Stanislas de Bailliencourt, diretor de Rendimento Fixo e Alocação de Ativos da Sycomore AM, parte da Generali Investments, contou recentemente à FundsPeople as suas perspetivas para 2025.
Recentemente, Stanislas de Bailliencourt contou à FundsPeople as suas perspetivas para 2025. Nessa previsão, o diretor de Rendimento Fixo e Alocação de Ativos da Sycomore AM, parte da Generali Investments, previa um BCE ativo durante todo o ano, possivelmente estendendo esta atividade até ao final do ano seguinte, com uma expectativa de até quatro cortes nestes 12 meses. “Para a Sycomore AM há dois pontos muito importantes a ter em conta no próximo ano”, conta. “Em primeiro lugar, consideramos que o BCE terá de ser dinâmico e ativo nos cortes das taxas de juro de forma a estimular a economia europeia. Acreditamos que até abril, a taxa diretora poderá chegar a 2,5%, com cortes adicionais até ao próximo verão que poderão trazer a taxa aos 2%”, elucidou o profissional. “Adiciono ainda que, a um prazo de 18 a 24 meses, um corte total de 100 pontos-base face à taxa de juro atual (que se situava nos 3% à data da entrevista) poderá ser um cenário real”, referiu também.
Stanislas de Bailliencourt destacou ainda, como segundo ponto para 2025, que, “com o BCE a conduzir ativamente as taxas no sentido descendente, a atratividade relativa de investir ou manter cash diminui. É uma oportunidade para a realocação de ativos para outras classes”. Posto isto, o profissional deu especial destaque às obrigações corporativas onde, segundo o mesmo, se “observam yields de 5%, especialmente no segmento entre as classificações BBB e BB”.
Segundo o profissional, o estreitamento de spreads que se observou foi positivo para as suas carteiras de crédito e, face às previsões para as taxas de juro, continua a aumentar a duração do fundo. Da mesma forma, Stanislas de Bailliencourt explica que também nas carteiras multiativos tem vindo a aumentar a sua participação no mercado das obrigações corporativas, fruto do pensamento descrito anteriormente. O especialista referiu ainda que as suas carteiras multiativos estão a aumentar a sua alocação ao mercado acionista europeu e norte-americano.
No tópico Donald Trump, o profissional da Sycomore AM explica que “a eleição de Donald Trump já teve um impacto significativo, nomeadamente face à sua postura favorável quanto à desregulação, que já impulsionou os mercados de ações dos Estados Unidos”. No entanto, Stanislas de Bailliencourt relembra que, apesar das grandes oscilações nos mercados, causadas pelo discurso do presidente norte-americano, as decisões subsequentes tendem a ser menos extremas, o que pode fazer o mercado recuar. “Os investidores, com Donald Trump no leme, devem ter cuidado com os títulos sensacionalistas”, avisa. “É preciso ser cuidadoso e criterioso, e ter uma estratégia ágil para enfrentar esta volatilidade. Será esta a chave para evitar os movimentos abruptos e, por vezes, severos, do mercado americano debaixo da alçada de Donald Trump”, diz.
Por outro lado, não deixa de referir que as políticas económicas desta direção vão ser bastante diferentes do que se viu durante os quatro anos da presidência de Joe Biden. O profissional acredita que Trump continuará a fazer pressão à Reserva Federal para baixar as taxas de juro, mas, que mesmo assim, o dólar continuará a ganhar força face ao euro, numa tendência que Stanislas de Bailliencourt considera como “persistente”.
Numa questão de política orçamental, o diretor de Rendimento Fixo e Alocação de Ativos da Sycomore AM relembra que, apesar das promessas de redução do défice, as políticas de Trump não condizem. “A política de baixos impostos e alto consumo, que suportam o crescimento da economia americana, não permite uma descida significativa do déficit a curto prazo”, refere.