O responsável de Client Group para os Estados Unidos e Europa da Principal Asset Management fala sobre a importância da marca, de uma voz pública que inspire credibilidade, num setor cada vez mais competitivo.
Não é um problema só do mercado europeu. A indústria de gestão de ativos do outro lado do Atlântico também enfrenta o desafio das elevadas taxas de juro. “A única diferença é que na EMEA o produto preferido são os fundos a vencimento, enquanto nos Estados Unidos são os fundos monetários e de dívida de ultracurto prazo”, comenta Tim Hill, responsável de Client Group para os Estados Unidos e Europa da Principal Asset Management.
Em todas as conversas que o profissional tem com os clientes, surge o tema de como fazer com que os investidores ponham a sua liquidez a trabalhar. “Uma simples carteira 60/40 de ações e obrigações obteve rentabilidades de dois dígitos em 2023 e novamente em 2024. Mesmo assim, o investidor final continua satisfeito com os retornos que a sua liquidez lhe proporciona”, lamenta Tim Hill.
A importância de uma voz
Como responsável de Client Group, uma das mudanças que Tim Hill deteta no mercado norte-americano é a passagem de uma estrutura muito desintermediada para uma em que os individual financial advisors (IFA, na sua sua sigla em inglês) estão mais abertos a utilizar a visão de mercado e a alocação de ativos do responsável de Investimentos da sua entidade, concentrando-se mais no serviço ao cliente. “É um movimento que faz sentido. A parte que os consultores podem controlar é a qualidade da sua interação com os clientes e não o que o mercado pode fazer”, afirma o profissional.
O papel de uma gestora como a Principal AM é oferecer ao consultor uma visão, uma narrativa. Daí a importância de perfis como o de Seema Shah, estratega-chefe global da gestora. “Num mercado tão competitivo como o nosso, há um verdadeiro valor acrescentado em oferecer uma voz pública que inspire credibilidade”, explica Tim Hill. É uma que vê no setor. “Antes, tudo se resumia à equipa de Vendas e à sua capacidade de formar boas relações comerciais. Agora, é algo que continua a ser necessário, mas também há consciência da importância de estabelecer uma marca”, acrescenta.
Tim Hill vê isto como uma mudança positiva para o setor. “No passado, o sucesso dependia em grande medida da capacidade da equipa de Vendas para estabelecer relações comerciais sólidas. Embora essa capacidade continue a ser essencial, cada vez mais se reconhece o papel fundamental que a criação de marca desempenha na equação”, acrescenta.
A força da marca, mesmo para uma casa com 145 anos de história como a sua, é uma das grandes prioridades estratégicas e a chave para competir no atual mercado. “No final do dia, todas as gestoras de ativos procuram acesso ao cliente e como continuar a fazer parte da conversa”, reconhece Tim Hill.
Preparar o futuro
Há pouco mais de dois anos, o Principal Financial Group renomeou o seu ramo de investimento como Principal Asset Management, com o objetivo de mostrar aos clientes a sua experiência na área de gestão de ativos de forma mais eficaz. Esta transformação estratégica envolveu unificar e reforçar as suas equipas de investimento, processos, estratégias de distribuição e ofertas de produtos para oferecer melhores soluções de investimento especializadas. Por exemplo, constroem novas opções de investimento como carteiras modelo, ETF e direct lending. Também efetuaram contratações estratégicas em iniciativas como global wealth alternatives e LDI (liability driven investments).
Outra fonte de crescimento que a gestora prevê virá dos mercados privados, onde já são ativos em segmentos como a dívida privada de infraestruturas e crédito privado. É uma classe de ativos em que a entidade tirará partido da experiência da sua empresa matriz como seguradora. “Enquanto seguradora, investimos em ativos privados há quase 60 anos”, recorda Tim Hill. A influência da Principal, a empresa matriz do grupo de gestão de ativos, também é evidente na sua abordagem à gestão do risco. “Permite-nos participar em discussões mais aprofundadas com os clientes sobre a melhor forma de estruturar um veículo de investimento ou uma carteira”, acrescenta.