Um aviso sobre o “Bear Market” nas obrigações

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Cedida

O bull market que se iniciou quando as yields das obrigações do tesouro norte-americano a 10 anos a atingiram um máximo em 1981, pode não se voltar a repetir. Num documento intitulado de “A warning to bond bears”, a UBS Asset Management mostra-se crente na ideia de que as yields podem não voltar a subir tão rapidamente.

Curt Custard, Head of Global Investement Solutions da gestora, refere no documento que muitos são os especialistas que já se preparam para a subida das yields, porque passaram em revista muitos dos acontecimentos prejudiciais, tais como a queda do desemprego ou o tapering do quantitative easing. “Como acontece muitas vezes o consenso está errado”, escreve Curt Custard. “Enquanto as yields do tesouro norte-americano começaram 2013 próximas dos 3%, atualmente rondam os 2,5%”, alerta.

Envelhecimento da população

Nas perspetivas da UBS Global AM, são apontadas três razões que suportam a “teoria” de que as yields das obrigações se manterão baixas por mais tempo. Em primeiro lugar, há que olhar para a situação do Japão. “Pesquisas recentes demonstram que à medida que a sociedade envelhece, as taxas de juro reais caem”, dizem, reforçando que “uma população envelhecida coloca mais economias no mercado, enquanto em simultâneo a parte produtiva do mercado se reduz, empurrando as yields reais”.

Mudanças regulatórias

O segundo factor pode ser exemplificado e compreendido com as mudanças de legislação. “Os planos de pensões ingleses compraram durante muito tempo obrigações de longa maturidade, fazendo com que as yields caíssem, contribuindo assim para uma inversão na curva das yields”, lembra Curt Custard. “Essa compra aconteceu para preencher um requisito regulatório e, como tal, estavam menos sensíveis ao preço, do que de outra forma”.

Volatilidade da inflação

Por último lugar, o terceiro factor apontado indica que os próprios “investidores podem estar dispostos a aceitar uma yield mais baixa porque estão mais certos de que vão receber essa mesma yield”, analisa. O declive da curva das yields está inversamente relacionado com volatilidade da inflação, ou seja, quanto mais baixa a volatilidade da inflação, maior é a certeza de se receber a yield real e, por isso, menor o prémio de risco exigido”.