“Um duplo enfoque baseado no dividendo e na mínima variância é uma aliança eficiente para uma carteira de ações”

Scander BentchikouLazard
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O Lazard Dividends Min Var é uma das estratégias da Lazard Fund Managers que nos últimos anos registou melhores resultados por rentabilidade/risco, o que lhe valeu a classificação de Consistente Funds People. Scander Bentchikou, gestor analista do fundo, constrói a carteira sobre dois objetivos. O primeiro: reduzir a sua volatilidade ex ante em mais de cerca de 25% em relação ao seu índice de referência. O segundo: selecionar empresas em crescimento. “Para consegui-lo favorecemos as empresas com dividendos com potencial de subida, estruturas financeiras sólidas, oportunidades para o reinvestimento dos fluxos de liquidez e capazes de oferecer um maior rendimento de dividendos do que o mercado da zona euro”, explica Bentchikou em entrevista à Funds People.

O fundo tem uma exposição de, pelo menos, 90% a ações, dos quais cerca de 75% se encontram no mercado de ações da zona euro. “A carteira pretende ser cerca de 30% menos volátil do que o índice. A sua construção é, sobretudo, um reflexo da seleção específica de empresas. Para cada ação, calculamos a relação entre o potencial de subida (incluindo o dividendo) e a volatilidade. Com esta relação tentamos otimizar o risco/rentabilidade da carteira”, revela o gestor. A estratégia de investimento é discricional e opera sob o princípio de diversificar a exposição através da gestão ativa da carteira, com uma combinação de enfoque fundamental centrado em ações que pagam dividendos, isto somado a um processo de variância mínima.

“Creio que este duplo enfoque baseado no rendimento dos dividendos e da mínima variância é uma aliança eficiente para uma carteira de ações. O rendimento dos dividendos é uma componente essencial do rendimento das ações, mas não evita períodos de fortes correções de mercado. A componente de mínima variância permite otimizar a regularidade deste desempenho permanecendo totalmente investido nos mercados de ações, reduzir a volatilidade da carteira em cerca de 20%-30% em comparação com o Eurostoxx 50 e limitar as perdas no caso de grandes correções de mercado. Os nossos clientes ficam muitas vezes surpreendidos que consigamos alcançar esse dito resultado sem usar derivados”, indica.

A gestão do Lazard Dividendes Min Var assenta em todos os membros da equipa de ações da zona euro, composta por nove profissionais, seis gestores-analistas de grandes empresas e três empresas de pequena capitalização. A gestão do fundo carateriza-se e diferencia-se pelo facto de cada analista ser também um gestor. Cada analista, especializado por sector e área geográfica, é responsável por analisar os títulos cobertos. A decisão de investir ou desinvestir nunca se realiza mediante um processo quantitativo. Pertence aos analistas. “Como diretor de gestão da carteira analiso ideias de investimento. Asseguro a consistência geral da carteira e o nível de risco. Em particular, verifico que os valores não aumentam o risco do fundo e que a carteira está bem diversificada”, afirma Bentchikou.

A análise financeira é essencial no processo, já que é essencial para analisar a sustentabilidade do dividendo e otimizar a relação risco/rentabilidade de cada ação. Acredito que com o tempo os títulos de mercado reflitirão a evolução económica da empresa. No entanto, é a valorização financeira o que transforma o desempenho económico em rendimento acionista. A análise financeira é, portanto, o coração do nosso processo. Somos cautelosos com a dívida e preferimos investir em empresas com baixo endividamento e, geralmente, desconfiamos das recompras, já que as empresas têm uma infeliz tendência para recomprar as suas próprias ações quando as valorizações são altas”.

A alocação sectorial, assim como a alocação geográfica, nunca são um objetivo. No entanto, têm em conta a alocação sectorial uma vez definido o universo de títulos. Atualmente, destaca uma sobreponderação a serviços financeiros e seguros, ao mesmo tempo que assumem uma subponderação nos sectores bancário, automóvel e químico, dado o baixo dividendo oferecido e a sua elevada volatilidade. Nestes momentos também não investem no sector do petróleo e gás. Em geral, a carteira está formada por cerca de 60 ações. Este número pode variar de 45 a 75, segundo as valorizações e as condições de mercado.

Política de controlo de risco

Para cumprir com o seu objetivo de minimizar os riscos, Bentchikou realiza uma análise quantitativa da contribuição marginal de cada ação para a volatilidade da carteira, utilizando as ferramentas de otimização quantitativa e a análise proporcionados pela equipa de gestão de riscos. Também introduz um filtro qualitativo de seleção de valores baseado no rendimento de dividendos e na sustentabilidade das receitas. O controlo de riscos realiza um controlo de segundo nível nas carteiras e zela pelo cumprimento dos limites de gestão internos, análise de risco ex ante e posterior da carteira. “Supervisiono diariamente o risco de mercado. A análise financeira tem um papel decisivo no controlo do risco específico associado à empresa”.

“Asseguro-me de que a carteira está bem diversificada por sectores e geografia, que continua a ser o resultado da nossa seleção de títulos. Antes de tomar a decisão de comprar ou vender um título, posso realizar uma estimativa prévia para analisar o impacto do movimento no portefólio. A equipa de gestão de riscos realiza sistematicamente uma análise ex ante da carteira utilizando ferramentas estatísticas sofisticadas. Esta análise prévia permite verificar que, tendo em conta a correção dos títulos e a otimização da sua ponderação através das ferramentas estatísticas, é possível alcançar a volatilidade objetivo. O risco de liquidez também se supervisiona de perto. O controlo de riscos realiza controlos mensais da liquidez dos títulos, em particular, o tempo de liquidação da carteira”, conclui.