Theresa May demite-se: as reações das gestoras internacionais

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Theresa May deita a toalha ao chão. A Primeira Ministra britânica apresentou a sua demissão perante a impossibilidade de o seu plano para o Brexit ver a luz do dia no Parlamento britânico. No próximo dia 7 de junho será quando, oficialmente, a mandatária abandona Downing Street. As reações por parte das gestoras internacionais não se fizeram esperar e as entidades começam  a fazer as avaliações e dar as suas opiniões sobre as consequências de queda da Primeira Ministra britânica.

Para Volker Schmidt, gestor sénior da Ethena Independent Investors, a demissão de Theresa May não resolve os problemas que o Reino Unido enfrenta atualmente. “Todavia há muita incerteza em torno do Brexit, em parte devido às lutas internas dentro dos grupos políticos e ao facto de que os principais partidos não parecem ter uma visão clara como deve levar-se a cabo o Brexit”. Na sua opinião, é demasiado cedo para decidir se a sua demissão terá um impacto nos mercados (e, se tiver, em que medida) ou se dará lugar à retirada do artigo 50.

“Isto pode tornar-se claro quando for eleito um sucessor, mas dado que atualmente não há maioria para nenhum contexto do Brexit – especialmente dentro dos partidos Conservador e Trabalhistas - é possível que continuemos a enfrentar mais do mesmo, independentemente de quem estiver a dirigir o partido. A futura relação entre o Reino Unido e a Europa dependerá em certa medida do sucesso da eleição. Contudo, com a demissão de May, o risco de um hard Brexit aumentou”, afirma.

Neste ponto coincide Mark Dowding, diretor de investimentos da Bluebay Asset Management, que aponta que a “atual composição do Parlamento britânico sugere que qualquer novo primeiro ministro poderá encontrar sérias dificuldades para aprovar o plano do Brexit, tendo em conta que somente dispõe da maioria conservadora, e não toda, já que uma parte dos tories continua comprometida com a manutenção do Reino Unido como membro da UE. Também não vemos intenção por parte de Bruxelas de renegociar o acordo de saída com a ala mais rígida do partido conservador, pelo que os movimentos no sentido de um hard Brexit deverão ver um impulso nas próximas semanas”.

A questão é que a queda de May não abre uma nova era de maior certeza em torno do Brexit. “A incerteza permanece e continuar a pesar sobre os ativos denominados em libras esterlinas. As probabilidades de se chegar a um acordo antes de 31 de outubro de 2019 não melhoraram. É difícil imaginar a revocação do artigo 50 e o consequente impacto sobre a libra. No entanto, há uma pequena notícia positiva no meio desta saga: apesar da incerteza que pesa sobre a economia do Reino Unido, os dados do desemprego continuam historicamente baixos, o crescimento dos salários continua positivo e a inflação está perto do objetivo do Banco de Inglaterra”, indica Antoine Lesne.

À falta de um melhor catalisador, o responsável pela Estratégias e Análise da State Street Global Advisors considera que se poderá - com cautela - dar seguimento às ações britânicas. “O investidor doméstico pode tirar partido posicionando-se em títulos com exposição internacional, perante uma libra esterlina mais débil, enquanto que do lado das obrigações, por falta de direção nas negociações do Brexit, continuamos focados na parte mais curta das gilts”, recomenda.