À conversa com a FundsPeople, Anton Dombrovskiy, especialista de portefólios da T. Rowe Price, ressalta a abordagem inovadora do fundo, a flexibilidade em relação ao benchmark, e a alocação em investimentos sustentáveis.
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Lançado há mais de duas décadas, o T. Rowe Price Euro Corporate Bond Fund adota aquilo que a gestão do fundo chama de “abordagem all weather”. Ou seja, “uma estratégia desenhada para permitir um desempenho superior consistente em diferentes ciclos de mercado”, conforme descreve Anton Dombrovskiy, especialista de portefólios da T. Rowe Price, em entrevista à FundsPeople. O certo é que é através desse pilar, a consistência, que este fundo obtém o Rating FundsPeople 2024. É uma característica que na perspetiva do profissional distingue este fundo dos seus pares. Para atingir a tal consistência a que o fundo se propõe, há vários aspetos a ter em conta.
Por um lado, Anton Dombrovskiy explica que a seleção de nomes assenta numa abordagem “verdadeiramente bottom-up, onde a análise fundamental é essencial”. O profissional enfatiza também a importância da equipa de analistas, que colabora entre diferentes segmentos para uma análise abrangente. “A gestão do portefólio é apoiada por uma equipa de analistas experientes, maioritariamente localizados em Londres, mas também nos Estados Unidos e na Ásia, colaborando entre si. “Por exemplo, se um emitente norte-americano fizer uma emissão na Europa, este estará no radar da carteira, mesmo sendo acompanhado por um analista nos Estados Unidos. No entanto, é essencial que ele trabalhe em coordenação com as equipas de investment grade, high yield, mercados emergentes, entre outros segmentos especializados”, explica.
Distância do benchmark
Este é um produto que se mantém relativamente independente do benchmark, usando-o apenas como referência de performance. Esta flexibilidade permite que o fundo “explore oportunidades fora dos limites tradicionais”, incluindo a possibilidade de alocação em títulos sub-investment grade. “Temos um limite de até 20% em sub-investment grade, mas, na prática, raramente excedemos os 10% e, atualmente, estamos em torno dos 4 a 6%”, refere o profissional. Elencando uma última caraterística diferenciadora do fundo, Anton Dombrovskiy realça a alocação diversificada do T. Rowe Price Euro Corporate Bond Fund, que mantém cerca de 150 a 200 nomes no portefólio, “evitando uma exposição excessiva a títulos ilíquidos ou high yield”.
Outra maneira pela qual o fundo se desvia do benchmark é por meio de títulos sem classificação formal. “Alguns emitentes optam por não obter uma classificação de crédito oficial em algumas emissões”, explica o especialista, e acrescenta, “o que as torna menos conhecidas na comunidade de investidores. Com a nossa equipa altamente experiente e diversificada, realizamos rapidamente análises fundamentais, de valor justo e de valor relativo, avaliando se uma emissão não classificada representa uma oportunidade interessante”, conta. Anton Dombrovskiy acrescenta que, frequentemente, esses emitentes aparecem no mercado de forma esporádica, o que gera uma janela limitada de oportunidade, algo que o fundo aproveita como fonte de alfa na carteira. “Essas posições são sempre comparadas com o universo do benchmark, e oferecem com frequência bons resultados”, atesta.
Setor financeiro
“A seleção de nomes é feita com base em critérios individuais, garantindo diversificação geográfica e sem compromissos estruturais a setores específicos”, diz Anton Dombrovskiy. Assim, o fundo “é cauteloso com setores mais vulneráveis ao ciclo económico, devido à atual fragilidade da economia europeia frente à dos Estados Unidos. Por exemplo, vemos algumas oportunidades interessantes em atividades relacionadas com os transportes, como portagens ou aeroportos. Mas estas atividades também tendem a ter algum elemento cíclico e preferimos setores de consumo menos cíclico”, esclarece.
Atualmente, o setor financeiro destaca-se nas preferências de alocação. E assim tem sido nos últimos trimestres, possivelmente tendo em conta o desempenho deste setor fortemente motivado pelos níveis das taxas de juro. Mas será que as atuais e putativas descidas provocarão uma mudança significativa na alocação a este setor? O especialista de portefólios da T. Rowe Price não a prevê. Assim é, porque continua a ver “oportunidades de investimento atrativas nos bancos, comparativamente, por exemplo, ao setor industrial ou de serviços públicos”. Para o profissional, “a Fed e o BCE são apenas uma parte da equação. O mais relevante é a forma como os bancos ganham dinheiro: explorando a inclinação da curva de yields. As taxas de juro podem até cair na parte curta da curva, mas se a curva se tornar mais inclinada, como esperamos que aconteça, isso poderá ser positivo para os bancos”, declara.
Alocação em investimentos sustentáveis: perto de 40%
Classificado como fundo Artigo 8º da SFDR, o T. Rowe Price Euro Corporate Bond Fund compromete-se a manter pelo menos 10% do seu portefólio em investimentos sustentáveis. Atualmente, essa alocação alcança os 39%, “com uma predominância de investimentos voltados para questões sociais”. O fundo implementa ainda uma política de exclusão que abrange atividades relacionadas com combustíveis fósseis, adição ao jogo e entretenimento para adultos.
Para avaliar oportunidades de investimento nessa matéria, a equipa utiliza uma ferramenta interna chamada RIIM (Responsible Investment Indicator Model), que é capaz de analisar cerca de 15.000 emitentes segundo critérios ESG. Após essa triagem inicial, é realizada uma análise tanto do ponto de vista fundamental quanto subjetivo. “Coletivamente, os analistas de investimento responsável e os de crédito, com o gestor da carteira, tomam a decisão sobre se se trata ou não de obrigações sustentáveis, considerando o destino das receitas e o seu histórico em relação à sua sustentabilidade. Em seguida, atribuímos uma etiqueta correspondente”, conclui Anton Dombrovskiy.