos sob gestão em plena crise: de 3.800 milhões no final de 2019 para mais de 7.700 no final de 2021. Claro que também foi importante contar com o produto adequado no momento adequado. E no caso da gestora francesa, há três estratégias que funcionaram muito bem a nível comercial.
Sem dúvida que foi um vento a favor termos estado bem posicionados no investimento sustentável antes do boom. "Há muito que falamos sobre o assunto na Península Ibérica. E creio que durante muito tempo nos ouviam mais pelo cuidado pessoal para connosco do que por interesse efetivo", diz, brincando. Mas, em quatro anos, o tom mudou por completo. "Já não é só curiosidade intelectual pelo investimento sustentável, vemos um movimento real de capital para o ESG", afirma.
Isto é algo que na última entrevista com a FundsPeople já mencionava: "As gestoras que não contam com uma gama suficientemente ampla em matéria de sustentabilidade ficarão de fora". Foi uma previsão lançada em 2020 e que apenas ano e meio depois podemos dar por cumprida. Na opinião da especialista, para vender fundos nestes últimos dois anos tem sido imprescindível contar com uma gama já preparada para a procura ISR.
Por isso, a especialista reforça a sua postura. "No futuro ou se é sustentável ou não se existirá". Mas há que continuar a trabalhar. No caso do BNP Paribas AM, continuam a trabalhar na meta: biodiversidade. A profissional partilha um número para colocar as coisas em perspetiva: 40% do PIB mundial depende da biodiversidade. "É crucial trabalhar para proteger a biodiversidade. É algo que afeta todos os aspetos da economia global", insiste.
O auge dos temáticos: de nicho a core
Outro dos motores do crescimento da BNP Paribas AM na Península Ibérica foram os temáticos. A gestora conta já com uma ampla gama que toca áreas como o meio ambiente (com o mítico BNP Paribas Energy Transition), a disrupção tecnológica, a água, o impacto climático ou a alimentação sustentável.
O auge dos temáticos veio acompanhado de uma mudança na maneira de investir na Península Ibérica. Se há uns anos o requisito para entrar nas listas de acompanhamento dos selecionadores de fundos era ter um track record mínimo de três anos, agora a norma não escrita relaxou-se para abrir as portas a ideias com mais novidade. Mas o êxito dos temáticos não se explica apenas porque são ideias novas, mas sim porque são ideias convincentes. "Os temáticos são estratégias fáceis de compreender. E quando há maior convicção suporta-se melhor a volatilidade", explica.
Assim, os temáticos passaram de ser um nicho, a atuar como componentes importantes de uma carteira. Inclusive existem institucionais que estão a construir carteiras completas com fundos temáticos, segundo conta a especialista.
E, por último, um terceiro motor para o seu crescimento: estratégias de obrigações euro de duração curta. Este tipo de estratégias agradaram tanto aos investidores conservadores que sobem a escada do risco a partir dos depósitos ou monetários, como a investidores de obrigações a longo prazo que veem como não compensa assumir durações longas neste contexto de mercado.