Subida do prémio de risco de Portugal reflete-se na mais recente emissão

Portugal divida fundos
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Portugal voltou ao mercado esta quarta-feira para emitir 1.250 milhões de dívida, repartida em 551 milhões em obrigações do tesouro a 10 anos e 699 milhões, em obrigações do tesouro a 15 anos.

“O prémio de risco de Portugal tem vindo a subir nas últimas semanas, o que acaba por ser um reflexo nas taxas obtidas no leilão de hoje”, detalha Filipe Silva, diretor de Investimentos do Banco Carregosa. Mais especificamente, face ao último leilão comparável de janeiro, nos 10 anos assistimos a uma subida na yield de -0,012% para os 0,505% e nos 15 anos a uma subida dos 0,319% para os 0,841%. 

“Este movimento nas taxas de dívida soberana, não é exclusivo de Portugal, mas sim de toda a dívida soberana, tanto europeia como americana. A retoma gradual das diferentes economias, tem levado a subidas nas previsões do crescimento globalmente, bem como taxas de inflação mais elevadas. Muito se especula sobre a altura em que os Bancos Centrais irão começar a abrandar os programas de compra de ativos e nesse sentido o movimento que assistimos nas taxas acaba por ser natural. As subidas atuais estão a ser monitorizadas pelos Bancos Centrais, não são necessariamente negativas, mas se forem muito rápidas poderão trazer novos problemas, em especial nas economias mais endividadas”, comenta Filipe Silva.

A relevância dos movimentos no mercado de dívida são particularmente relevantes num mercado como o nosso, conservador e muito concentrado em instrumentos de rendimento fixo. Relembramos, por exemplo, que em dados da ASF recentemente divulgados ficava evidente a importância da dívida pública - e particularmente da dívida pública portuguesa - no contexto das carteiras de investimento dos setores investidores institucionais mais relevantes do panorama nacional, nomeadamente as empresas seguradoras e os fundos de pensões. 

O ambiente de baixas taxas de juro revela-se particularmente desafiador para a rendibilidade do setor segurador e do setor dos fundos de pensões, particularmente no que toca ao retorno auferido nos títulos de dívida de preponderância central nas carteiras dos operadores, com destaque para as exposições soberanas a Portugal, Espanha e Itália”, dizem da ASF.