"Somos uma gestora independente que quer oferecer diversificação e mitigação de risco"

Perante a actual crise e o cenário que se coloca para Portugal considera que as gestoras de fundos de pensões têm sido muito penalizadas?

Penalizadas em diversos ângulos. Assistimos a reduções dos incentivos fiscais dos particulares à poupança de longo prazo, em função dos quais se canalizava parte importante da poupança. A própria capacidade de poupança das famílias viu-se reduzida pelo constante apertar de cinto. Fenómeno preocupante foi o de ver famílias a recorrer da poupança que haviam considerado para a sua reforma para agora fazerem face a necessidades reais imediatas, com a devida devolução de benefícios ao Estado por não cumprimento das condições. Não devemos também esquecer os custos de imagem junto do seu público, resultado das adversidades enfrentadas pelas carteiras e respectivas valorizações. No âmbito fundos de pensões das empresas, as restrições orçamentais condicionam o alargamento dos benefícios apesar do claro benefício fiscal que pode resultar para empresa e trabalhador.

Como resistem?

Adoptam-se novas práticas por forma a ser coerente com as reais expectativas das famílias e empresas nossas parceiras. Nem tudo é negativo no que anteriormente foi descrito. Existem importantes ilações a retirar, mesmo nos piores casos, o “pé-de-meia” para socorrer maior aflição de alguma família estava lá, as famílias não o consumiram no seu dia a dia, mas recorreram a esta poupança quando mais necessitaram. Todos os apertões de cinto que cada um de nós tem sofrido e o constatar que o conceito de  Estado-providência não vai  permanecer como se concebia vem reforçar a sensibilidade para a necessidade de poupança famílias visando ao sua saída da vida activa. Cada vez mais as famílias pressentem que as suas reformas futuras estarão no mínimo, bastante diminuídas e condicionadas. Estes factores têm-nos permitido reforçar e incrementar as nossas parcerias com as famílias. As empresas que procuram motivar os seus colaboradores através de benefícios futuros, fiscalmente mais interessante para ambas as partes, são parte determinante do crescimento das carteiras e fonte de novas parcerias. Em suma, nem tudo tem de ser visto como negativo. É necessário aprender e adaptar.

Considera que, com as penalizações de reformas, as pessoas devem considerar mais os fundos de pensões e poupança reforma como alternativas?

O mercado encontra-se em mutação e acreditamos que a sensibilidade das famílias para a problemática da reforma veio para ficar. A realidade económica actual assim o exige sob pena de dificuldades futuras extremas. Não somos extremistas para assumir que só a reforma conta na vida das famílias. A reforma concorre para o conjunto da poupança e, em função do ciclo de vida de cada um, deve assumir maior ou menor preponderância do seu orçamento. Os veículos de poupança para a reforma assumem-se como poupança de médio e longo prazo com objectivo de nos dar a qualidade de vida merecida num dos ciclos da nossa vida em que mais poderemos precisar. Esta necessidade nasce, acompanha-nos sempre e devemos ser nós a descontar para o nosso bem-estar futuro, complementarmente a todos os descontos que somos obrigados a fazer. Assim, pouco a pouco e ao longo da vida custa menos e os resultados serão mais benéficos. Depois temos a poupança de curto prazo, para a compra do carro, do vestido ou do par de sapatos que sempre quisemos ter. Ambas poupanças se destinam a necessidades mas não se confundem. Dito isto, a nossa previsão é de crescimento do sector das reformas, a par do crescente corte do Estado-providência, para que exista, no mínimo, uma complementaridade.

A SGF existe há 24 anos, como tem corrido a actividade?

Fundada em 1988, a SGF tem passado por variados ciclos de mercado. A sua actuação tem-se pautado pela proximidade para com os seus parceiros, quer a montante quer a jusante. Os bons resultados obtidos devem ser partilhados com todos os 'stakeholders', muito para além da equipa.