Três razões pelas quais o setor da saúde deve ter lugar nas carteiras

Créditos: Ashkan Forouzani (Unsplash)

O envelhecimento da população mundial está a tornar-se um problema à escala global. E não é para menos, uma vez que o aumento da esperança média de vida mundial terá efeitos a longo prazo. Não se pode ignorar, por exemplo, que mais de 30% da população de países como a China, em 2050, terão mais de 60 anos. Porquê investir no setor da saúde? Um fator a ter conta é que quanto mais envelhecemos, mais gastamos em saúde. 

Se os países gastam atualmente entre 7 a 11% em saúde, esta percentagem pode não ser suficiente dentro de alguns anos, dada a tendência que surgiu nos últimos 40 anos. Segundo explica Cyrill Zimmermann, gestor do fundo Bellevue Funds (Lux) Bellevue Healthcare Strategy, há 40 anos a despesa das pessoas nos serviços de saúde era de 10%, enquanto atualmente é de 40%. E continua a crescer. Este setor aumentou em 5% as suas vendas em 2021 e apresentou uma receita global de 7,7 biliões de dólares.  

Não só a evolução demográfica deve ser tida em conta. O nosso estilo de vida também tem impacto no setor da saúde. Por exemplo, a obesidade à escala mundial está a aumentar e estima-se que existam 500 milhões de diabéticos no mundo. Isto representa uma despesa global de 1 bilião de dólares, representando um crescimento de 300% em 15 anos. 

Este contexto leva-nos ao terceiro catalisador: a inovação. Todos os avanços na tecnologia médica aumentam também uma melhoria na esperança de vida, com o consequente impacto na evolução demográfica. Estes são os catalisadores que fazem deste setor um dos mais promissores no futuro, mas, qual é a força de cada um dos subsetores que reúne?

Porquê investir no setor saúde?

A tecnologia médica encontra-se num processo de normalização quanto ao volume dos procedimentos que exige. É um setor que melhora a capacidade de fixação de preços e os seus fundamentais também dão bons sinais. As empresas de tecnologia médica de grande capitalização estão a ser valorizadas com um prémio de risco de 19% face ao S&P 500.

Quanto aos serviços de saúde, Cyrill Zimmermann explica porque não está preocupado com a subida das taxas de juro e com a inflação. É um setor onde as seguradoras de saúde podem repercutir a inflação dos preços base. Além disso, os seus fundamentais são atrativos. Segundo explica, as seguradoras de saúde norte-americanas negoceiam com um desconto de 9% face ao S&P 500. A inflação talvez possa ser sentida nas despesas hospitalares, embora tenha especificado que isto se poderia notar mais na Europa do que nos EUA.

Quanto ao setor da biotecnologia, que na atualidade representa 210 mil milhões de dólares e a crescer a dois dígitos, terá como o seu maior desafio os avanços regulamentares. No entanto, espera-se que vários temas principais a este respeito sejam os ventos favoráveis que impulsionem o espaço crescente para este setor em 2023.

A regulação é um risco?

O gestor argumenta que é um assunto bastante estável, uma vez que o ciclo de vida do produto leva entre nove a 10 anos.

Por último, mas não menos importante, o setor farmacêutico conta com muita liquidez, algo que, nas palavras de Cyrill Zimmermann, se pode traduzir num aumento das fusões e aquisições em 2023. Historicamente, os produtos farmacêuticos obtêm melhores resultados em períodos de elevadas taxas de juro.

Em suma, porquê investir no setor da saúde? O setor da saúde conta com catalisadores que o impulsionam a longo prazo. No curto prazo, os seus fundamentais validam-no e, perante uma possível recessão, atua de forma menos cíclica, com uma recuperação mais rápida (ver gráfico).

Fonte: Bloomberg, S&P, dados a 7/01/2023

Em períodos de aumento do custo de vida, os consumidores irão renunciar ao lazer, mas os produtos e serviços do setor da saúde serão uma prioridade, conclui o gestor.